Cheguei ao início de mais um período do meu curso. Por uma insistência forte do destino, felizmente estou na área que se encaixa perfeitamente no meu perfil. Após dois anos sem conseguir entrar para faculdade de Direito – sempre estando quase lá – fui surpreendentemente chamada a cursar Jornalismo, através das famosas milionésimas chamadas do ENEM. Hoje agradeço a seja lá quem for, talvez até mesmo a mim por ter me entregue de corpo e alma a essa trajetória, pela oportunidade de conhecer quem sou eu de verdade.
Sou exigente, perfeccionista e metódica. Meus trabalhos precisam estar impecáveis, entregues no prazo e bem escritos, sempre que posso. Fazem jus ao nome e me dão um trabalho gigantesco. Mas hoje, iniciando mais uma etapa, me encontro feliz. Na minha futura profissão há algo de gratificante: aos trancos e barrancos, estamos todos felizes com aquilo que fazemos. Fomos escolhidos para expor a verdade, para questionar, criticar, opinar, contrapor decisões, debater, discutir. Fomos convidados a nos tornar críticos do mundo. E exercer esse papel é o que me faz estampar um sorriso no rosto.
Não tenho uma imagem utópica da área que escolhi. Reconheço as dificuldades do mercado e da manutenção do jornalismo como uma ferramenta de função social de alcance confiável de toda uma sociedade. Faço realmente um relato, não irei generalizar essa questão. Mas me parece que todas as dificuldades colocadas a um jornalista o faz querer ir ainda mais além. Quanto maior o esforço, mais bonita é aquela matéria, com a pauta caída ou não. Quanto mais difícil, mais saboroso é redigir aquela reportagem.
Repito: não me vejo como uma pequena sonhadora num mundo de profissionais tão esforçados para atingirem suas metas. Mas iniciando esta etapa, ainda que seja cedo, eu confirmo com veemência que este lugar é meu. Eu não poderia estar em outro curso. Não há, ainda, algo que me deixe tão realizada quanto fechar uma matéria (ainda que não seja profissional), expor minha opinião num texto argumentativo, ir à busca das fontes por mais difícil que seja, procurar, desconfiar, questionar, perguntar. “Por que?”
Não estando nem perto de me considerar uma jornalista formada já sei exatamente que é disso que eu quero viver. A dúvida sobre sua carreira profissional é um fardo complicado de se carregar. Saber o ponto de partida para traçar as suas metas, os seus planos e objetivos é um passo que deve ser dado com cuidado. Não se escolhe o curso de jornalismo por última opção. Não basta também gostar de ler e escrever; não fazemos um curso de redação. Embora esses requisitos sejam indispensáveis para o bom desenvolvimento do profissional e são as bases para a estruturação, o dom ainda pode fazer a diferença.
Escolher jornalismo é optar pela verdade. Quando perguntam-nos em sala de aula o que é jornalismo poucos de nós sabemos responder. A verdade é que limitar essa área a uma simples definição seria uma audácia com o nosso campo tão vasto, com a nossa carreira tão diversificada e com a nossa vontade e coragem de superar todos os obstáculos que aparecem. Escolher ser jornalista é sentir o prazer de repassar. Seja a informação, seja o fato, seja a opinião, seja o flagrante, seja a fotografia inédita, seja a reportagem.
Hoje, com o estudo de novas disciplinas, com a implantação de novos desafios e a busca por novas conquistas, eu me encontro ainda mais certa de que não somente eu escolhi o jornalismo, mas ele também me escolheu. E aos trancos e barrancos da nossa profissão, desde a desvalorização à sua importância social, eu decidi fazer parte dessa classe. É com toda utopia, razão e seriedade que eu abraço a minha causa: eu serei jornalista e me orgulharei disso. Teve um autor que disse o seguinte:
“A comunicação é uma encruzilhada pela qual muitos passam e poucos permanecem.” (Wilbur Scharmm)
Eu vou permanecer.