A Marvel Studios data de 1993, conhecida na época pelo nome de Marvel Films. Correspondendo ao seu extenso material oriundo dos quadrinhos, o estúdio até então dedicava-se somente aos filmes animados, mas tudo mudou no ano de 2006, quando a Casa das Ideias resolveu adentrar no universo cinematográfico com longas live-action. Na crista da onda movida por produções de outros estúdios, a Marvel viu a chance de ouro de aproveitar os seus personagens para uma geração mais nova, contando ainda que o grande avanço tecnológico nos cinemas, permitindo assim não apenas uma grande gama de efeitos plausíveis, mas também unindo todo o seu poder criativo junto de profissionais competentes e sedentos por agradar um público carente.

Homem de Ferro - Robert Downey Jr 2Para iniciar o seu grande domínio nas salas de cinemas de todo o mundo, o estúdio deu o pontapé inicial com duas grandes produções logo de cara: O Incrível Hulk (2008) e Homem de Ferro (2008). Tirando do ostracismo o até então Robert Downey Jr., a Marvel colocou o ator para viver o bilionário egocêntrico Tony Stark, e no papel do cientista Bruce Banner, o inconfundível Edward Norton. Com dois nomes de peso para estrelarem as suas primeiras produções, o restante parecia fácil. Mas houveram problemas. No caso do gigante esmeralda, a Universal possuía os direitos do personagem, pretendendo lançar uma continuação do filme de 2003 estrelado por Eric Bana e dirigido por Ang Lee, mas como o projeto nunca saiu do papel a Marvel reclamou os direitos. Procurando evitar uma batalha judicial logo nos seus primórdios, ambos os estúdios entraram em um acordo: a Universal teria os direitos de distribuição garantidos de O Incrível Hulk. Ainda assim, após o lançamento da produção vieram à tona os problemas criativos entre Norton, o diretor Louis Leterrier e a Marvel. Os problemas acabaram por culminar na saída de Norton, que fora substituído no vindouro Os Vingadores (2012) por seu amigo pessoal Mark Ruffalo.

Hulk - Bana, Norton, Ruffalo

Enquanto isso, Downey Jr colhia os frutos do seu Homem de Ferro dirigido por Jon Favreau. Sucesso instantâneo, o filme colocou a Casa das Ideias no epicentro do cinema mundial. No ano de 2010, Homem de Ferro 2 estreou e garantiu mais lucros para o estúdio, que já imaginava expandir o seu universo de modo que todas as histórias fossem ligadas – o trabalho já havia começado nas cenas pós-créditos do primeiro Homem de Ferro e em O Incrível Hulk. Esta característica acabou tornando-se o ponto crucial do estúdio nos cinemas. Na sequência, chegaram aos cinemas Thor (2011) e Capitão América – O Primeiro Vingador (2011), o segundo novamente alvo de problemas. O filme teve suas filmagens estendidas por não estar agradando os produtores. O importante é que mais nomes de peso do cinema eram inseridos nas produções e mais ainda o público confiava na qualidade dos envolvidos. Tudo isso sendo gerenciado pelo grande chefão da casa: Kevin Feige.

Thor - O Mundo Sombrio

Outras continuações vieram, mas foi Os Vingadores (2012), filme que uniria os principais heróis do casting de personagens da Marvel que o estúdio de fato, alcançou recordes de bilheterias. O interessante em discorrer sobre a caminhada do estúdio nos cinemas implica uma grande abrangência de fatores, mas o mais crível nisso tudo acabou por ser o poder comercial dos produtos apresentados. O cinema carecia de heróis problemáticos, com personalidades realistas, e levando-se em conta o momento político em diversos países do mundo, tudo que a Marvel fez fora ser ela mesma, assim como aconteceu na época de sua criação dos quadrinhos. A grande diferença da Marvel Studios para outras grandes casas de Hollywood é justamente o zelo por adentrar nas suas produções de formas acessíveis, prezando um público que desconhece suas estórias ao mesmo tempo, que agrada quem viveu da infância à juventude cercado por gibis estando sentado no chão do quarto.

Vingadores - Avengers - Todos - Filme

Especialistas dizem que como todo grande momento, a era da Marvel é apenas uma tendência. Talvez seja. Mas tal tendência ainda tende a perdurar durante muitos anos, visto que outros estúdios como Warner Bros., Sony Pictures e outros correm por fora para tentar aproveitar um pouco da lucratividade da Marvel. Todavia, o caminho não é fácil. A Marvel não está só. Em 2009 a Disney realizou uma fusão com o estúdio por cerca de US$ 4 bilhões. Além de todo o aparato comercial disponível, Kevin Feige e os outros ainda contam com algo ímpar em relação à concorrência: o poder de esmagar seus adversários através de belos visuais, roteiros agradáveis e uma sede insaciável e atemporal: há sempre espaço para o entretenimento.