Observar o quão rápido algo ou alguém ganha ou perde relevância pelo Facebook é quase um estudo antropológico. Hoje uma foto ganhas centenas de likes e comentários, amanhã, nenhum. Hoje alguém é extremamente bem sucedido, com uma vida super interessante e relevante, amanhã é alguém que está lá escondido na timeline sem existir.
O medo de “não existir” leva as pessoas a encherem a timeline alheia de informação desnecessária. Em casos extremos a isso é dado a alcunha de attention whore (prostituta de atenção), mas vamos ser sinceros com nós mesmos, dê o primeiro block aquele que nunca se decepcionou com um post super pensado e interessante, que ganhou dois likes apenas.
As notificações vermelhas no canto superior esquerdo da tela se tornaram um juiz do seu status dentro da sociedade. Tantos posts (meus inclusos) reclamam sobre a necessidade de expor felicidade maior do que da de senti-la. Mas todo mundo quer ser relevante, todo mundo quer fazer parte de algo, e o Facebook proporciona algo que muitos jogos proporcionam, e que a vida não. Gratificação instantânea.
Na vida você precisa trabalhar e se esforçar anos pelas gratificações, que as vezes nem aparecem. No Facebook você recebe uma gratificação instantânea, um “joinha” por dizer algo, ou postar alguma foto. Você colhe frutos do seu esforço (ou nenhum) quase que automaticamente. Essa gratificação pode se tornar viciante, como muitos jogos, mas com a grande diferença que você geralmente termina os jogos, ou se cansa deles. O Facebook representa uma segunda via da sua vida, você pode se cansar dela, mas acaba voltando. Todos os seus amigos e familiares estão ali, é difícil não fazer parte.
Por um lado essa rede pode aproximar pessoas que estão muito longe, fazer você parte da vida delas e vice-versa, mas por outro, essa necessidade de nos conectar com pessoas distantes coloca grilhões nos nossos membros. Relevância, relevância, relevância. A necessidade de mostrar uma vida feliz e produtiva no Facebook, gera estresses na vida fora dele. Quantas vezes aqui alguém postou fotos de um lugar que estava odiando, lugar com pessoas desconhecidas, ou com conhecidos demais, enfim, por motivos próprios, pelo costume de mostrar no Facebook a felicidade que a sua vida é. Mas não concordem comigo, eu sei como é difícil admitir isso abertamente.