O Cachorrinho Samba

Uma não resenha, ou, marcas indeléveis que este livro infantil deixou na minha alma.

O ano era 1984.
Na abertura das Olimpíadas de Los Angeles, um homem voava com algum mecanismo misterioso preso nas costas. Michael Jackson fazia seu Moonwalker, embora na época eu não fizesse a menor ideia de que aquele passo de dança tinha esse nome.
Eu estava na segunda série do primeiro grau.
(primeiro grau… Era assim mesmo que se chamava naquele tempo?)
A professora disse que teríamos que ler um livro para fazer prova.
Putz!
Ler um livro e fazer prova?
Quanto tempo teríamos para ler? Acredito que uns dois meses.
Ok, me deem um desconto, lá se vão uns 30 anos…
O nome do livro?
O Cachorrinho Samba, da escritora Maria José Dupré.

O-Cachorrinho-Samba-Maria-José-DupréEmprestado ou comprado, cada coleguinha arrumou sua cópia do livro do cachorrinho que trazia alegria para a casa em que morava, mas que um dia acabou se perdendo. E lá fomos nós, ler aquela história com atenção, pois iríamos fazer prova!
No (não tão) esperado dia do teste, a professora entra na sala e pede para que arrumemos as carteiras. Sim, naquela época elas já eram organizadas em filas, mas crianças de 7/8 anos não levam mais do que 23 segundos pra bagunçar todo e qualquer ambiente.
Com os ânimos da pouca idade apaziguados pela prova, arrumamos as carteiras e ficamos na espera das próximas instruções da professora.
Ela então pede para que peguemos os livros.
Ahn?
Mas, mas, não era prova?
Pois é, mas ela disse que poderíamos “pesquisar” no livro para responder as questões.
Ufa!
Alívio geral na sala.
Todos pegaram seus livrinhos com a capa vermelha e a simpática figura do cachorrinho e o teste finalmente teve início.
Embora já tivesse o hábito de ler Histórias em Quadrinhos, é impossível negar o impacto que “O Cachorrinho Samba” teve em mim. Ali, abriu-se um novo horizonte para o menino de 8 anos. Havia algo, além das HQs, capaz de matar o tempo de forma prazerosa, trazendo também aventura e diversão embaladas pela fértil imaginação infantil.
Naquele momento, o objeto livro cravou sua indelével marca em mim.
Que nota tirei?
Ah, deem um desconto, lá se vão…