Com cinco anos de idade ouvi uma frase da minha vó:

Que calorão! Tá dando pra fritar ovo no meio da rua!

Por vários minutos fiquei imaginando um ovo fritando no paralelepípedo em frente à nossa casa. Achei legal. Se um dia ficássemos sem gás eu teria a resposta na ponta da língua. “Vamos fazer o almoço ali na rua”, eu diria, orgulhoso de minha perspicácia infantil. Só que isso nunca aconteceu e, apesar de eu nunca ter visto pessoalmente um ovo sendo debulhado pelo calor do asfalto, sempre achei muito fácil imaginar qualquer coisa derretendo naquela borracha infernal entre dezembro e março.

Eis que, 11 anos depois, a organização WWF não só provou o que minha avó havia falado, como foi além. É possível sim fritar um ovo no asfalto, mas não só um ovo. É possível cozinhar uma refeição completa.

O palco da demonstração do Global Warming Menu foi as ruas da capital paraguaia Assunção, em um dia nada agradável com os termômetros marcando 46ºC. O fogão não foi comprado em lojas de departamento, doado por alguma empresa ou algo do tipo, foi desenhado com giz no próprio asfalto. E isqueiro, fósforo ou acendedor? Esqueça, esse método é extremamente econômico, basta comprar o ingredientes, óleo e uma frigideira.

O resultado do cardápio não ficou tão mal. Mas o que é mais surpreendente: Cozinhar no asfalto ou saber que o planeta está tão quente que essa possibilidade existe? Poder no futuro poupar gás ou achar que o aquecimento global é um mito?

Segundo a WWF, a capital do Paraguai foi nomeada como uma das cidades mais quentes do mundo e, nos últimos 50 anos, 80% da floresta nativa do país foi destruída.

E, enquanto isso, no Brasil, as administrações municipais continuam derrubando árvores para a ampliação de mais vias urbanas. Segundo os políticos, isso é progresso. Deixo então, abaixo, um comparativo desse progresso:

Aquecimento Global 1950-2013 NASA (1) Aquecimento Global 1950-2013 NASA (2)