Algumas marcas que você, que é contra a união homoafetiva, deverá boicotar a partir de agora

A decisão histórica da Suprema Corte dos Estados Unidos em tornar legal o casamento entre pessoas do mesmo sexo em TODO o território norte-americano tem gerado as mais diversas reações ao redor do globo.

Facebook, Google, Apple (só pra citar três pesos pesados) entre outras empresas já apoiavam publicamente a união homoafetiva. Com a decisão, várias outras marcas também manifestaram o apoio à decisão. Deixo abaixo uma sucinta lista com 12 dessas marcas.

Mas antes de tudo, a pergunta que não quer calar. Será que os fundamentalistas-cabeças-de-prego do Brasil que acharam um absurdo um comercial em que pessoas do mesmo sexo se abraçam e se presenteiam no dia dos namorados irão boicotar TUDO ISSO?

#LoveWins #Pride

 

E pra finalizar:

The Doors: a destruição dos valores psicológicos

Imagine que sua vida vive em função de onde seu pai trabalha e você se muda mais que retirante fugindo da seca. Não cria elo com nada, muda de escola, de casa, muda sempre, sempre alheio. Tudo que você faz acaba carregando um clima passageiro, você só espera uma brecha para fugir, largar mãe e irmãos para alcançar a tão sonhado independência, sem que seu próximo passo seja premeditado pelas viagens de seu pai.

Enquanto isso você paga de gênio, tirando notas altíssimas no colégio, impressionando professores com teses filosóficas milhares de anos luz à frente de seu patamar intelectual e segue sua vida enfurnado em pilhas de Nietzsche e Elvis Presley.

Por mais estranho que possa parecer, o primeiro parágrafo narra a vida de Jim Morrison, sim ele mesmo, o vocalista do The Doors. Seu pai era militar, logo, ele, sua mãe e seus irmãos, viviam em função da próxima peripécia que ele e o serviço americano aprontaria, mas se mostrando alheio perante tudo isso e excepcionalmente inteligente, Jim acabou rumando para o caminho das artes, mas antes teve que se libertar de seu pais, o que não foi tão complicado, pois tão logo o colégio tinha terminado, ele já estava com seus avós tramando sua ida para a UCLA.

The Doors - Jim Morrison Jovem

A UCLA era O LUGAR naquele tempo, era lá que Jim pertencia e era lá que seus ídolos da literatura Beat (como Jack Kerouac), perambulavam. Era a vida dos livros psicografada para o mundo real na saudosa Califórnia e cursar cinema foi o caminho escolhido para o futuro vocalista, que levando a faculdade com médias bem abaixo das quais concluiu seu ensino primário, não teve problemas para se formar.

Mas bem na última etapa do processo, depois de apresentar uma produção com seu nome nos créditos, Jim não aguentou as críticas e largou tudo, ele estava praticamente formado, mas nem se deu ao trabalho de buscar o diploma, no dia da entrega ele estava fumando maconha em Venice Bech.

Tentando expandir as portas da mente, elementar meu caro Aldous Huxley. Bastou um encontro com Rick Manzarek (então chefe do Rick And The Ravens), para que Jim fingisse tocar guitarra, que o embrião dos Doors já começou a palpitar e, segundo o próprio Morrison, este foi o dinheiro mais fácil que ele havia conseguido em sua vida.

Line Up:

Jim Morrison (vocal/percussão)
Ray Manzarek (piano/teclado/vocal)
Robby Krieger (guitarra/vocal)
John Densmore (bateria/vocal)
Larry Knechtel (baixo)
Paul Rothchild (vocal)

The Doors - Album - Capa

Track List:

”Break On Through (To The Other Side)”
”Soul Kitchen”
”Crystal Ship”
”Twentieth Century Fox”
”Alabama Song (Whiskey Bar)” – Kurt Weill/Bertolt Brencht
”Light My Fire”
”Back Door Man” – Willie Dixon/Chester Burnett
”I Looked At You”
”End Of The Night”
”Take It As It Comes”
”The End”

A música do Doors tende a parecer vaga para muitas pessoas porque até hoje não se sabe como Jim morreu, nem se ele de fato não morreu. O vocalista sempre tratou de deixar bem claro que todos eram iguais dentro da banda, inclusive, mesmo compondo a maior parte das músicas, fazia questão de dar crédito coletivo.

The Doors (4)

Para mim, sinceramente, Jim viveu intensamente de seu nascimento até um pouco antes da conclusão de seu último disco em vida, ”L.A. Woman”, disco que marca o começo, a intensificação e o ápice de seus problemas psicológicos. A questão era lidar com sua própria imagem de Rockstar desajustado, imagem esta que ele odiava, e que por meio da poesia e do cinema tentou, sem sucesso, alterar.

Creio que em certo ponto a expansão das portas tenha ficado em segundo plano, Morrison fez de sua vida um experimento, desde o que escolhia para temperar a química de seu corpo até o modo como lidava com as pessoas. Ele fazia delas mais profundas e tirava o pouco que de fato lhe interessava. Sua vida foi intensa e a forma devassa e com clara inspiração poética com a qual guiou seu romance Dionisíaco deixa isso claro, mas o que nos encantava em relação à sua imagem e seu legado é o porquê de tudo isso.

The Doors (3)

Repare que Mr. Mojo era um anti Rockstar completo, aliás para mim só um cara se equipara nesse estilo com ele, Jerry Garcia do Grateful Dead. Ambos viviam jogados por aí, absolutamente alterados, mas sempre se importando em passar algo válido, e o erro para mim, pelo menos a respeito de Jim, foi viver com uma imagem que ele não poderia alterar, apesar de possuir todas as ferramentas para poder fazer isso, ele simplesmente não conseguiu.

No palco nunca ninguém teve uma movimentação similar a do vocalista, ninguém nunca parou uma música e ficou em silêncio por vários minutos para incitar um tumulto, se jogou no palco e por lá ficou, ou até mesmo virou de costas para começar a improvisar longos diálogos. Seu amado cinema e poesia tinham função predominante no show do Doors.

The Doors (2)

Nenhuma banda na história deste planeta atingiu esse grau de inexplicabilidade. O Doors era uma força da natureza e cada detalhe, desde a batera Jazz de John Densmore, até a guitarra pouco citada, mas de interessantíssimo fraseado do criativo Robby Krieger, culminando na mão esquerda baixista e direita tecladista do grande Ray Manzarek, uniu o todo no ponto cego de nome James Douglas Morrison.

Posso escrever por horas, voltar bêbado, retornar chapado e me entupir seja lá do que for, nunca teremos uma fórmula para este som, nem respostas para tudo que o permeou e outrora formou a música dos californianos. Todos eram diferenciados, intelectuais, artísticos e à procura de um ”algo a mais” que ainda nunca será encontrado, tampouco entendido, pode ser uma prova teórica (em vinil), para o entendimento de uma tese filosófica inconclusiva sobre o impacto deste fenômeno psicoativo.

The Doors (1)

Pode ser ao som de ”Break On Through”, as panelas de ”Soul Kitchen”, a tecladeira malhada e nervosa de ”Twentieth Century Fox” ou dos cigarros acesos ao som de ”Light My Fire”… O que melhor explica o Doors é ”The End” e ela continua inexplicável…

Digo apenas que é único, fantástico e fruto de algo que não merece ser torturado até criar algum néctar de informação. Escrever sobre essa banda nunca pode ser algo definitivo, algo sempre fica em aberto e eu prefiro que seja a música. Garanto que Morrison estaria rindo dessa falta de conclusão, mas foi aqui que o dilema começou, com gosto de sangue, alucinógenos, requintes de bruxaria e um Whisky para passar o tempo… Set The Xamã Free!

https://youtu.be/4naoVjdFxCA

Ideologia de gênero existe? Sim: mas sempre existiu.

 

A polêmica acerca da inclusão de questões de gênero nos planos para a educação é descabida e os argumentos utilizados por quem refuta essa inclusão são infundados.

O que é gênero?

“Gênero” é um campo de estudos interdisciplinares que tem como categoria central de análise identidades e representações de gênero. Por vezes, estes estudos são oferecidos em conjunto com estudos sobre sexualidade, e as disciplinas abordadas são variadas; examina-se gênero e sexualidade em relação a áreas como linguagem, história, sociologia, antropologia, mídia e direito, dentre outras. As formas como outros eixos de identidade – tais quais raça, etnia, localização, classe, nacionalidade e deficiência – se correlacionam com as categorias gênero e sexualidade também são parte intrínseca das análises engendradas por quem é do campo.

Algumas pessoas que andam proferindo opiniões contrárias à inclusão de informações sobre gênero e sexualidade nos planos nacionais de educação vêm demonstrando um profundo desconhecimento sobre estes estudos. Isto é compreensível, afinal a disciplina é relativamente recente. Entretanto, os argumentos utilizados também demonstram um tremendo obscurantismo a respeito do que realmente significa “ideologia”.

As imagens abaixo foram selecionadas sem muito critério: simplesmente fiz uma pesquisa no Google e escolhi as quatro primeiras notícias listadas.

Os impropérios contidos nestas imagens parecem ser fruto de um equívoco em relação aos conceitos “teoria” e “ideologia”. O que os opositores constroem como “inclusão da ideologia de gênero nos planos de educação”, nós, seus defensores, mais adequadamente descreveríamos como “inclusão de conhecimento de noções teóricas provenientes de estudos de gênero nos planos de educação”.  Teoria, não ideologia; há diferenças – não particularmente sutis – entre um conceito e o outro.

Teoria e ideologia

Ideologias são sistemas de ideias e ideais que dão base a teorias e modelos políticos. Já teorias são conjuntos de princípios fundamentais de uma ciência, que buscam transmitir noções gerais acerca de alguns aspectos da realidade. Ou seja, teorias também são sistemas de ideias – mas teorias se propõem a remover ideais de suas análises para poder examinar, e quiçá explicar, certos fenômenos.

Para iluminar esta distinção vou me utilizar de um exemplo histórico que ilustra o conflito entre teoria e ideologia. Essa breve historinha não foi escolhida por ser exatamente análoga ao que está sendo debatido agora – não me escapa que a exatidão oriunda de cálculos matemáticos e as possibilidades interpretativas advindas dos estudos sociais não sejam necessariamente equivalentes. No entanto, visto que uma das personagens desta antiga narrativa acontece de ser a mesma da situação atual (e representando o mesmo papel, não menos), vale a reflexão.

Hoje sabemos que a certeza teórica de que a Terra era o centro do Universo não passava de um devaneio ideológico de uma era em que a humanidade se compreendia como peça principal da criação. Nicolau Copérnico revolucionou a ciência e a sociedade ao oferecer a teoria de que, na verdade, é a Terra que gira em torno do Sol. Esta teoria, hoje irrefutável, já havia sido previamente especulada por uma série de outros pensadores e cientistas, e mais tarde foi defendida por Galileu Galilei até sua morte (que foi causada, em grande parte, por causa desta defesa). Copérnico e Galilei, eu imagino, estavam motivados a demonstrar a organização dos corpos celestes por devoção ao avanço do conhecimento, e não por bandeira ideológica, ainda que eles tivessem uma. (E me pergunto se os oponentes da teoria heliocêntrica também tenham criado o equivalente medieval de memes clamando pelo fim da “ideologia da matemática”…)

É certo que o apego ignorante a ideologias informa e atrapalha o desenvolvimento teórico sobre fenômenos existentes; isso é ciência malfeita. Teoristas sérios e comprometidos com o método científico geralmente estão bem preparados para o advento de terem suas ideologias abaladas por desenvolvimentos na teoria. Copérnico era um cônego da instituição que refutou suas descobertas, afinal de contas – a mesma instituição que, um bom século depois, executou Galilei por defender a teoria proposta por Copérnico, e a mesma que, na nossa era, vem emitindo opiniões absurdamente mal informadas sobre gênero. Já o desenvolvimento teórico sobre certos fenômenos pode vir a abalar, ou até mesmo desmantelar, certas ideologias – e quando a ideologia sendo abalada é uma que oprime, bom, isso é ciência muito bem-feita.

O que é ideologia de gênero?

A resposta para essa pergunta, como tem ficado evidente no debate corrente, varia de acordo com o grau de conhecimento do respondente acerca de teorias provenientes de estudos de gênero.

Quem se opõe à inclusão de questões de gênero no plano de educação insiste que a ideologia de gênero implicaria numa mudança do paradigma social vigente, e a respeito disso eles não estão errados: nós, os proponentes desta inclusão, de fato visamos mudanças sociais significativas. No entanto, disparates como os que podem ser observados nas imagens acima tendem a ser proferidos justamente por quem não faz a menor ideia do que essas mudanças sequer signifiquem, tampouco dos motivos pelos quais as consideramos importantes.

A “ideologia de gênero” seria mais aptamente compreendida se pensássemos nela como a “ideologia do questionamento do binarismo homem/mulher como forma exclusiva de se pensar a respeito de gênero”. Para os estudiosos da área, identidade e sexualidade são parte de construções sociais e culturais, e não apenas fatores biológicos. Quero colocar ênfase no ‘apenas’ para deixar claro que estudiosos de gênero – e talvez até mais do que pesquisadores de outras disciplinas – atribuem, sim, o valor e a importância devidos à biologia e aos corpos das pessoas.

Acreditamos que os seres humanos nascem “neutros”, e que nossas identidades de gênero e orientações sexuais são moldadas ao longo da vida, por uma série de causas que incluem biologia e construtos sociais, e que variam de pessoa para pessoa, e de contexto para contexto. Assim, não fica difícil de compreender que tratar gênero e sexualidade como conceitos fluídos e socialmente mutáveis não é o mesmo que querer impor um novo modelo no qual as diferenças entre homens e mulheres devam ser erradicadas, tampouco que queiramos caminhar na direção de uma sociedade hegemonicamente andrógina. Pelo contrário: quem estuda e pensa gênero desta forma propõe novas maneiras de ser e de pensar nossas identidades, de forma mais livre e menos opressora para quem não se encaixa nas normas mutuamente exclusivas que a divisão rígida entre masculino e feminino implica.

Podemos dizer que estudiosos de gênero tem uma ideologia? Claro que sim. O que os detratores desta forma de pensar parecem não perceber é que eles também têm uma “ideologia de gênero”, e que ela é a ideologia vigente no contexto sócio-cultural em que nos encontramos. Esta ideologia do ‘binário de gênero’ afirma que existem dois gêneros distintos (homem e mulher), e dois gêneros distintos apenas, e que quaisquer desvios comportamentais desta ordem são perversões ou até mesmo patologias. Esta ideologia (que é a vigente) também tende a equacionar gênero (homem/mulher) com sexo biológico (corpos com cromossomas e órgãos sexuais de machos ou fêmeas da espécie) e orientação sexual (hetero-, homo- e bissexualidade, para citar as mais destacadas). Dentro desta verdade ideológica, fêmeas se tornam mulheres que sentem desejo por homens, e machos se tornam homens que sentem atração por mulheres. Mas acreditamos, de fato, que não há nada de errado com estas permutações específicas de biologia/identidade de gênero/orientação sexual – evidência disso é que a autora deste texto – uma estudiosa do campo – aconteceu de nascer fêmea, tornou-se mulher, e hoje é casada com um homem: e nem por isso sofre, ou sofreu preconceito da parte dos “ideólogos” desta nova concepção de gênero.

A nossa “ideologia de gênero” acomoda a atual tanto quanto propõe que outras possibilidades combinatórias entre corpos, identidades e desejos sejam tratadas com dignidade e respeito. O que a ideologia de quem se dedica à progressão de teorias acerca de gênero questiona é precisamente a rigidez da ideologia do binário. A teoria de gênero não propõe que erradiquemos os conceitos “homem” e “mulher”, ou que corpos e biologia não importem, ou que todos sejam andróginos e pansexuais. O que sabemos é que a intransigência e a manutenção desta separação absoluta também são ideológicas.

Nossa ideologia de gênero é a da liberdade; já a vigente exclui muito mais do que acomoda. Por isso vou terminar este texto com a uma pergunta que nos convida a fazer uma séria, e necessária, reflexão: os que tem tanto medo da dissolução destas normas rígidas e opressoras do binário de gênero estão querendo conservar o que para quem?

[starbox]

O Mais Notório Escritor Desconhecido | Contos #4

– Hoje em nosso show, aquele que vem gerando comentários na cena punk/alternativa do underground com estórias grosseiras e cruas, sendo considerado o ‘mais notório dos escritores desconhecidos’, Leo Grisso, senhoras e senhores!

– “Punk/alternativo”? Meu Deus! [Risos]

– É, você sabe, as pessoas têm chamado sua escrita de agressiva, muitas vezes por se tratar de temas que realmente aconteceram com você e por serem descritos aparentemente sem nenhum pudor ou censura.

– Sei. Eu não chamaria de agressivo. Eu não sei.

– Como você descrevia então, os seus contos?

– Acho que de entretenimento, basicamente. É isso que eles são, apenas uma forma de distração.

Mas realmente há muita coisa real ali, não é?

– Sim.

Você não sente um pouco de medo ou, espero que não soe errado, mas um pouco de vergonha do que as pessoas possam pensar?

– Claro, mas acho que esse é o propósito da coisa, sabe? Escrever é a forma que eu encontrei de colocar para fora as coisas que andam em minha cabeça, e se eu tiver de ser cauteloso quanto a isso, acho que não faria sentido algum continuar escrevendo.

O que seus amigos dizem sobre isso?

Bom… meu pai, às vezes, ele se sente incomodado com as coisas que eu publico – ele geralmente lê tudo –, e acho que é normal, você sabe, se preocupar, se sentir um pouco aflito e assustado.

Ele lê tudo? Digo, tudo mesmo?

É, eu acho que sim.

Qual é a profissão dele?

Advogado.

– [Risos] Acho que a preocupação faz sentido!

É, talvez.

Leo, o que as pessoas sempre comentam é que seus contos geralmente abordam um aspecto negativo da vida, entende? A forma como você conta as histórias faz parecer que tudo é sem sentido e que estamos todos lutando para chegar a lugar algum. Você concorda?

Merda, eu não sei. [Risos] Depende do meu humor, eu acho. Sou uma pessoa extremamente condicionada ao meu estado de espírito. Se as coisas estiverem bem, eu escrevo algo leve. Se estiverem escuras demais, inevitavelmente as estórias serão mais sombrias, também. O fato é que se tudo estiver bem, dificilmente vou escrever alguma coisa.

Quer dizer que, para escrever, você precisa estar enfrentando algum problema, algum demônio interior, por assim dizer?

“Demônio interior”? [Risos] Isso faz parecer dramatizado demais. Não, é que eu me sinto mais descontraído e à vontade para escrever quando algo está fora do lugar, é isso.

Mas você está bem confortável hoje, não? Digo, baseando-se em seus contos, você parece ser um cara mais calado ou talvez rabugento? E, precisamente hoje você está com uma cara boa.

“Uma cara boa”? [Risos] Sim, sim. Quero dizer, de uns anos para cá as coisas vêm funcionando melhor para mim. Acho que as responsabilidades fazem de você mais consciente do que está acontecendo e alerta para o que é necessário ser feito. Ficar à toa o tempo todo pode te levar à loucura, você sabe.

Isso cheira à mulher. [Risos] Há uma nova patroa na casa?

Bem, o fato de estar com alguém não necessariamente prova que tudo será melhor, mas definitivamente lhe dá outras perspectivas.

Conte mais sobre essa garota.

É uma garota. Não vou dizer que é uma garota como qualquer outra, porque ela provavelmente cortaria minhas bolas e daria de comer para os cachorros. [Risos] Mas estou em uma fase mais leve ultimamente. Digo, nós temos praticamente nada em comum e nossas opiniões costumam divergir bastante sempre que surge um tema diferente, mas isso é bom, na medida certa, porque nos obriga a pelo menos tentar entender o outro lado, sabe? É uma coisa boa, na verdade.

As atividades do cotidiano mudaram bastante? Quero dizer, nos contos, você sempre menciona as festas que odeia, as pessoas que odeia, as músicas que odeia. De que forma isso, essa nova situação, faz com que você se sinta deferente, e isso afeta o estilo da escrita?

[Risos] São muitas perguntas aí…

– Bom…

Eu entendi, eu entendi. Bem, não estou tão maníaco-agressivo como em anos anteriores, o medo da intimidade está bem menor, bem como as manifestações de raiva… talvez não seja tão bom para quem lê as coisas que escrevo, mas tem sido bom para mim. Digo, estar com alguém assim e se entregar, tem sido uma das experiências mais bizarras que já aconteceram na minha vida. Toda vez que faço alguma surpresa ou trago o café da manhã na cama e ela abre um sorriso de contentamento… bom, isso me assusta um pouco. [Risos] Acho que isso acaba influenciando nas próprias estórias. Nós, recentemente, encontramos um lugar muito legal perto de casa. A gente sobe um morro por uns vinte minutos e, quando chegamos lá em cima, podemos ver a cidade toda. É incrível. A gente coloca um lençol na grama e fica observando o pôr do sol e conversando e, muitas vezes, apenas admirando a natureza ao nosso redor. Ou então saímos bem cedo nos finais de semana e nos mandamos para algum parque, somente para sentarmos e fazermos um piquenique ou algo do tipo. Depois, nós voltamos para casa e ela vai para a cozinha preparar alguma coisa. Minha tarefa é sempre a de levar a louça, então eu fico deitado na cama tocando violão enquanto ela experimenta alguma receita nova. É simplesmente ótimo.

Sobre todos esses novos blogs de literatura, você sabe, toda essa gente nova aparecendo e mostrando para o mundo suas coisas… você não acha que, com a internet, se tornou um pouco mais difícil sobreviver em meio à tanta competição? Porque qualquer um, hoje, pode colocar em algum site o próprio trabalho. Não existe mais a dependência de editoras e agentes e toda aquela história.

Sim. Talvez seja um desafio maior. Talvez não, eu não sei. Ao mesmo tempo em que há um turbilhão de gente boa por aí, com talento autêntico e com vontade de continuar no ramo, também há aqueles que só estão atrás de fama ou dinheiro ou querendo pegar garotas com essa pinta de “artista” e essa merda toda. Meu maior medo é que as pessoas simplesmente desistam de procurar coisa boa, depois de tanto dar de cara com material de péssima qualidade.

Quando veremos um livro seu em uma estante de livraria?

Meu Deus, eu não sei. [Risos] É um pouco assustador pensar nesse tipo de coisa, sabe, uma exposição tão grande. Claro, a internet é um meio de propagação, mas os livros parecem ser mais concretos.

Você sempre cita ‘Trópico de Câncer’, do Henry Miller, como seu livro favorito, mas eu li de algum lugar que você, de fato, nunca o leu por inteiro. É verdade?

Sim, é verdade. [Risos] Já tentei por diversas vezes, mas sempre acontecia alguma coisa. Acho que, no final das contas, eu me apeguei tanto ao livro, que tenho medo de continuar lendo e acabar esbarrando em algum capítulo ruim ou algo do tipo. Prefiro mantê-lo no meu Top 5 e continuar com o mistério.

Para finalizar, alguma dica para os que estão pensando em começar a escrever?

Sim, sente e escreva alguma coisa todos os dias, até a bunda sangrar.

Senhoras e senhores, Leo Grisso, que demonstra ser um cara muito mais legal do que àqueles personagens.

– [Risos] Obrigado.

Florbela Espanca: A poetisa eleita

Florbela Espanca

Florbela Espanca, uma mulher fora de sua época. Da sua escrita fez um meio para a expressão dos anseios humanos, das dores que sentia e, principalmente, da alma feminina que pedia a liberdade, liberdade que conseguiu alcançar com a arte de versejar.

Ela contrariou os valores morais da época, o que lhe rendeu duras críticas. 1000 dollar loan. A poesia de Florbela reflete à mulher ocultada pelo mundo masculino, calada e punida por sua sensualidade.

Tive meu primeiro contato com Florbela Espanca quando frequentava as aulas de teatro ao fazer a leitura do poema “Eu”.

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,

 Eu sou a que na vida não tem norte,

 Sou a irmã do Sonho, e desta sorte

 Sou a crucificada … a dolorida …

No poema “Eu”, temos a descrição desse sujeito feminino, descrito de forma brutal, a própria mulher de desejo, a poetisa, ignorada e incompreendida pela sociedade tradicional, onde o destino lhe é banido, mulher que sonha que deseja, mas que parece invisível para sociedade.

Ainda bela? Dirá a história. Dirá o cânon literário.

Florbela Espanca (4)

Artista da palavra, escritora da Saudade, do amor, da beleza e da dor, palavras ditas com tamanha intensidade que dificilmente sairemos ilesos a elas.

Perturbador é a palavra que encontro para tentar descrever seus poemas. Não poderia ser de outra maneira, afinal trata-se de uma poetisa de alma profunda, reveladora, vivaz e inteligente. Mulher, demasiado mulher, tomada pelo furor poético.

Florbela soube expor sua existência dolorida nos escritos de seus sonetos angustiados que exprimiam sua condição sentimental.

Manifestação absoluta do seu “eu” inquieto. Florbela Espanca, nos provincianos e retrógrados anos (1894-1930) de Portugal, ousou pela sinceridade e originalidade da obra poética, uma genuína expressão da “literatura viva”.

Sua poesia mostra a busca de algo inatingível. Seus sonetos a fizeram ser reconhecida, a “poetisa eleita”.

Desafortunada? Talvez, mas quem pode dizer que ela não tentou ser feliz da melhor forma que pôde, como esposa, filha, irmã e mãe? Falhou. Toda sua vida foi repleta de dor, onde nada a satisfazia.

Florbela Espanca (3)

Dona de um coração transtornado e bem pouco apto à vida. Nota-se em seus sonetos um relato humano e de aparência simples, contudo muitas vezes obscuro.

A perturbação talvez seja uma exteriorização extrema de sentimentos banais e taciturnos dentro de nós. Ao expor o que sente o perturbado coloca em evidência aquilo que nos perturba também. E assim geramos com ele um reconhecimento intrínseco e por vezes involuntário.

A vida amorosa de Florbela resume-se a três casamentos, dois divórcios e uma paixão platônica em seus 36 anos de vida. Tinha sede infinita de um amor que está aquém do que é humano. Florbela Espanca, perseguiu o ideal do amor. Não seria errado afirmar que ela nunca tenha amado, embora tenha tentado, e vivido com intensidade o despertar das paixões.

Podemos por vezes encontrar uma predisposição narcisista nas palavras da poetisa, mas o que ela não é, exatamente, é culpada. Afinal, quantos de nós temos a coragem de assumir que somos incapazes da verdadeira entrega, amar, muito embora continuamos buscando e acreditando?

Escrevia cartas para esses homens, nas quais dizia estar amando perdidamente, envolvia-os com o encanto da sua poesia, fazia com que eles se sentissem amados, até que a realidade, o cotidiano aparecia e ela tornava-se fria, indiferente e insatisfeita.

Florbela Espanca (2)

Na obra “Charneca em Flor”, no poema Ambiciosa, parece reconhecer tal insatisfação.

O amor dum homem? – Terra tão pisada!

 Gota de chuva ao vento baloiçada…

 Um homem? – Quando eu sonho o amor dum deus!…

Mais uma vez, seria ela responsável por isso? Já que muitos são movidos pelo desafio de conseguir algo, mas e depois? Quantos não se mostram desinteressados após obter o tal desejo?

No fundo toda historia de Florbela Espanca é a história de alguém pensando em encontrar um amor e, no entanto, encontra-se apenas um refugio para a solidão da qual poucos podem nos tirar.

Se a Flor ainda é bela? Sim, belíssima!

Title Fight: Se é Pra Mudar, Muda Para Melhor!

Durante uma noite daquelas que a gente passa de bobeira, meio encucado com as merdas (no fundo nunca é nada grave) que acontecem na nossa vida, um amigo me enviou a música “Rose Of Sharon”, presente no último lançamento da banda Title Fight.

Eu não entendo quase nada de inglês, praticamente fico só no básico “The book is on the table” ou “Whats your name?”, sabe? Então não da pra dizer que fui fisgado pela letra nem nada disso. O que parecia traduzir meus pensamentos mesmo era o vocal rasgado, revoltado e coberto, quase escondido, pelo instrumental que muito me chamou a atenção.

Eu jamais tinha ouvido falar da banda Title Fight, pouco tempo depois de ouvir a primeira música já estava ouvindo o álbum “Hyperview” na íntegra.

Title Fight - hyperview - Capa

A calma “Murder Your Memory” abre os trabalhos seguida por “Chlorine” não tão calma no instrumental, mas com um vocal inquieto, esta me fez lembrar um pouco do movimento grunge.

A banda soube trabalhar muito bem seu lado alternativo/indie rock na faixa “Rose Of Sharon”, não à toa foi com esse som que a banda me ganhou, a viagem dos caras pode até soar psicodélica em alguns momentos.

Chato que sou, fui dar uma conferida também nos trabalhos anteriores da banda, o vocal rasgado e o instrumental firme são sem duvidas características da banda, mas as guitarras metálicas, efeitos e camadas presentes no “Hyperview” me fizeram falta.

Quem curtiu a pegada Shoegaze da banda Yuck sem dúvida vai curtir esse álbum, assim como estou curtindo. Recomendo!

 

Divertida Mente (Inside Out) é uma viagem fantástica rumo ao autoconhecimento

divertida mente

O primeiro filme da Pixar, Toy Story, completa 20 anos esse ano. Toy Story foi mais do que o primeiro filme produzido em computação gráfica do cinema, a história de Woody e Buzz Lightyear representou a entrada da Pixar no segmento de animação e uma revolução no modo de fazer desenhos.

Em vinte anos foram quinze filmes produzidos. Nenhum deles pode ser considerado um filme ruim, e no mínimo três deles, obras primas. E Inside Out, ou Divertida Mente, no título em português, é um deles.

A Pixar conseguiu criar um padrão tão alto de qualidade que qualquer filme mediano produzido por eles pode ser considerado um Dreamwor…, digo, um trabalho ruim. O estúdio reúne sete Oscars de melhor animação em nove disputados, sendo que em duas oportunidades disputou na categoria de melhor filme – Up! e Toy Story 3.

Divertida Mente segue a linha dos filmes citados. É Pixar em sua melhor forma, abusando de originalidade e criatividade.

Com a direção de Pete Docter, o mesmo de Monstros S.A. e Up!, o filme conta a história de Riley, ou melhor, da Alegria, Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo, as criaturinhas que vivem dentro da cabeça da garota de 11 anos e que são responsáveis pela sua personalidade e por fazê-la quem ela é.

A ideia genial de interpretar as emoções humanas em forma de personagens é feita com autoridade e muita competência. Docter consegue explicar psiquiatria para seu público uma maneira absurdamente natural e intuitiva. Digo público, pois Divertida Mente, por mais colorido e alucinante que seja, tende a acabar agradando muito mais os adultos do que as crianças.

Divertida-Mente-Inside-Out-Filme (2)

No entanto o roteiro consegue transitar muito bem entre os dois mundos. Da mesma forma que as crianças vão se encantar com o entusiasmo da Alegria e as expressões exageradas do Medo, os adultos vão perceber as gags feitas para eles, como o trem do pensamento que mistura fatos com opiniões, ou as manchetes dos jornais que Raiva lê, sempre pressentindo que algo ruim pode acontecer – o que, aliás, diz muito sobre o personagem.

Mas por mais que tudo isso seja estupendo, o filme sempre busca o algo a mais, e a opção por tirar justamente a Alegria e a Tristeza da sala de comando a partir de um “acidente” é perfeita tanto para estabelecer uma dinâmica infantil ao filme – a busca pela solução de um problema -, quanto para nos deslumbrar por todos os incríveis cenários que seremos apresentados.

E por mais que o filme possua incontáveis qualidades, é impossível não destacar o design de produção, que faria Freud, Jung e Piaget caírem do divã. Em Divertida Mente passeamos pelas memórias base, memórias de longo prazo, pela produção de sonhos e até pelo subconsciente. Entendemos por que aquela música chata sempre volta a nossa memória e como vamos esquecendo lembranças antigas

E dentre inúmeros detalhes, é incrível notar como a Terra da Imaginação, por exemplo, é um local de constantes obras e mudanças, e aqueles pesadelos por mais antigos que sejam – como o brócolis -, nunca caem no esquecimento.

Mas o grande trunfo de Divertida Mente está na discussão estabelecida quanto aos sentimentos/personagens da Alegria e da Tristeza. É interessante notar que no início da vida de Riley, é a Alegria quem lidera a sala de controle, enquanto a Tristeza parece “não se encontrar” ou acaba atrapalhando o trabalho dos demais, inclusive com a Alegria comentando que seria melhor viver sem a Tristeza – quem não concordaria?

Divertida-Mente-Inside-Out-Filme (8)

A jornada interna que Tristeza e Alegria involuntariamente fazem, é também a nossa jornada rumo à transição da infância para a adolescência e é justamente nessa viagem que a Alegria percebe a importância da Tristeza.

E é curioso que quase todos nós passemos por momentos de questionamento como os de Riley no filme. Os motivos externos podem ser variados – no caso dela, uma mudança de cidade -, mas os internos dificilmente se modificam. Muito provavelmente, se Alegria e Tristeza soubessem trabalhar juntas desde o início, tal incidente não ocorreria e a Raiva não precisaria assumir o controle.

Vivemos essa “briga interna” para não deixar a tristeza assumir o controle, como se ela fosse algo ruim. A era da exposição exagerada em que vivemos, inclusive, pune ainda mais isso. Em tempos de redes sociais, onde somos obrigados a ser felizes e todos possuem vidas perfeitas no Instagram e no Facebook, demonstrar tristeza passa a ser algo ruim e até errado.

No entanto, é curioso também perceber que mesmo sendo a Tristeza, o personagem carrega consigo outros sentimentos como a sinceridade, o bom senso e principalmente a razão.

Talvez seja por isso que na sala de controle da mãe de Riley, quem comanda é a Tristeza, o que não quer dizer que ela seja uma pessoa triste, mas sim mais segura de si. Observe também que nos adultos a Alegria pouco aparece, deixando o destaque para os outros sentimentos.

Novamente, não significa que não sejam pessoas alegres, mas que aprenderam a conviver em harmonia com seus sentimentos. Muito diferente da cabeça de Riley, onde seus sentimentos trazem certa inocência e desconhecimento sobre tudo o que acontece “lá fora”. A própria mesa de operações de Riley não tem cadeiras e é controlada cada vez por um sentimento, enquanto a de seus pais tem lugares marcados, e cada um executa conjuntamente sua função.

Divertida-Mente-Inside-Out-Filme (7)

O filme inclusive abre lacunas deliciosas. Como por exemplo, do quanto são importantes as “ilhas base” que criamos durante a nossa vida. No caso de Riley, por exemplo, sua personalidade é visivelmente trabalhada a partir das experiências que teve na ilha da Família e na ilha do Hóquei. Mas e quanto àqueles que não tiveram essas ilhas solidificadas ou “funcionando” como as de Riley? E como seria a mente de uma pessoa viciada em drogas, ou o potencial de traumas infantis na personalidade, ou até mesmo termos consciência do quanto as influências externas nos modificam.

É notável ver que mesmo “ruins”, os sentimentos sempre tem suas ações voltadas para o bem de Riley – mesmo que isso a faça mal -, e no fim não existe sentimento bom ou ruim ou um líder no comando

A Alegria nos ensinava no início que quanto mais memórias douradas – a sua cor – melhor. No fim percebemos que a verdadeira alegria se faz da junção dessas cores. E por mais que a alegria seja muito importante – ela carrega consigo a esperança, a determinação, a autoestima -, uma mente sem medo, sem nojinho (em inglês o personagem se chama Disgust, que pode ser mais bem traduzido como Desgosto, ou algo que você não gosta), e até mesmo sem Raiva, pode ser uma péssima ideia.

Divertida-Mente-Inside-Out-Filme (6)

Divertida Mente também nos brinda com cenas perfeitas, como quando a Alegria revê uma memória de Riley patinando no gelo, e de forma sincronizada, patina junto.

A expressão no rosto de Riley é de alegria pura, como se dançasse a felicidade. Ou quando a Tristeza assume a sala de comando pela primeira vez e notamos seus efeitos na “vida real”. Ou então quando Bing Bong, o amigo imaginário de Riley, se desmancha dentro do “buraco do esquecimento”. E como é duro perceber que, por pior que isso possa parecer, se desfazer das nossas memórias infantis também é necessário para ocuparmos nossa mente com nossos novos e supostos problemas de adulto.

É muito difícil não gostar de Divertida Mente. Passeamos literalmente por todas as emoções durante sua projeção. É impossível não rir, não chorar, não sofrer, não se encantar com todos os seus detalhes.

alvez a falta de atenção aos outros personagens ou o didatismo de algumas cenas apareçam como brechas a serem melhor elaboradas. Mas aí lembramos que além de nós, existem crianças querendo viver Divertida Mente também.

E aí tudo se explica. Acabamos nós voltando – assim como em Toy Story – a sermos crianças novamente.

OBS 1: Como de costume, antes da exibição do filme somos agraciados com um curta metragem da Pixar. Intitulado de “Lava” o curta dessa vez conta uma história de amor de um vulcão solitário que canta aos ventos o desejo de encontrar sua alma gêmea. Totalmente envolto por uma canção havaiana, e com o acompanhamento solitário de um ukulele, Lava é apaixonante. Por mais que seja esquecido posteriormente pelo peso de Divertida Mente, vale a pena pesquisar pela música na internet e ficar cantarolando ela na cabeça por dias. Mesmo a versão dublada é boa, e perde pouco dos versos da original, apesar de o “I Lava You”, ser substituído.

OBS 2: Assisti ao filme dublado, e se a dublagem não acrescenta ao filme, ao menos não prejudica. Destaques para Mia Mello como Alegria e Léo Jaime como Raiva, que estão muito bem.

OBS 3: Eu sei que a Pixar foi muito criticada por suas continuações, mas é impossível não imaginar uma sequência para Divertida Mente em um futuro não tão longe.

35 lugares espetaculares para conhecer antes de morrer

Reykjavik, Islândia

Os seres humanos vêm transformando a Terra com propósito muito além da preservação, como sempre fizeram. Mas, felizmente, nem tudo está perdido. Nosso mundo ainda está repleto de belezas indescritíveis; lugares magníficos apenas esperando para serem descobertos ou conhecidos.

Diversas localizações geográficas, diferentes condições climáticas, combinações de fenômenos físico/espaciais e até mesmo a mudança das estações nos propiciam a mais ampla variedade de maravilhas naturais.

Ilhas paradisíacas que ludibriam os olhos, lagos e oceanos tão azuis e cristalinos que nos fazem suplicar por nadar neles. Montanhas coloridas e verdejantes como se fossem obras de arte, monumentos históricos de impressionar, e cidades lindas que fazem apaixonar. Florestas vívidas e resplandecentes, cânions de tirar o fôlego, cavernas fluorescentes, além de castelos gigantes e majestosos que atraem a paisagem toda para si.

Se você pretende definir o próximo roteiro de viagem, ou simplesmente adora apreciar paisagens exóticas (como eu), aqui estão 35 belos lugares para atiçar sua imaginação:

1. Cappadocia, Turquia

Cappadocia, Turquia

2. Vaadhoo Island, Maldivas

Vaadhoo-Island-Maldivas

3. Yosemite Valley, EUA

Yosemite-Valley-California-EUA

4. Perito Moreno, Argentina

Perito Moreno Glacier, Argentina

5. Cliffs Of Moher, Irlanda

Cliffs Of Moher, Irlanda

6. Lake Abraham, Canadá

Lake Abraham, Alberta, Canada

7. Yellowstone Park, EUA

Grand-Prismatic-Spring-Wyoming-EUA

8. Reed Flute Cave, China

Reed-Flute-Cave-China

9. Salar de Uyuni, Bolívia

Salar-de-Uyuni-Bolivia

10. Tunnel Of Love, Ucrânia

Tunnel-Of-Love-Ucrânia

11. Zion National Park, EUA

Zion-National-Park-Utah-EUA

12. Segovia Castle, Espanha

Segovia-Castle-Alcázar-de-Segovia-Espanha

13. The Great Blue Hole, Belize

The-Great-Blue-Hole-Belize

14. Ottawa, Canadá

Ottawa-Canada

15. Park Gardens By The Bay, Singapura

Park-Gardens-By-The-Bay-Singapura

16. Mendenhall Ice Caves, EUA

Mendenhall Ice Caves, Alaska, EUA

17. Berna, Suíça

Berna, Suíça

18. Machu Picchu, Peru

Machu Picchu, Peru

19. Cinque Terre, Itália

Cinque Terre, Itália

20. Laguna Miscanti, Chile

Laguna Miscanti, San Pedro de Atacama, Chile

21. Sydney, Austrália

Harbour-Bridge-Sydney-Australia

22. The Banff Springs Hotel, Canadá

The-Banff-Springs-Hotel-Alberta-Canadá

23. Zhangye Danxia, China

Zhangye-Danxia-Landform-Gansu-China

24. South Yorkshire, Inglaterra

South-Yorkshire-Inglaterra

25. Skocjan Caves, Eslovenia

Skocjan-Caves-Eslovênia

26. Fly Geyser, EUA

Fly-Geyser-Nevada-EUA

27. Mount Ai-Petri, Rússia

Mount-Ai-Petri-Crimea-Russia

28. Neuschwanstein Castle, Alemanha

Neuschwanstein-Castle-Baviera-Alemanha

29. Namib Desert, Namibia

Namib Desert, Namibia

30. Praga, República Tcheca

Praga, República Tcheca

31. Maroon Bells, EUA

Maroon Bells, Colorado, EUA

32. Whistler, Canadá

Whistler-Vancouver-Canada

33. The Great Wall, China

The-Great-Wall-China

34. Carpathian Mountains, Romênia

Taken a few meters down from Balea Lake, on the northern part of the road. It shows the curvy lanes going down through the glacier's valley. Luckily the clouds were on their way to Sibiu so the view was clear.

35. Arashiyama Bamboo Grove, Japão

Arashiyama-Bamboo-Grove-Kyoto-Japão


Você já visitou algum desses lugares? Qual local você gostaria de visitar?

Fagocitando o black do senhor Hancock

Quando a pressão sobe, mas aí seu corpo decodifica que foi você que caiu. Depois que o cérebro já entra em pleno estado de confusão mental, mas você acha daora. Logo após sua mente começar a registrar devaneios ácidos, impossíveis mas ainda assim… Interessantes?!

Aquele momento onde o ritmo toma conta de tudo, faz você querer prestar atenção em todos os factos e no fim apenas direciona mentes com bússolas desconexas a se perderem em nada, por nada, andando por aí como um fritador qualquer, batucando cada linha Funky que segue e sucede, e quando acaba, olha para o chão aflito com os rastros de… Swing! E claro, seus neurônios que ficaram pelo caminho do Fusion-Funkeado.

Quando você notar que todos esses sintomas estão aparecendo, não chame um médico, relaxe. Saiba que o pior que pode acontecer é ver seu cérebro escorrendo entre os dedos, mas a perda de massa encefálica ainda é válida, o caminhar cintilante de camadas jazzísticas ainda manda um padrão para sua mente, a perda total ainda está sob controle.

Substâncias perigosas:

1. Chameleon
2. Watermelon Man
3. Sly
4. Vein Melter

Você está apenas andando no ritmo do riff de ”Chameleon”, quando você fazer o air drumming das viradas bateiristicas aí sim quer dizer que temos um problema. No mais, siga revendo as camadas, as auroras do baixo, o tilintar do acabamento em cordas e o sussurrar das percussões nocivas ao elemento racional.

São 15 minutos de cirúrgica maestria Jazzística. Se você está acordado após essa baforada de diferentes substâncias em emulsão sonora, o próximo ato é esperar pelo ”Watermelon Man” e suas passagens faraônicas, com pouco mais de sete minutos adventistas e que comprovam o funcionamento correto de um corpo, caso ninguém apague.

Essas notas ficaram na conserva, o fluxo de consciência instrumental acabou criando algo que é mais forte do que a própria ideia. A maturação de conceitos em notas musicais conseguiu elevar uma fermentação explosiva e que solta faíscas em toca discos, mas que mesmo assim é improvisada nem que seja com soldas, para que o mundo possa sentir o véu de seda e seus slaps que não explicam nada, mas que com dúvidas, nos fazem ver que este som é apenas uma trilha para o funcionamento mais básico de suas missões corpóreas.

Herbie Hancock - Head Hunter - Capa

Laboratório:

Herbie Hancock (piano/sintetizadores/teclado)
Benny Maupin (saxofone/clarinete/flauta)
Paul Jackson (baixo/percussão)
Bill Summers (percussão)
Harvey Mason (bateria)

”Sly”, grande pilar dessa construção abstrata, é o que mais causa complexos. As ondas se chocam com uma percussão que tenta levar o sentimento para um lado. O instrumental nota e joga o verde pra não resetar os corpos celestes, mas o piano, ah o piano…

Ele entra com o riff e o sax assovia a insanidade. Os sintetizadores cravam a decisão e a percussão sai… Mas a homenagem a um dos nomes de maior prestígio no cenário Black Power prevalece, mesmo que a essa altura você nem sinta mais nada, saiba que foi Sly Stone que inspirou essa absorção de Morfina.

Herbie Hancock (1)

A trama tem vontade própria. A brisa bate. O Black sente que a estrutura se alterou, mas não desiste, ruma para as profundezas, e veja só, ainda reencontra as origens aborígenes do caldeirão de palmas em congas. A parte ”A” desta homenagem para a família Stone atiça os ossos. A ideia segue uniforme, nada se fragmenta, apenas os efeitos da audição, algo que varia entre os ouvintes mais experientes ou não, como diria Caetano Veloso (ler a bula).

O sax sobe e desce, o teclado explora todos os cantos da parte branca (ying) e da enegrecida (yang), mas a fusão nesse caso é ignorada, o resultado é um todo mirabolantemente complexo que leva a uma senhora confusão.

São indicadores rebolativos altíssimos para os padrões da época (1973), e que até hoje ecoam incertezas sobre efeitos negativos em seu uso, tudo em meio à ruídos que nos remetem ao último check point do Mario e a suíte que impede que (ao menos alguns senhores), não entrem em colapso.

Sendo que”Vein Melter” comprova que pelo menos os músicos que criaram todo esse mítico ensaio sobre os poderes da exploração do cerne negro sabiam o que estavam fazendo (ou narraram a alquimia do efeito desses acordes para alertar o twin, não se sabe ao certo). Registrando com exatidão e maestria toda a força do Funk depois que este para de ser quadrado, mas também sem assumir sua forma específica, tornando-se uma massa que apenas se adapta…

Herbie Hacock foi quem chefiou as pesquisas com groove em célula tronco e veja só o que saiu em vinil… A massa se adapta a tudo, faça os testes ao longo de sua vida e fique esperto, broto: Se o Herbie Hancock não paga indenização, não espere que este resenhista-guerrilheiro-cósmico compre o seu Diazepam em virtude do uso excessivo deste estupefaciante.

12 cenas de filmes com trilhas sonoras de James Horner

James Horner é um nome a ser lembrado no cinema. O compositor norte-americano participou de mais de cem produções cinematográficas e deixou seu nome na história ao compor trilhas sonoras para filmes como Titanic (o qual lhe rendeu dois prêmios no Oscar), Jornada nas Estrelas, Aliens, Coração Valente, Avatar, Apollo 13 e Uma Mente Brilhante.

A trajetória musical de James Horner começou na infância. Aos 5 anos de idade, o músico iniciou seus estudos no piano. Anos mais tarde completaria graduação, pós-graduação e PhD em composição e teoria musical pela UCLA.

O que impulsionou sua carreira, porém, foi uma oportunidade que Horner agarrou com toda a vontade do mundo. Quando Jerry Goldsmith, autor original da trilha sonora de Jornada nas Estrelas, pediu muita grana para a produção para compor a trilha do segundo filme, quem entrou em seu lugar – e com extrema maestria – foi Horner, aos 28 anos de idade.

Desde então, o compositor se tornou um nome célebre na indústria cinematográfica, sendo responsável pela trilha sonora de grandes sucessos de Hollywood – e outros nem tanto, é verdade, mas sempre mostrando sensibilidade para traduzir momentos em sons.

James Horner morreu no dia 22 de junho de 2015, aos 61 anos, enquanto praticava uma de suas atividades preferidas: pilotava um avião.

A S-312 Tucano MK1 de James Horner, uma de suas várias aeronaves, caiu na Floresta Nacional de Los Padres, na região sul do estado norte-americano da Califórnia. Ninguém, além de Horner estava a bordo.

Abaixo, deixo uma lista com 12 notáveis cenas de filmes que têm a assinatura de James Horner na trilha sonora. Talvez sua composição mais conhecida seja My heart will go on, em parceria com Will Jennings e imortalizada na voz de Celine Dion e nas cenas de Titanic. Porém, o trabalho de James Horner é bem mais prolífico do que um mero hit.

1Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan

2Aliens, O Resgate

3Um Conto Americano

4Campo dos Sonhos

5Coração Valente

https://youtu.be/lEOOZDbMrgE

6Titanic

Bônus: James Horner recebe o Oscar de melhor trilha sonora e melhor canção original

7Iris

8Tróia

https://youtu.be/AW256O1uK74

9Avatar

10O Espetacular Homem-Aranha

11Apollo 13

https://youtu.be/-1BPx5Wsm7k

12Uma Mente Brilhante

Últimos posts