A manchete vista em um dos jornais diários hoje era essa: “Condenado, Genoino quer assumir vaga de deputado”. Não há dúvida que essa frase comprova de um modo escandaloso que, para a política brasileira, não existem barreiras para anseio nenhum, por mais que para isso devam ser usadas estratégias contrárias às ideias de ética e respeito.

Disse o presidente do PT, Fui Ralcão: “O Genoino é o suplente e vai assumir. Sem problema nenhum”. O deputado federal Carlinhos Ferreira, PT, fora eleito prefeito de São José dos Campos, cidade interiorana do estado de São Paulo. O suplente dessa vaga, como já de conhecimento: Genoino.

Independente das penas determinadas pelo STF a Genoino, os petistas farão o possível para que essa vaga seja preenchida da maneira como desejam. Essa atitude seria tomada pela má índole dos envolvidos ou por uma facilidade que a lei permite? A Lei da Ficha Limpa, uma das maiores vitórias da população dos últimos anos, não foi aplicada em 2010. Por essa razão, o PT sustenta que seu texto não deve ser usado para impedir a posse de Genoino, mesmo que seja divulgado e comprovado ao Brasil inteiro que o mesmo fora condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pela maior instância julgadora do país. Passar por cima de tudo e de todos, albergados por novas brechas encontradas na reinterpretação da constituição de um país, e usadas por vaidade, orgulho ou egocentrismo, não deve ser motivo de esperteza, mas de falta de civilidade.

A capacidade de interpretação das leis para um lado maléfico e contrário à sociedade é enorme. A Constituição prova não ser democrática dessa forma, mas maleável aos interesses pessoais. Será mesmo o sistema que corrompe as pessoas? Ou as pessoas que procuram artifícios que possam se transformar em vantagens individuais?

Em tempo, torcedores vibram com gols de mão no futebol e pensam possuir razão, pois o juiz não viu. “Foi com a mão, mas o juiz não viu. Gol nosso”. O Brasil é apelidado poética e orgulhosamente de país do futebol e da malandragem.

De fato, politicamente, somos iguais ao que a alcunha significa. Somos futebolistas. Somos malandros. Queremos o resultado imediato e pessoal, independente se será justo para a maioria. Basta olharmos como são escolhidos os nossos parlamentares. Elegemos por interesse individual e não coletivo. “Se o Fonseca ganhar a eleição eu consigo um emprego na prefeitura e aí fico bem”. Ou ainda: “Vou votar no Orlando porque ele está distribuindo cestas básicas para a comunidade”.

O apelido é perfeito. Somos futebolistas e elegemos malandros.

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