Ilegal: Um curta para pensar melhor a respeito da maconha medicinal

Você compraria medicamentos ilegais para salvar a vida de alguém que você ama?

Essa é a história da família Fischer, documentada no curta-metragem “Ilegal”, de Tarso Araujo e Raphael Erichsen. O membro mais novo da família Fischer é Anny, uma menina de cinco anos. Só que Anny nasceu com CDKL5, um problema genético raro que causa epilepsia grave e sem cura. A família tentou os métodos ortodoxos para cessar as convulsões, mas o resultado só chegou de forma clandestina.

O remédio mais eficaz para o tratamento de Anny é o CBD, ou cannabidiol, um dos mais de 60 componentes ativos da Cannabis Sativa. Quer dizer que a má-conha, aquela que “sustenta o tráfico”, que é “porta de entrada para outras drogas”, que é “incrivelmente maléfica para a sociedade”, possui um componente que está salvando a vida de uma criança? Sim, e não é obsceno pensar nisso, basta deixar a teimosia de canto.

O CBD, como o curta-metragem explica, não “dá barato” e possui apenas um efeito colateral: sono. Katiele Fischer, mãe da menina, desabafa angustiosamente no vídeo:

Mas o desespero de você ver a sua filha convulsionando todos os dias a todos os instantes é tão grande que nós resolvemos encarar e trazer da forma que fosse necessário, mesmo que fosse traficando. E foi o que a gente fez.

Anny tinha cerca de 60 convulsões por dia. Após 9 semanas de tratamento com o CBD as convulsões chegaram a praticamente zero! O filme é parte do projeto REPENSE, que pretende trazer informação e debate em torno do uso da Cannabis medicinal.

Veja o trailer do curta:

É preciso rever os pré-conceitos sobre as drogas. Importante ressaltar que por definição, todo medicamente é uma droga. E se essa droga é a responsável por prolongar a vida de uma pessoa, por qual motivo há ilegalidade? O psiquiatra Antônio Siqueira, indaga no final do trailer:

Por que é que isso não é mais simples? Ou eles são incompetentes, desinteressados ou existem forças político-financeiras que têm grande peso sobre isso.

Repense!

Update: Na última quinta-feira (03/04), a Justiça Federal concedeu uma liminar para que a Anvisa libere a importação do medicamento. Ao Estadão, o advogado autor do pedido Luiz Fernando Pereira falou:

É o primeiro caso do Brasil (com a substância) e abre um precedente muito importante. Tenho convicção de que pode servir de referência para outros tratamentos.

Às vezes, como neste caso, a palavra justiça faz jus ao seu significado. Uma notícia esperançosa para o país.