Ela nunca foi a pessoa mais segura do mundo, nunca foi de ter muitas certezas, pelo contrário, vivia cheia de dúvidas. Nunca soube muito bem que caminhos seguir e acabava sendo levada pelo vento. Mas de repente, ela tinha toda a sua vida programada, cada dia, cada mês, pelos próximos 10 anos, idealizou cada passo que seria dado e muitas vezes, conseguia ver algumas pedras que encontraria pelo caminho.

O que ela não viu, foram os buracos, sim os buracos, e ela pisou em tantos deles, torcia o pé de leve e por vezes conseguia continuar andando, outras vezes, caía em tantos outros e bom, desses ela demorava um pouco mais para sair, chegava a pensar em ficar lá. Por mais sujo e solitário que fosse, parecia ser seguro, afinal, não há como cair mais quando já se está no chão, quando já se chegou no fundo do poço.

Mas aí ela lembrava que cada minuto ali, era um a menos vivendo a vida que ela idealizou tão perfeitamente. E de lá tirava forças pra escalar as paredes escorregadias e subir de novo, ainda fraca física e mentalmente, mas com a certeza de que aquilo era muito pouco perto do que ela conquistaria se continuasse de pé, andando.

Ela sabe que vai encontrar vários outros buracos, uns mais rasos, outros tão fundos que você não consegue enxergar o final, sabe também que os 10 anos que ela planejou não irão acontecer como ela previa, quer dizer, irão, mas talvez ela precise de um pouco mais de tempo para concluir tudo, e no final, ela espera poder agradecer pelos arranhões e cicatrizes. Espera poder ensinar às pessoas ao seu redor como sair daqueles buracos imundos, que mais parecem dementadores que sugam a sua felicidade e roubam a sua esperança e vontade de viver.

Todo mundo tem um “Expecto Patronum”, que usa para se defender dos seus dementadores, o dela, bom, o dela eram os sonhos que ela tinha e o futuro que ela sabia que a esperava em algum lugar do tempo.