Andrea Dip
Agência Pública
Há poucos dias, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, declarou ao jornal “Valor” que as usinas termelétricas devem ficar ligadas durante todo o ano de 2013 para evitar problemas de abastecimento de energia durante a Copa do Mundo de 2014. “As térmicas a gás e carvão ficam durante todo o período seco, para atingir o nível-meta em novembro e garantir o abastecimento em 2014, que é um ano especial por causa da Copa”, disse Chipp, acrescentando que não existe previsão nem para o desligamento das usinas térmicas a óleo, que custam ainda mais. “Se as chuvas forem boas, pode-se paralisar as térmicas a óleo a partir de maio, mas as outras ficam”, disse ao jornal. Hoje, cerca de 25 térmicas a óleo e diesel estão em operação no país.
O aumento do uso da energia com fontes térmicas – caras e poluentes – tem crescido no país nos últimos anos. Segundo o Greenpeace, o prejuízo trazido pelas termelétricas vem do uso adicional de combustíveis fósseis – óleo combustível, diesel e gás natural – , das elevadas emissões de gases estufa e do uso intensivo de água.
A assessoria de imprensa da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) diz que o uso intensivo das termelétricas já vem provocando custos crescentes: “Em novembro o custo foi de R$ 600 milhões, em outubro R$ 800 milhões e em dezembro R$ 1,3 bilhão. A previsão é de que em janeiro chegue a R$ 1,5 bilhão” respondeu por e-mail à Pública. A Abradee diz não é possível fazer uma estimativa do custo do funcionamento direto das usinas durante o ano de 2013, mas com certeza vai agravar o cenário atual, que já é crítico: “O acionamento das usinas térmicas a plena carga no ano passado, para economizar água dos reservatórios, abriu um rombo no caixa das distribuidoras de energia. Em dezembro, a conta atingiu um valor recorde de R$ 1,389 bilhão e deixou pelo menos 13 empresas do segmento com fluxo de caixa negativo”.
Os principais impactos ambientais gerados pelas térmicas são as altas emissões de material particulado, óxidos de enxofre e dióxido de carbono no ar, que causam problemas cardiorespiratórios na população e interferência na fauna e flora, além de chuvas ácidas, contaminação de lençois freáticos e contribuem para o aquecimento do planeta.
Mas para a Copa pode.
“Hoje existe muita tecnologia para minimizar e atenuar ou mesmo reduzir bastante os impactos ambientais. A questão é saber se as usinas brasileiras estão recebendo estes aportes financeiros para possibilitar adaptações tecnológicas relevantes” diz o professor Roberto Naime, do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Procurada pela Pública, a assessoria de imprensa da ONS não quis se pronunciar sobre a declaração de Hermes Chipp. Por telefone, o assessor disse que o diretor “não confirma nem desmente a informação” e que “não tem mais nada a declarar sobre isso”.
É para a Copa? Pode poluir e cobrar mais caro. Só não pode deixar os gringos no escuro.
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