Mídia urubu
Mídia urubu

Informações repetidas, imagens chocantes e comoventes e perguntas que não param até que lágrimas caiam de quem fala e de quem vê pela TV. Dia após dia as mesmas imagens são transmitidas, e os “culpados” são expostos a júri popular. Os dias passam, o assunto muda e as pessoas continuam suas vidas, até que uma nova tragédia chega para exclamarmos novamente as lamentações “que horror”, “que tragédia”, “que absurdo”.

Não é a primeira, nem a última vez que esse fenômeno instantâneo de comoção acontece. Ninguém nunca mais comentou sobre o menino João Hélio, ou a tragédia da TAM ou da GOL, ou mesmo da Eloá, da Isabela ou da Eliza. Não se falou mais das famílias que perderam tudo nas enchentes no Rio de Janeiro ou em Santa Catarina, nem mesmo se sabe o que aconteceu com os verdadeiros Guarani-Kaiowá ou onde foi parar aquele engajamento político que tomou conta do povo em meados de outubro do ano passado? Assim como certos assuntos tomam conta de tudo, de uma hora para outra eles também se vão e ficam apenas presentes na memória de quem realmente viveu e sentiu o horror, a tragédia e o absurdo.

Porém o que realmente me chamou a atenção nesse episódio de Santa Maria foi a incrível onda de solidariedade das pessoas, com postos de doação de sangue superlotados e uma lista vasta e mais que suficiente de voluntários de várias áreas oferecendo auxílio no trabalho com as vítimas. Não sei se a razão do que vejo acontecer aqui no Rio Grande do Sul mostra um lado mais humano que pouco aparece na sociedade hoje em dia de uma maneira geral, ou é apenas por estarmos muito próximos da tragédia. Foram mais de 200 mortos, nós gaúchos não estamos livres de sentir na pele todo o drama, pois até agora não conheci ninguém que não conhecesse alguma vítima ou pessoas próximas as vítimas em todo o estado.

De qualquer maneira, ao que me parece, apenas uma classe de profissionais envolvidos com a tragédia em Santa Maria tem mostrado, em sua maioria, uma falta de competência e sensibilidade para tratar de um assunto tão delicado, a imprensa. Eu como jornalista lamento muito e sinto vergonha que mais uma vez, a mídia nacional, confirmou fazer qualquer coisa, menos jornalismo.

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