Um tempo cujo havia infância

Tenho pena das crianças de hoje, pois não sabem o valor do tempo. Parece brincadeira, mas as coisas, atualmente, estão à sua disposição de uma maneira bastante diferenciada de há décadas. No meu tempo de menino tudo parecia eterno. Um dia inteiro era como se fossem dois hoje. Pois se podia dividir entre o turno da escola que parecia não acabar mais e o resto do dia, que seria outro totalmente dedicado ao lazer.

Algumas das brincadeiras nos intervalos escolares: mão no bolso, sardinha, chulipa, jogar bola em quadra cheia de buracos, onde uma torcida era para a bola entrar no gol e a outra era para que o dedão do pé não ficasse na cratera. Assim como outras tantas brincadeiras que no momento não recordo. E hoje? Hoje os estudantes preferem algo mais moderno: acessar ao whatsapp para conversar com o colega que está ao seu lado, passar alguma música do momento para o celular do amigo, acessar ao facebook e fazer outras coisas que não se podiaMOS, antes do grande aparato tecnológico.

Ah! Esse artigo é dedicado àqueles que sabem o valor do tempo e, em algum momento, já tentou “gazear” no ultimo horário da escola só para chegar em casa e assistir ao Dragon Ball, Beyblade, Samurai X. Bem como tantos outros desenhos da época (não me esqueci de vocês). Pois somente estes poderão entender melhor o que estou a relatar. E, com tal dedicatória, termino por mostrar o tipo de estudante o qual fui. Entretanto, voltando à questão do tempo, este que nunca parou um segundo para olhar para trás, percebo que não existe mais aquele gosto às crianças atuais, gosto esse que tínhamos ao ver um determinado episódio de série, desenho, novela ou filme. Aquele gosto malicioso de chegar a escola e perguntar ao colega:

– E aí assistiu ao episódio da novela ontem?

Torcendo para que a resposta fosse negativa.

– Não! O sono não deixou.

Com satisfação e sabendo que o outro agora terá de assistir a reprise em “vale a pena ver de novo” sabe deus lá quando, para poder recuperar o episódio perdido.

– Ah, pois tu não sabe o que aconteceu…

E, com toda a satisfação do mundo, narra o episódio perdido pelo outro, se achando o próprio protagonista da história.

Pior que isso era quando passava um determinado filme na TV. Nesse caso, pelo menos quando eu assistia ninguém comentava na escola, mas quando perdia parecia um filme derivado de um Best seller que acabara de sair no cinema, posto que todos comentassem ao ponto de eu querer regressar no tempo e fazer de tudo para conseguir assisti-lo.

E o que isso tem a ver com o tempo? Tudo. Porque esse tipo de acontecimento dificilmente ocorrerá atualmente, pois tudo agora está na internet a uma velocidade avassaladora e não existe mais a preocupação em sacrificar alguma coisa por outra coisa.

Finalizo este artigo de forma parecida com a introdução, mas tentando imaginar a resposta de quem não viveu esse tipo de acontecimento e pertence à época atual:

– Tenho pena das crianças de “ontem”, pois não sabiam aproveitar o tempo.