Na mesa estava uma típica família argentina, marido, mulher, filhos, avô e avó. Na maior hospitalidade possível, a bebida era farta e variada enquanto esperávamos pelo “Pollo com Papas”. Estava um pouco calor então optei pela Quilmes no lugar do vinho com água gaseificada (lá as pessoas mais velhas fazem essa mistura). O papo começou simples e devagar, a meu pedido claro, considerando meu espanhol de nível básico-fundamental.
Começando no futebol, passamos para história, geografia, Mercosul, América Latina, enquanto o vinho e a Quilmes começavam a fazer efeito nos estômagos vazios, até finalmente chegarmos à tal da política. Ainda bem que a comida não estava pronta, porque o perigo de engasgar era real quando eu ouvi a seguinte frase “lo mejor que hay en Brasil es Lula y Dilma”. Nesse momento um rápido silêncio ecoou enquanto eu tentava compreender se o avô dessa família, um cidadão de Rosário conterrâneo de Che, uma pessoa visivelmente instruída que fala de qualquer assunto com muita facilidade, havia de fato dito o que eu havia entendido. E foi isso mesmo, com a maior convicção do mundo ele realmente pensa assim. A princípio tentei argumentar que essa é uma visão externa e bem distorcida da realidade, mas aos poucos aquilo foi fazendo sentido, principalmente quando percebi, que não era apenas ele, mas que todos na Argentina pensam assim. Eu quase não acreditei quando vi em Córdoba, dentro da Cidade Universitária, uma estudante usando uma tradicional camiseta vermelha do Che Guevara, só que o rosto na verdade era do Lula.
Bom vejamos, Cristina Kirchner nunca foi tão odiada pelos hermanos. O país está em crise evidente, tudo é caro, mesmo com o real valendo quase três pesos. Enquanto isso nós, os vizinhos canarinhos, exaltamos a economia crescente às vésperas de Copa do Mundo e Olimpíadas. No placar só sobrou o Papa argentino, que foi comemorado intensamente por uma nação carente de glórias.
Dias atrás descobri no YouTube um documentário chamado “Lula da Silva” produzido por quem? Argentinos! O filme carrega o nosso ex-presidente como um ídolo feito Che Guevara, com um discurso escorado no sindicalista que virou Presidente da República, exaltando a política assistencialista do governo Lula.

http://youtu.be/bxQ1kQ1APeI
Então eu pensei, por onde começo? Será que eles sabem que Copa do Mundo e Olimpíada não são nenhuma glória para o Brasil? Pelo menos não para os brasileiros. Que o Lula não é nenhum “Robin Hood” que tira dos impostos para dar aos pobres, será que sabem de Belo Monte? De Eike Batista? De Petrobrás? De José Sarney? De Renan Calheiros? De Feliciano? De que a palavra corrupção já se tornou redundante quando se fala em governo brasileiro.
Como se o meu espanto pudesse ser maior, alguns dias atrás, li uma notícia sobre o novo colunista de política, economia internacional e combate a miséria do New York Times, Luiz Inácio Lula da Silva. Quer dizer, que ingenuidade a minha em pensar que só os argentinos pensam assim.
A realidade é que corrupção acontece em todos os lugares, não é o Brasil que está podre, o mundo inteiro está podre, tão podre, que olhando de longe, se enxerga apenas o imenso verde da amazônia, o brilhante amarelo da 7ª maior economia do mundo e sobre tudo isso, está cravada uma grande bandeira vermelha do PT.
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