Até pouco tempo atrás, provavelmente influenciado por filmes e muita ficção científica, imaginava o futuro cheio de carros voadores transitando pelos ares, enquanto as ruas seguiam para uso exclusivo de pedestres. O Quinto Elemento, Os Jetsons e outras peças me ajudaram a formar esse pensamento.
Esse futuro ainda está bem distante, e quando vi essa maravilhosa ilustração do artista sueco Karl Jilg, comecei a enxergar a situação de forma inversa. A arte foi feita para uma campanha da Swedish Road Administration, agência governamental responsável pelas estradas suecas.
A ilustração é uma inteligente metáfora. Um enorme espaço destinado aos carros e apertadas calçadas para os transeuntes. Se pisar um pouco para o lado, as pessoas caem do penhasco e podem sofrer as mesmas consequências de pisar em uma avenida movimentada.
As estradas parecem estar engolindo espaços destinados a pedestres. Por aqui, praticamente todas as cidades brasileiras passam anualmente por reformas e modificações em suas ruas e estradas. O trânsito, cada vez mais caótico, tenta ser reduzido por essas obras, mas isso quase nunca acontece. Nas capitais, há avenidas em que o perigo de andar a pé é nítido. Em Passo Fundo, que nem é capital, aconteceu isso:
Inevitavelmente, fica a pergunta: E o pedestre? A administração pública de seu município trabalha para os carros ou para as pessoas?
Comece a prestar atenção em sua cidade. Naquela obra que não respeita os limites e deixa os tapumes quase que junto às ruas. Naquela faixa de segurança em uma larga avenida, sem semáforo. Nas calçadas irregulares ou na falta de calçadas. Na demolição de canteiros centrais para ~aumentar o fluxo~.
2014, quase 2015. Exceções existem, mas no geral não é exatamente um bom momento para se andar a pé. Seguimos vivendo perigosamente.