Por Bibiana Gelpi Alves
Alguns dias atrás, aqui em Barcelona, ouvi dizer que estava chegando o feriado de 11 de setembro, que se tratava de um dia cívico, não para a Espanha, mas sim para a Catalunha. Esta data, tão marcante para os americanos, também é importante aqui na Catalunha, porém, em função de um evento muito mais antigo e sangrento. Em 11 de setembro de 1714, o povo catalão perdeu sua independência após uma batalha disputada, sendo por fim incorporado ao Reino Espanhol. Embora, pouco mais de dois séculos depois, tenha sido reconhecida sua autonomia novamente, a Catalunha, mais uma vez se viu reprimida durante o Franquismo, não só em relação a sua autonomia, mas também em sua cultura e língua.
Finalmente em 1975, com a morte de Franco e fim da ditadura (restauração da monarquia), foi que a região pode ter sua autonomia de volta, bem como direito a sua cultura e língua. Hoje, ao sairmos para visitar o Museu de Picasso, vimos ao caminho para o metrô, algumas pessoas com bandeiras, e assim que descemos no bairro gótico percebemos que grande parte do povo catalão saiu às ruas para reivindicar sua independência da Espanha, enchendo a cidade de Barcelona com bandeiras e camisetas, todas listradas de amarelo e vermelho com um emblema triangular azul e uma estrela branca. Gritando cantigas, palavras de ordem e caminhando em marcha pelo bairro gótico.
Vimos-nos no meio da passeata e ficamos abobalhadas pelo número de pessoas, de todas as idades, caminhando juntas. Embora alguns garantam que a Catalunha seria o melhor país do mundo, há outros que ponderam a respeito. Porém como tudo na vida, só o tempo irá mostrar o que será melhor para este povo tão apaixonado por sua origem e que preza tanto o fogo, o sangue e as touradas. Independente do que aconteça, só posso dizer que estou apaixonada por esse povo, que não descansa no feriado, e sim, sabe o que ele significa e sai às ruas para lutar pelo que quer.
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