‘ISTO’ nos foi muito útil. Adeus, Rob!

Ninguém sabe a hora de ir embora deste mundo, mas existem pessoas que escolhem esse momento. E o motivo pra isso, geralmente é o mesmo, tristeza, cansaço, sensação de estar incompleto – depressão.

Esperei um certo tempo pra falar sobre o assunto, precisava aceitar que o meu belo e brilhante professor John Keating, teve o mesmo destino de um de seus pupilos. Acreditar que ele, que tanto me ensinou, partiu dessa forma tão triste e solitária.

John Keating e seus alunos em “Dead Poets Society”

Pode ser clichê dizer que dinheiro, fama e sucesso não é tudo, mas é o que comprovamos todos os dias, essa é uma das verdades que mais têm sido jogada na nossa cara. O fato é, nada disso importa quando se está sentindo falta de algo que não se sabe o que é, e que não está ao alcance das mãos.

Quantos já se foram dessa maneira? E quantos ainda irão? Pessoas que preencheram nossas vidas com sons e cores, que realizaram o sonho do homem de poder voar, que escreveram nossas vidas sem nos conhecer, que nos despertaram paixão pela arte de fazer sentir, seja ela qual for.

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Champignon / Santos Dumont / Kurt Cobain / Robin Williams

Como aceitar que pessoas como essas, tão bem sucedidas, não desejam mais desfrutar de tudo o que conseguiram? Como acreditar que pessoas que te fizeram rir incontáveis vezes, não consigam colocar um sorriso no próprio rosto?

Nem sempre “isto” se acha útil e nosso Andrew Martin não poderia ter se tornado mais humano.

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Robin Williams como Andrew Martin em “O Homem Bicentenário”

Robin Williams escolheu ir, deixando incontáveis fãs arrasados e confusos.

Mas será que o suicídio é realmente uma escolha? Será que quem o cometeu realmente queria isso pra si?

Sim, eu sei, todos nós temos escolhas, mas nem sempre temos condições de ver nossas outras opções, às vezes apenas uma é exaltada pelas circunstâncias em que vivemos e fazemos dela a nossa única e última alternativa.

Rob tinha família, amigos, trabalho, atuou em clássicos do cinema, fez milhões de pessoas gargalharem e se emocionarem com seus personagens, foi indicado a dezenas de prêmios, ganhou vários, tinha obras de caridade e uma história de luta, persistência e superação. Ninguém imaginaria que alguém assim, pudesse um dia sofrer do novo mal da humanidade – a depressão. Uma doença grave, que já nos levou tantos e que continua levando. Muitos sem nem saber que a possuem.

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Robin Williams como Alan Parrish em “Jumanji”

Vários dos personagens de Rob marcaram a história de muitos. Quem não ficava ansioso esperando qual a próxima supresa que sairia do emocionante Jumanji? Aguardando a cada jogada, que aparecessem os números cinco ou oito para que Alan pudesse voltar pra casa?

Quem não se emocionou com as constantes tentativas de Andrew em se tornar um ser humano de fato? Quem não derramou baldes de lágrimas quando o mesmo, já em seus últimos minutos de vida foi finalmente reconhecido pelo presidente do mundo como cidadão, título pelo qual tanto lutou durante a vida, e foi então proclamado ”Homem Bicentenário”?

Qual o ser que em toda a sua vida nunca usou as palavras ”Carpe Diem”? Uma das mensagens mais propagadas no filme Dead Poets Society. Quem não quis ter um professor como John Keating? Alguém que nos incentiva a pensar livremente, fazer dos nossos sonhos nossa realidade, lutar por nossas paixões e ainda nos ensina poesia?

Impossível relatar o que cada personagem de Rob significou na vida de quem o viu atuar brilhantemente.

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Rob como John Keating em “Dead Poets Society”

Enquanto ainda nos despedimos dele, fica a preocupação com os próximos que poderão nos deixar. Fica o medo de ser a próxima vítima. Depressão não é um momento, você não escolhe ter e nunca sabe quando pode ser atingido por ela. A busca por algo que nos dá prazer, nos faz rir e crescer, pode nos ajudar a escapar desse mal que está a espreita. Busque o que te faz feliz.

Tristeza mata de verdade. E fica um conselho de John Keating quando ela aparecer: “Rasguem a página”!

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Rob como “Patch Adams”

Você prefere terminar a vida, com alegria, coisas legais e humor, ou continuar a desgraça que é morrer, na tristeza, na ruindade?
(Patch Adams)