A segunda parte do assunto mais discutido no Brasil durante os últimos anos começou de vez. Digo segundo justamente porque o pós-Copa ainda será muito debatido a partir de julho. Ontem mesmo ouvi dois funcionários conversando no mercado enquanto abasteciam as prateleiras de cerveja:

– Tá barato, né?

– É, mas tu vai ver depois da Copa, vai subir pra dois e setenta nove!

Enfim, a Copa do Mundo chegou agora ao seu desenvolvimento. E com uma desigualdade já rotineira do nosso país.

De um lado, o circo, o grande evento televisionado para todo o planeta, que teve folga geral, arena lotada, uma cerimônia de abertura mais ou menos, vitória da seleção brasileira com duas cenas dignas de Oscar e um massivo “Ei, Dilma, vai tomar no cu” por grande parte da torcida. Ironia ou hipocrisia, escolha o melhor adjetivo.

Do outro lado, greves e protestos tomando conta de várias capitais do país. Um pouco enfraquecido, mas o mesmo movimento anti-copa, composto por manifestantes, trabalhadores e outros brasileiros apareceu. É claro que a polícia militar agiu com violência, pois é assim que eles são condicionados.

Achei estranho o primeiro dia de Copa no Brasil. É um luxo para um país que possui outras prioridades para o seu desenvolvimento. Mas, pense, quantos brasileiros você conhece que não têm dinheiro para investir na saúde e educação dos filhos, mas ostentam uma TV de LED de 42 polegadas em casa? Não é uma cena rara.

A Copa é uma realidade. Com muitos defeitos e polêmica, mas está acontecendo. Uma recente pesquisa concluiu que 61% dos brasileiros acham que a Copa é um mau negócio para o Brasil. Para quem pouco se importa com futebol é uma boa hora de começar a assistir menos televisão. Eu escolhi não pagar um falso moralismo e assistir – pela TV, à distância –  à Copa, torneio que acompanho desde 1994 (valeu, Taffarel!), mas sem fechar os olhos para a realidade do país. Acompanhar todos os lados de um acontecimento é algo que o jornalismo tem me ensinado.

Este post não é para argumentar contra ou a favor da Copa do Mundo – deixo que vocês façam as suas próprias reflexões sobre o tema – mas para mostrar que há duas Copas acontecendo: uma glamourizada e outra marginalizada pela mídia.

Separei 12 imagens de cada Copa. O contraste é grande.

A Copa do Glamour

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Foto: Kevin Cox/Getty
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Foto: Dimitar Dilkoff / Getty
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Foto: Kevin Cox/Getty
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A Copa das Manifestações

 

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Foto: Nacho Doce/Reuters
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