Introduzindo a pornografia (de leve, com carinho)

Sasha Grey, simples...

Quem sabe uns 20 ou 30 anos atrás você pudesse ignorar completamente esse texto e dizer que a pornografia não faz – e nunca fez – parte da sua vida. Mas, amigo, dá só uma olhada nessas estatísticas, deixe o site aberto enquanto lê e, ao final, vai pro banheiro pra refletir sobre o destino da humanidade. Se hoje pertencemos a dita “sociedade da informação” tenha certeza que quase metade dela é pornográfica! Desculpa, mas você não tem mais como ser o(a) garoto(a) limpinho(a) da mamãe.

Rodox, clássico pornô dos 80s
Pornô nos 80s e seus enrredos maravilhosos!

Quando eu era guri achar pornografia (e aqui eu incluiria somente uma moça pagando peitinho num catálogo de roupa íntima) era uma guerra suja, com todo o tipo de estratégias obscuras. Valia de tudo, desde espiar as vizinhas até falsificar a assinatura da mãe autorizando você a alugar VHSs grudentos daquela salinha obscura que toda a locadora de vídeo possuía. Não sei se você já passou pela incrível experiência de entrar nesses “jardins proibidos”, com o acesso irrestrito a pornografia através da internet eles ficaram no passado, mas existia toda uma “mística” inerente à aventura de se atravessar aquele umbral onde se lia “proibida a entrada de menores”. Lá dentro ninguém conversava ou olhava diretamente para o outro, era um código de conduta, e você não entrava sem antes pegar outros dois filmes para não dar na cara que estava lá só pela putaria. Ao sair era obrigatória  uma outra volta por todas as outras seções da locadora  e, ao final, os experts faziam o movimento clássico de segurar um drama qualquer pra provar que, apesar de pervertidos, tratavam-se de pessoas sensíveis.

O espólio dos místicos corredores proibidos
O espólio dos místicos corredores proibidos

Ah! Se for lembrar das memoráveis exibições de Emanuelle no Cine Prive da BAND ou do Cocktail do SBT então… (suspiro) mas não quero aqui começar uma verborreia de velho sobre como o passado era maravilhoso, a ideia é só introduzir o imaginário pornô e estabelecer um pano de fundo para outros dois textos, um tratando de estética associada às fases históricas do gênero e outro sobre como ele está presente e influencia nossa vida de uma maneira incrível. É apenas o início de uma conversa, não quero aqui me posicionar a favor ou contra a pornografia. O objetivo é somente fazer as preliminares antes de gozar o tema em si. Pra se ter uma ideia, a indústria pornográfica fatura aproximadamente 97 bilhões de dólares ao redor do mundo somente em produções “oficiais”.  Um dos mais importantes centros de produção é o brasileiro – temos até um gênero específico de pornografia –  juntamente com países como EUA e Holanda. Entre os consumidores dá pra listar fácil a Alemanha, China, Coréia do Sul e o Japão, aprenda: asiáticos e germânicos são os maiores pervertidos do mundo! Quanto mais se pesquisa sobre o assunto, mais os números te apavoram, cerca de 15% dos sites nesse nosso mundinho virtual é focado na pornografia e mais de 30% de todo o conteúdo produzido no mundo também gira em torno dessa putaria toda. Uma prova disso é o TOP 500 da Pirate Bay. Não falo só de punheteiros, a siririca tem ganhado espaço a cada dia que passa. Hoje cerca de 25% à 40% das mulheres admitem acessar conteúdo pornográfico (imagina então quantas guardam segredo).

Emanuelle, alegria dos primeiros pentelhos
Emanuelle, alegria dos primeiros pentelhos

Além disso as categorias que classificam essa sacanagem toda também se multiplicaram incrivelmente. Se na década de 80 você teria cinco ou seis formas de se rotular um filme, como softcore, hardcore, fetish, group etc… hoje na era das “tags” qualquer pequena subcategoria tem seu espaço. Porém, ao mesmo tempo que tudo isso se diversifica tentando atender um número crescente de consumidores, diminui a indústria que em seu auge chegou a ter até uma espécie de Oscar do gênero, o AVN Award, promovido pela revista AVN desde 1984.  Recentemente A Liga fez uma reportagem interessante abordando as áreas abertas pela indústria do pornô aqui na terrinha e, apesar de não ser uma penetração profunda (badumtsss) no mundo pornô, vale pelo relato.  Outra coisa que fez a alegria dos onanistas tupiquins foi a visita de Sasha Grey ao Brasil. Das diversas coberturas (sem duplo sentido) aconselho essa entrevista no Agora é Tarde. Se não bastasse tem toda a questão toda sobre HIV no pornô americano, o funk carioca, o crescimento da indústria derivada (brinquedos, fantasias e coisas do tipo), Marcos Feliciano etc… ok, mas ao invés de socar todas as referências em um parágrafo, vou fazer uma listinha ao estilo inglês de “você precisa ver”:

Sasha Grey, simples...
Sasha Grey, simples…

Filmes sobre o gênero:

Documentários:

Atores e atrizes lendárias que você deveria conhecer:

E se ainda não bastasse:

Ron Jeremy, o Super Mário do pornô
Ron Jeremy, o Super Mário do pornô em “Orgazmo”

Resolvi não falar aqui de filmes clássicos por que quero fazer um apanhado maior dessas “obras primas” no próximo texto. Existem muitas outras referências importantíssimas que não citei, por favor me ajude com isso nos comentários =) Acredito que o acesso irrestrito à pornografia tem alterado de maneira irreversível o modo como nos relacionamos e, de alguma forma, propiciado a reflexão sobre uma porção de questões sobre a nossa psicologia. Talvez não fosse tão importante tratar do tema em uma época em que o único contato que tínhamos com o tema era através das Playboys escondidas daquele tio punheteiro. Mas, sem dúvida, com a onipresença do estímulo pornográfico e a forma com que ele é veiculado direta e indiretamente, a melhor estratégia é compreender ao invés de meramente gozar ou rechaçar. No próximo capítulo vamos despir e conhecer as entranhas da “estética da sacanagem”, entrar novamente naquele corredor misterioso da videolocadora, e tentar entender como isso tudo influencia nossa forma de pensar.

Ilona Staller, minha deputada italiana
Ilona Staller, minha deputada italiana!