O mundo virtual é um espaço que não conhecemos por completo. Já o habitamos e, por alguma razão, temos a impressão de que podemos viver muito bem dentro dele. Ele é atraente e oferece condições sem paralelo na realidade, como a possibilidade de editar, de apagar e de começar de novo, completamente do zero.
Além disso, temos a garantia de que enquanto estivermos conectados nunca estaremos sozinhos. Um milhão de visualizações no Youtube, dois mil amigos no Facebook; são esses os indicadores da nossa interação social. O número como princípio universal, como defendeu Pitágoras.
“Em vez de construir amizades reais, nós ficamos obcecados com a promoção pessoal sem fim”. Tal reflexão é feita na pequena animação “A Inovação da Solidão”, de Shimi Cohen, que segue a mesma linha argumentativa do livro Alone Together, de Sherry Turkle (você pode ver uma palestra da autora sobre o tema aqui).
Até que ponto essa inversão real/virtual é bacana, saudável? E mais, será que o virtual não está ganhando status de real?
Eu acredito que sim. E o filósofo Slavoj Žižek também, ao postular que “real” é uma categoria que só tem sentido se abordada abstratamente. A nossa vida online é real e tem a potencialidade de gerar transformações no mundo na medida em que interagimos.
Talvez o debate mais intenso sobre a matéria devesse girar em torno de um único tópico: estamos prontos para mudar de vez para o mundo virtual? Eu não estou.