Como Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, ajudou a salvar a catedral da demolição

Notre Dame de Paris

A palavra esculpida na parede significa “destino”. Assim começa o trágico romance Notre-Dame de Paris, publicado pelo escritor francês Victor Hugo em 1831.

Muitos lembram a história como uma crítica ao julgamento das pessoas pela aparência ou status: o protagonista, Quasímodo, nasceu monstruosamente deformado e foi deixado nos portões da igreja, onde cresceu. O antagonista do livro é o arcebispo de Paris, Claude Frollo, que dá o trabalho de sineiro para o menino. Depois, pai e filho adotivos se apaixonam pela mesma mulher, uma garota de 16 anos que dança pelas ruas da cidade e é chamada de La Esmeralda. Frollo acaba traindo La Esmeralda, enquanto Quasímodo tenta salvá-la. O monstro se torna o herói, mas é tarde: a menina é enforcada por um crime que não cometeu. Furioso, Quasímodo joga Frollo do teto da catedral de Notre-Dame e passa o resto dos seus dias escondido no cemitério onde La Esmeralda foi enterrada.

Renomeado de O Corcunda de Notre-Dame quando foi publicado em inglês, o romance reverteu o hoje padrão de herói do cinema ou da literatura. A obra, porém, não é apenas sobre um garoto deformado tentando salvar a vida de seu amor platônico: ela é, antes de tudo, um romance sobre a arquitetura gótica. O foco moral do roteiro é a catedral de Notre-Dame, em Paris, a arquitetura é o cenário, dá personalidade aos personagens e liga todos os seus destinos. O protagonista do livro não é uma pessoa, é uma construção que Victor Hugo considerava senciente.

A arquitetura gótica evoluiu do estilo romanesco por volta de 1.100 d.C e alcançou seu ápice na metade dos anos 1400. No século 19, quando Victor Hugo escreveu o livro, era a época da Renascença. Assim, os parisienses consideravam as construções medievais vulgares e monstruosas. Chamar um prédio de “gótico” era um insulto, uma referência a tribos góticas e vândalas germânicas consideradas “bárbaras” pelos franceses. Então, a história gótica de Paris foi colocada abaixo em nome de projetos mais “respeitáveis” – ou mais “lucrativos”.

Victor Hugo estava alarmado. Ele acreditava que a arquitetura tinha alcançado seu auge durante a era gótica, como diz no capítulo 2 de sua obra-prima: “Do início de todas as coisas até o século 15 da Era Cristã, a arquitetura foi o grande livro da humanidade, a expressão por excelência do homem em seus vários estágios de desenvolvimento, tanto em força como talento”. Ele amava a Paris gótica e queria que suas estruturas fossem preservadas. As torres de Notre-Dame, assim, eram símbolo de um glorioso passado da cidade. Para o escritor, os arquitetos renascentistas e seus projetos não tinham nada a oferecer à história parisiense.

Em 1829, porém, a igreja de Notre-Dame estava em ruínas: a catedral tinha sido usada como uma fábrica de pólvora durante a Revolução Francesa e ficou seriamente danificada. Logo, suas grandes pedras foram destinadas à construção de pontes pela cidade. Victor Hugo temia que, assim como muitas estruturas góticas de Paris, logo a Notre-Dame seria demolida. Assim, ele decidiu fazer algo.

A primeira coisa foi escrever um editorial declarando “guerra” aos demolidores da cidade. Em Guerre aux demolisseurs!, ele dizia que um “grito universal deve finalmente chamar a nova França a ajudar a velha”. Anos depois, saiu o livro (janeiro de 1831) aclamado pela crítica.

O sucesso do livro levou milhares de franceses do interior de outras cidades do mundo a Paris para visitar o templo que Victor Hugo descreveu com tanto amor. Até hoje, os turistas querem o lugar em que Quasímodo escondeu La Esmeralda dos soldados, a sala em que Claude Frollo conspirou com o rei da França ou o lugar em que uma “triste alma” escreveu a palavra “destino” na parede.

Nos primeiros anos, porém, o que o público encontrava era uma igreja com riscos de cair no coração do centro de Paris. Como o escritor havia antecipado, os leitores acabaram concluindo que os parisienses não tinham parado para observar a beleza, o tamanho e os detalhes da sua igreja e, mais do que isso, saíram em defesa da Notre-Dame – em 1844, muito por causa da obra, começou um grande trabalho de restauração.

Em vias de completar 200 anos, o livro é inseparável da igreja, uma relação mágica que é estudada nas faculdades de arquitetura, que atrai milhões de visitantes a Paris e muitas vendas para as edições da obra, assim como dos mais de 50 filmes, séries, músicas e games que foram feitos a partir da história original.

A Notre-Dame, uma das primeiras catedrais góticas do mundo, foi terminada em 1345 e, 500 anos depois, o fato de o prédio ser uma obra de arte e uma maravilha da engenharia humana não importa mais. Em 1830, a igreja estava condenada – até uma história ficcional transformar a relíquia em tesouro nacional. A lição para a arquitetura moderna é clara, segundo o projetista francês Richard Buday: “Uma construção sem uma narrativa oral, prosaica ou gráfica está condenada ao esquecimento”.

“Seja bela e cala a boca”: a experiência feminina no cinema

seja bela e cala a boca

Atenção: o texto a seguir não poderá ser considerado mimimi pois não encontramos essa definição nos termos técnicos do cinema mundial. Há a definição de documentário e é sobre isso que você lerá nas linhas seguintes.

Com certeza você já conheceu muitas pessoas e, apesar de poder traçar paralelos e semelhanças entre elas, nós temos que concordar que cada indivíduo é um universo mui particular.

O universo feminino, então, mais particular ainda. Freud bem que tentou, mas não conseguiu explicar, e nem poderia: ele não era uma mulher. Mas, nos idos tempos de 1976, uma cineasta tentou explicar um pouco desses universos que se cruzavam em uma linha comum e coletou depoimentos de vinte e quatro atrizes para saber mais sobre o que aquelas mulheres pensavam e, principalmente, o que tinham a dizer sobre suas experiências profissionais.

Esse foi o empreendimento de Delphine Seyrig, a mulher que reuniu mulheres de diferentes nacionalidades, classes e vivências no documentário “Seja bela e cala a boca”. O trabalho de Seyrig ganhou notoriedade recentemente ao ser exibido em algumas salas culturais brasileiras, o que deu nova fôlego aos debates feministas, já que o documentário surge como uma forma de questionar o que mudou desde o seu lançamento até o nosso glorioso ano de 2019.

O filme, que conta com depoimentos de Jane Fonda, Shirley MacLaine, Marie Dubois, Maria Schneider, Juliet Berto, Patti D’Arbanville, Anne Wiazemsky e Ellen Burstyn, mostrou o ponto de vista das atrizes sobre os papéis mais comuns que eram chamadas para interpretar: personagens alienadas e estereotipadas.

Fica nítido que é um documentário com relatos negativos sobre como as mulheres eram representadas pela indústria cinematográfica em 1976. Até aí, nenhuma novidade para quem lembra do discurso de Meryl Streep no Globo de Ouro em 2017.

O documentário traz à tona os questionamentos sobre as mudanças e avanços que o cinema feminino trouxe para a atualidade. O velho – mas não desgastado – debate sobre o que é ser mulher e, principalmente, a relevância dos papéis femininos mais complexos para o debate de representatividade e feminismo. Ao lançar o documentário ao mundo, Seyrig inverteu um papel. A atriz estava acostumada a viver – e a trabalhar – de frente para as câmeras.

Delphine Seyrig deixou o mundo em outubro de 1990, aos 58 anos. De origem libanesa e família protestante, viveu na França e trabalhou com diretores renomados como Luis Buñuel e François Truffaut. O último filme no qual contracenou foi lançado em 1989, Johanna d’Arc of Mongolia, de Ulrike Ottinger, no qual interpretou Lady Windermere. A esta altura, a arte de Delphine já estava imortalizada em sessenta obras audiovisuais entre curtas, longas e demais produções para televisão francesa.

Uma das principais atuações da atriz está em Baisers volés (Beijos Proibidos, 1968, François Truffaut). Delphine Seyrig também participou do curta-metragem americano Pull May Dayse, celebrado como o manifesto da geração Beat, que foi escrito e narrado por Jack Kerouac.

Delphine fez história, arte, cinema e, literalmente, um documentário que deu voz a outras experiências femininas. Mesmo tão próximo de completar 30 anos da morte da atriz e diretora, o tema levantado por ela em 1976 não podia ser mais atual.

O piano é a voz de Amaro Freitas

amaro freitas no piano

O Amaro Freitas é um músico contundente. Instrumentista de raro talento e sensibilidade, o pernambucano prega a representatividade como filosofia para mudar o cenário da música instrumental brasileira.

Hoje quem o vê viajando o mundo, tocando nos maiores e mais tradicionais clubes de Jazz, como o Ronnie Scott’s, por exemplo, mal sabe como o seu groove percussivo teve que ser tão vigoroso quanto suas frases ao piano para finalmente conseguir ter voz no Jazz.

Ao lado de Hugo Medeiros (bateria) Jean Elton (baixo acústico) e Henrique Albino (saxofone/flauta/clarinete), Amaro cunhou “Rasif”, um trabalho que mais do que suceder sua primeira gravação, “Sangue Negro” – o disco que como o próprio compositor diz: “mudou a minha vida” – dá um passo rumo a uma escolástica que ao se dissociar do Samba-Jazz e da Bossa Nova, cria um bloco maciço de matemáticos padrões percussivos inspirados no Coco, Ciranda, Baião, Maracatu, Maxixe e Frevo, alguns dos ritmos regionais Pernambucanos que Amaro e banda estudaram para criar o infinito particular de “Rasif”.

E depois de uma tour requisitadíssima e que passou por todos os cantos da Europa e chegou até o Japão, o músico já virou o ano em terras canarinho para promover o lançamento de um disco que saiu com exclusividade pela Far Out Recordings, no dia 19 de outubro de 2018.

E foi no SESC Pompéia, repetindo o mesmo script do lançamento de “Sangue Negro” – que foi exatamente no mesmo palco do Teatro – que o músico lotou a casa (novamente) para mostrar a riqueza dos sotaques da cultura popular afro-brasileira.

Com um show que superou as duas horas com relativa tranquilidade, Amaro abriu o espetáculo mostrando um pouco dos temas de “Sangue Negro”, como se fosse uma transição, apresentando essa nova fase para o ouvinte: “Olha cara, em 2016 eu estava aqui e agora esse é Rasif”.

E depois que o pianista mandou “Dona Eni” a plateia pode enfim observar por que o som de Amaro enlouqueceu os gringos. Em “Dona Eni”, muita coisa sobre o disco já é desconstruída. É impressionante como as faixas são carregadas nas marcações do rabecão de Jean Elton, mas ainda assim, mesmo com um baixo acústico na estrutura, Amaro preenche o som fazendo as melodias, o baixo, tudo num contexto muito livre e interessantíssimo para o improviso, o cerne do Jazz.

Quando Amaro faz o baixo, Jean consegue preencher o som de outras formas. As linhas são harmônicas e se o baixo de Amaro está colando na batera de Hugo, Jean consegue espaço pra alterar a dinâmica. Dessa forma, os músicos estão dispostos numa formação que facilita a criação de um som sincopado e que ao entregar muitas variáveis rítmicas, chega ao groove mesmo sem tocar um Funk propriamente dito.


Em temas como “Paço”, por exemplo, Amaro pega o Frevo e mostra como o seu tempo é vigoroso, explorando frases de grande capacidade melódica, num formato de power trio que pesa uma tonelada.

O trabalho de Hugo Medeiros (bateria) Jean Elton (baixo) e Henrique Albino (sax/flauta) também merecem honrosa menção. Achei interessante como tudo que envolve o som converge no baixo de Jean. Quando Amaro faz o baixo, o baixista não se limitava a endossar suas marcações, tampouco fica chovendo no molhado ao acompanhar a bateria de Hugo Medeiros, muito pelo contrário, ele sempre oferece um contraponto muito interessante para o improviso do trio.

O Hugo mostrou muito pulso e precisão. A escolha dos timbres dos pratos, o cuidado com as peles… Foi uma performance absolutamente segura e que mais do que técnica e virtuosismo, evidenciou um entrosamento quase telepático entre os músicos. Henrique Albino, quando requisitado no sax ou na flauta, também fez um trabalho primoroso. Na flauta mostrou grande feeling, no sax fez o diabo em demenciais improvisos que beiravam o mais etílico dos Bebops.

Mas em função do caldeirão de ritmos, algumas composições de Amaro chegam como quem diz: “olha minha senhora, sei groovar, mas consigo fazer sair uma lágrima do seu olho também”. A leveza do piano em “Rasif” e a classe e bom gosto dos timbres de “Aurora” são o reflexo de um músico confortável com novos rumos criativos e absolutamente imerso em suas próprias raízes.

Emanando uma musicalidade universal, Amaro mostra como a música brasileira é grande e propõe uma visão menos clichê com relação ao nosso Samba-Jazz e a Bossa Nova. Ao pesquisar a essência dos ritmos da cultura regional, ele expande uma visão que paradoxalmente limita a possibilidade de que um novo “Rasif” surja no futuro.

É transgressor. Precisa desafiar os ouvidos. É Jazz e é necessário se posicionar, desconstruir. Apesar de instrumental, “Rasif” é a voz de Amaro Freitas e nós conseguimos bater um papo com o músico pra entender um pouco mais, não sobre o disco em si, mas também sobre a importância da cultura regional, desmistificação de estereótipos, os novos rumos do Jazz e a fraca estrutura da nossa cena nacional.

Entrevistando Amaro Freitas

Amaro, é interessante observar que apesar da grande contribuição do nosso país frente ao Jazz, com nomes como Airto Moreira, Dom Salvador, Nana Vasconcelos, Moacir Santos, Egberto Gismonti, Eumir Deodato… A lista é muito longa, só que mesmo assim, apesar de uma grande diversidade musical, parece que o Brasil ainda está bastante vinculado ao Samba Jazz e a Bossa, uma visão limitada que discos como o “Rasif” estão tentando desconstruir. Como você enxerga esse processo, principalmente depois do ano de 2018 onde você teve a chance de apresentar esse trabalho em vários países europeus, chegando até o Japão?

É então, eu posso dizer que realmente eu não sabia qual era o reconhecimento do Brasil fora do Brasil. E eu pude observar que o Brasil ainda é conhecido pelo estereótipo do Samba-Jazz e Bossa Nova, apesar da diversidade cultural que o Brasil tem, algo multicultural.

E eu acho que na minha cabeça a música nordestina, essa coisa do Baião, do Frevo, era muito diversificada lá fora, muito divulgado. Já existia esse contato né, hoje tem bandas gringas que tocam Samba-Jazz e tocando Bossa Nova há muito tempo.

Eu acho que a primeira oportunidade que a gente tiver de mostrar isso de forma inteligente é interessante agir, por exemplo: tem algumas coisas que são necessárias pra quebrar esse estereótipo na minha cabeça. A gente precisa ter dentro de nós essa vontade política, falando do músico instrumental e do músico cantor também, por que muitas vezes estamos apenas preocupados em fazer música, em ser esse ser criativo, mas não agir politicamente.

É importante se posicionar, falar nas entrevistas… Ter um posicionamento. Esse posicionamento ele não acontece, por exemplo, altas bandas brasileiras que tocam coisas diferentes, mas que quando vão pra gringa resolvem tocar João Gilberto, Tom Jobim. As vezes nem tem relação com  som do cara, é só por que o cara sabe que essa música vai dar certo.

Vai estabelecer um link imediato né?

Exatamente e isso dificulta para que novas formas sejam conhecidas lá fora, justamente para que as pessoas conheçam esse Brasil multicultural.

Até pra provar que discos como o seu são de fato possíveis também.

Exatamente, daí eu lhe digo que é um disco que não tem Samba-Jazz nem Bossa Nova e não por não gostar, até por que eu sou fã demais, mas por ter outras coisas que me influenciam e essa é a minha relação com a arte. Eu só acho que pelo fato de ter saído por um selo inglês, que é a Far Out, de ter uma empresa que representa o trabalho, que é a 78 Rotações, mostra uma organização e um potencial.

O “Rasif” saiu nas listas de melhores do ano em diversos países, teve matéria na Alemanha, Estados Unidos, Israel… Até a Downbeat escreveu sobre o disco e aqui no Brasil o disco foi colocado como o trabalho de um artista brasileiro, então a gente sai dessa caixinha instrumental e entra no hall dos artistas nacionais, que é isso que um instrumentista precisa pensar também, por que as vezes a gente se categoriza num determinado formato, quando na verdade a gente faz parte do todo também.

É como se o artista tivesse o trabalho dele instrumental, mas ele é subcategoria, os grandes, os cabeças são os cantores né. Aí a gente tem alguns exemplos de artistas que conseguiram sair desse hall que é só instrumental e agora viram um artista nacional, representando a música instrumental.

O Yamandú Costa, o Hamilton de Holanda, talvez os mais novos… Tem Hermeto, tem uma galera. E é muito importante esse trabalho.

Acho que o Bixiga 70 é um exemplo legal também dentro desse contexto.

Claro, claro, eu acho que o Bixiga 70 também, com certeza e o Hamilton de Holanda e o Yamandu… O que diferencia o trabalho deles eu acho que é o formato. É o formato clássico do Jazz. A gente não tem um instrumento que representa o Brasil logo de cara no nosso trio, que é um trio de Jazz tradicional, com piano, baixo acústico e bateria.

Não tem um cavaquinho, não tem um bandolim, não tem a percussão….

E o interessante é que você não precisou contar com isso pra fazer um trabalho percussivo no piano.

Exatamente, ela está na bateria de Hugo e no meu jeito de tocar. Mesmo sem ter a percussão e talvez a forma como a gente faz Jazz hoje que aí agora é só falando sobre essa categoria específica do Jazz, alinha um Brasil instrumental, um Brasil Jazzístico com vários Jazz que estão acontecendo em Israel, por exemplo, nos Estados Unidos e na europa, que é esse Jazz contemporâneo que foge desse padrão, ele é mais rítmico, mais matemática, mais mantra… Ele é mais cultural. 

Hoje você tem um Avishai Cohen que é um baixista israelense que toca melodias que remetem a cultura de Israel, mas pensando muito na parte rítmica. Você tem um Craig Taborne que é um pianista americano que trabalham células rítmicas de claves da música negra americano, afro-americana e consegue levar isso ao piano tornando isso uma nova linguagem.

E a gente faz um trabalho rítmico aqui no Brasil, pensando nessa coisa do piano rítmico e da estrutura clássica do Jazz que causa uma diferença muito grande no que está acontecendo no Brasil, falando agora especificamente sobre Jazz, mas que alinha muito forte com o que está acontecendo no mundo.

O seu primeiro disco “Sangue Negro”, carrega elementos de Samba Jazz, além de ter começado os estudos rítmicos que você elevou a décima potência com “Rasif”. Um trabalho repleto das mais ricas vertentes rítmicas da música afro-brasileira, como o Maxixe, Baião, Ciranda e Maracatu. Você subverteu tudo para a linguagem do Jazz, em trio com baixo e bateria. É muito informação hahaha Como que foi a transição do “Sangue Negro” pra essa nova filosofia e como que foram os estudos ao lado do Jean Elton (baixo acústico) e do Hugo Medeiros (bateria) pra atingir essa complexa sonoridade repleta de polirritmias e atonalismo? 

Então, eu me dedico só ao piano hoje em dia. Me dedico exclusivamente ao meu trabalho autoral, então são horas de estudos e eu posso dizer também que o período da turnê de “Sangue Negro” foi um período onde eu conheci muitas coisas novas.

O trupé de arcoverde… O meu trabalho é basicamente pegar o ritmo e tornar ele um pouco diferente, sem tirar a sua essência. O Baião de “Dona Eni”, “Trupé”, “Vitrais”, “Rasif”, todas essas músicas carregam um significado. O processo foi de pesquisa, de entender melhor esses ritmos e compreender suas células e suas claves, começar a montar né, compor essas músicas no piano e trocar isso com os músicos.

A gente tem uma rotina de ensaios semanais e nesse ensaio a gente toca as músicas, conversamos sobre a vida e tanto essa conversa sobre a vida, como também tocar as músicas, trás uma diferença muito grande no palco e no resultado final da música.

Amaro, nos últimos anos várias bandas brasileiras estão conseguindo estabelecer esse canal com o exterior. O Bixiga 70 talvez seja o maior exemplo disso. O que você acha que facilita esse intercâmbio, olhando especificamente para o Jazz? 

Por que a impressão que eu tenho é que na europa, principalmente em UK com a revolução de Jazz atingindo o mainstream na europa toda e nos Estados Unidos é que as pessoas de fato consomem música, elas compram disco, vão nos shows e a mentalidade parece diferente daqui, onde o povo ainda teima em dividir a música instrumental de outras estéticas. 

O que eu vejo é que o mercado na europa tem uma organização muito forte, uma estrutura parecida com o SESC, só que aí você tem isso em cada país e cada estados. A grande diferença da europa é que aqui a gente tem o SESC que é movido, também com verba governamental e lá as coisas se pagam com a própria bilheteria.

O cara tem uma estrutura pra dizer o cachê que você vai receber, buscar você no aeroporto.

A logística é até mais fácil.

Sim, a logística já é programada e se a gente não pensar o SESC no Brasil, que casa vai fazer isso, de tipo, antes de ter a bilheteria, já garantir o cachê. A gente não tem isso aqui. Então todos os clubes de Jazz, como a Casa da Música em Porto, Ronnie Scott’s, na Inglaterra, cara, todos tem pianos e pianos bons, com uma estrutura muito boa pra lhe receber.

A europa é um continente onde os países são muito próximos, se a gente for pensar também.

A malha de transporte também

É diferente cara, tem uma estrutura que o Brasil não tem. Tem uma verba que é geradA dos próprios clientes dos clubes. A gente toco em lugar de 50, 60 anos e aí eu vi senhoras que levavam seus filhos, que levavam seus netos.

Então são gerações que vão se acostumando a frequentar aquele lugar por que a educação também funciona diferente. São vários fatores, o que eu percebo lá também é o seguinte: alguns lugares lá não eram o que é hoje e eles começaram de uma forma mais precária e uma hora o governo percebe que aquilo ali deu certo e dá uma verba, mas não é uma verba que vai sustentar pra sempre, é uma verba pra monta uma estrutura boa.

Sim, pra começar a rodar.

Exatamente, essa é a grande diferença das casas brasileiras para o que acontece lá fora, por que lá elas se sustentam por si só. Aqui a gente precisa de um investimento governamental e isso é uma coisa na verdade que eu fico muito preocupado com Brasil, por que se o governo não tá lega, aí é a nossa música que sofre, entendeu? Ai se o governo tá legal, a nossa música ganha.

A gente fica nessa dependência governamental por conta de uma estrutura que lá no passado não moi montada e pra recomeçar agora, vai dar um trabalho.

Amaro, o que chama mais atenção no Rasif é como você conseguiu interligar os ritmos com o Jazz, deixando o seu piano muito percussivo e vigoroso. Os tempos são muito quebrados, mas apesar disso existe leveza, sensibilidade, sentimento e em termos de estrutura parece até que a banda segue o padrão de um Funk. A cozinha do Jean Elton (baixo acústico) e do Hugo Medeiros (bateria) faz o som parecer um profundo estudo sobre grooves com temática regional pernambucana. Como que vocês atingiram esse entrosamento? Pode explicar essa dinâmica? 

É porque tem uma parada que acontece no nosso trabalho que é a presença do Groove. O Groove é muito forte e toda vez que a gente groova parece uma coisa de gueto, uma coisa meio de movimento periférico e isso agrega uma característica do Funk, do Baile, do Brega, se você for pensar também.

São coisas que carregam muito swing, muito groove, mas não é aquele groove. Não é o Funk por si só, mas também não é o groove do Samba. Sabe aquela coisa mais comemorativa?

Você acha então que é mais um lance de dinâmica de vocês?

Eu acho que é tudo uma questão de entender qual a posição que você ocupa nessa cadeia de música. O que eu sou como um músico? A gente gosta de swingar, gosta muito de groove.

Você acha que isso tem relação com o formato que vocês tocam, em termos de estrutura?

Acho que o principal lance é a nossa capacidade de nos conectar. De conseguir expressar o que a gente tem como ideia musical. Com certeza a nossa vivência ajuda muito e nós pesquisamos todas as referências que cada membro da banda trás, mas talvez a grande sacada seja a liberdade de espírito que cada um tem pra aceitar o outro.

Às vezes acontece de alguém errar.

Mas ai você fala que é Free Jazz

Nós entendemos isso como um processo natural cara, por que a gente tá se jogando muito. Você se joga de paraquedas e nem sempre a queda dá certo. Você pode sair com um torcicolo, com o coração acelerado, mas o importante é que você pouse e fique vivo, então é mais ou menos isso.

Pra fechar Amaro, muito obrigado pela atenção. Queria saber de você, pensando agora na arte como um instrumento de resistência e posicionamento político, como que você enxerga o difícil processo de melhorar a penetração do Jazz no Brasil, visando um público mais diversificado e menos elitista para facilitar a difusão de sons e estimular a criação de uma cena, algo que ainda é muito perene e pouco tangível no nosso país.

Eu acho que primeiro a gente precisa ganhar força, ganhar nome, pra ter voz. Pra que isso aconteça é necessário ser bom em alguma coisa, mas muito bom, então foi isso que eu botei na minha cabeça.

O Muhammad Ali foi um dos maiores boxeadores do mundo e ele teve uma grande influência política nos Estados Unidos e no fim das contas não importa, ele poderia ser um grande pianista, um grande nadador, mas o que está por trás é que pra chegar lá você precisar fazer alguma coisa, seja no boxe ou na música.

E eu acho que existem outras representatividades que podem ser vencidas, tanto o Jazz como a música instrumental no geral, como a criatividade sem ser uma coisa já estabelecida.

Que tal a gente criar coisas que talvez nunca existiram? Que tal a gente se permitir tocar como se fosse uma criança, sabe? A representatividade do negro que pode ser o que quiser.

Você não precisar estar sempre fodido por que você toca Jazz

Exato, essa coisa de posicionamento político é muito necessária, mas você tem que ser muito foda no que você faz.

Até porque ele cobre todo o caminho que envolve o som, do começo ao fim da jornada.

Sim, agora imagina se o Neymar tivesse um posicionamento político voltado para o Brasil.

Eu tenho até medo disso.

Pois é cara, é a mensagem, a importância da mensagem.

Sim, você não canta né, mas consegue passar a mensagem.

Claro, o quanto o Obama representou. Pô, o Obama começou a colocar um bocado de negro na Casa Branca cara, isso nunca tinha acontecido. Esperanza Spalding, Stevie Wonder, Robert Glasper… Todo mundo tocando lá e isso não acontecia.

Eu sou um pianista negro, um pianista que veio do nordeste. Sou um cara que não tive a formação de base nas melhores escolas, fiz universidade, mas eu e preciso tocar e aliado a isso não posso pensa só em tocar, por que senão eu não consigo mudar nada.

Luís Gonzaga é o cara que dá voz ao Forró, que faz o Forró virar Forró e se tornar a nossa tradição. Ele distribuiu mais de 700 sanfonas pelo nordeste pra garotos que tinham possibilidade e que queriam tocar.

Isso fortificou o cenário de sanfoneiros no nordeste todo e hoje em dia existem vários, só que essa história não é contada. Essa representatividade no Jazz, nos projetos sociais, na vida, ela vem quando a gente ganha uma voz e é essa voz que to querendo ganhar pra poder lutar por essas questões.


Acho que ele está no caminho, hein?

Como as redes sociais alimentam a nossa ansiedade

redes sociais e ansiedade

As redes sociais, como o Facebook e o Instagram, são ótimos meios de facilitar nossa conexão com as pessoas. Seja para compartilhar atividades, nossas opiniões ou manter contato com amigos distantes.

Elas nos fornecem a sensação de estar conectados e atualizados ao que está acontecendo no mundo. O que é bom, afinal, não nos sentimos isolados.

É útil, em muitos casos, para superar a solidão e a depressão, tendo um efeito positivo na autoestima.

O lado negativo é que seu uso excessivo pode levar a problemas sérios. Problemas físicos e mentais, como a falta de concentração, privação do sono, depressão e ansiedade.

Transtorno de ansiedade de mídia social: o que é?

Não é nenhum segredo que as pessoas passam muitas horas na internet. Mas, como identificar o momento que isso se torna uma doença?

Bom, você fica ansioso quando não consegue checar sua conta no Facebook, no Instagram ou no Twitter? Acredite ou não, isso é um verdadeiro distúrbio.

Os transtornos de ansiedade são os transtornos mentais mais comuns no mundo todo. Parece que, quanto mais tecnologia adquirimos, mais estressados ​​nos tornamos.

Uma pesquisa recente mostra que os brasileiros desbloqueiam o celular, em média, 78 vezes ao dia. Entre pessoas com idades de 18 a 24 anos, esse número é ainda maior, subindo para uma média de 101 vezes ao dia.

Isso é mais do que “apenas aquela olhadinha”, é um bom tempo do dia gasto em verificar notificações.

Como identificar o transtorno de ansiedade de mídia social

A maioria das pessoas que possuem contas de mídia social não ficam nervosas ou estressadas quando não conseguem verificar suas notificações a cada cinco minutos.

No entanto, para aqueles que têm o transtorno de ansiedade de mídia social, apenas o fato de ficar longe de sua conta no Facebook, Instagram, Twitter ou WhatsApp por alguns minutos pode causar uma ansiedade severa.

Estudos também já comprovaram que o vício em internet causa mudanças no cérebro semelhantes às normalmente encontradas em pessoas viciadas em drogas, como álcool, cocaína e maconha.

Alguns dos sintomas mais comuns do transtorno de ansiedade de mídia social são:

  • Interromper conversas para verificar suas mídias sociais;
  • Tentar parar ou reduzir o uso mais de uma vez sem ter sucesso;
  • Perda de interesse em outras atividades;
  • Negligenciar o trabalho, ou a escola, para usar as mídias sociais;
  • Vivenciar sintomas de abstinência quando você não consegue acessá-las;
  • Gastar mais de seis horas por dia na internet ou em mídias sociais;
  • Ter uma grande necessidade de compartilhar as coisas com os outros;
  • Ter a necessidade de estar com seu celular 24 horas por dia para verificar as redes sociais;
  • Usar a internet, em geral, com mais frequência do que o planejado;
  • Enfrentar um grave nervosismo quando você é possível verificar as notificações do celular.

No geral, cerca de 30% dos usuários de redes sociais passam mais de 15 horas por semana online.

Isso pode reduzir muito a capacidade de aproveitar a vida real. Também pode custar relacionamentos, empregos e afetar a educação.

Se você está gastando várias horas por dia nas redes sociais, provavelmente você não terá tempo suficiente para trabalhar, estudar ou passar tempo com seus familiares e amigos.

E mais, o transtorno de ansiedade de mídia social também pode afetar sua saúde, tanto física como mentalmente.

Riscos Físicos do Vício em Mídias Sociais

Muitas pessoas passam o dia no computador quando estão no ambiente de trabalho e à noite, quando estão em casa, ficam horas no celular. O corpo sente e sofre as consequências. Algumas delas são:

  • Dores no pescoço: é comum inclinar o pescoço para baixo quando estamos utilizando o celular. Quem passa horas fazendo isso pode estar pressionando demasiadamente a coluna cervical e afetando a postura;
  • Dores nas mãos: digitar e deslizar a tela constantemente pode causar inflamação das articulações;
  • Dores no punho: realizar movimentos repetitivos no celular pode causar inflamação e dores no punho, que podem irradiar por toda musculatura próxima;
  • Sono prejudicado: a luz emitida pelos celulares ativa os neurônios e prejudica o sono, o que resulta em ansiedade.

Problemas de saúde mental causados ​​pelo vício em mídias sociais

O uso descontrolado das mídias sociais causa mais do que apenas ansiedade. O abuso também pode causar depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno impulsivo, problemas com o funcionamento mental, paranoia e solidão.

Há também uma grande pressão em compartilhar as coisas que acontecem em sua vida. Você acaba comparando sua vida com a vida dos outros.

Muitas pessoas observam alguém no Facebook ou no Instagram que tem um ótimo trabalho, um excelente marido e uma bela casa e elas se sentem felizes por elas.

Mas, outros podem sentir inveja, depressão ou até mesmo pensamentos suicidas sobre sua própria vida, se não forem tão “perfeitos” quanto aqueles.

Como se livrar desse transtorno?

Primeiro de tudo, basta perceber que muitas pessoas que postam todas essas coisas nas redes sociais levam uma vida normal, como eu e você, mas eles só compartilham as coisas boas por lá.

Se a sua vida não parece tão incrível quanto o que você vê no Facebook ou no Instagram, ela não irá melhorar com o fato de você ficar obcecado com isso.

O que fará você sentir-se bem é sair e aproveitar a sua vida real, não sua “vida de rede social”.

Não sabe por onde começar? Aqui vão algumas dicas que podem ajudar:

  • Comece a diminuir o uso da internet e principalmente do celular;
  • Quando você sentir-se ansioso, desligue o celular e comece a se movimentar;
  • Comece a praticar um exercício físico, fará bem para seu corpo e sua mente;
  • Faça um esforço para socializar com pequenos grupos na vida real;
  • Entenda que muitas pessoas também sentem-se nervosas ou ansiosas em situações sociais, você não é o único;
  • Caso sinta extrema ansiedade procure ajuda profissional.

A internet é uma excelente ferramenta, não há dúvidas. Nos possibilita um fácil acesso ao conhecimento, na obtenção de serviços e pesquisas, nos aproxima de pessoas que estão longe geograficamente, entre tantos outros benefícios.

Contudo, é preciso saber usá-la de maneira inteligente. Não devemos ficar conectados por muito tempo, prejudicando nossa saúde física e mental.

Faça um balanço e responda a si mesmo, você está aproveitando sua vida real?

A máquina do tempo de Vitor Ramil

Vitor Ramil

Era 1995 quando o Brasil começava a descobrir os domínios da internet, os americanos enfrentavam o terror, o Grêmio vencia pela segunda vez a libertadores, o Fluminense saía vitorioso de um Fla-Flu histórico e a ciência virava de ponta cabeça, mas no mundo de Vitor Ramil só existia uma coisa naquele ano: o lançamento do álbum À Beça. Talvez existisse mais do que isso, é bem provável mas, por licença poética, diremos que só existia o lançamento do álbum que marcaria o dia em que o cantor, escritor e compositor inventaria a máquina do tempo através da gravação da música Foi no Mês que Vem.

Vitor Ramil - À Beça

A melodia doce e até melancólica da música embala uma letra repleta de verbos em diferentes conjugações temporais, e é aí que a invenção de Ramil acontece. É no primeiro “vou te vi” que o ouvinte é transportado para um tempo único, não se trata do futuro nem do passado dos verbos, tudo o que é narrado se passa em um espaço temporal que transcende o tempo cronológico.

É tudo aqui e agora, é o que o linguista francês Émile Benveniste chama de tempo linguístico. As teorias de Benveniste, que nos remetem aos anos de 1966 e 1974, ecoam na música lançada em 1995 e regravada em 2013, quando o artista escreveu um songbook e aproveitou para repensar sobre as músicas já lançadas, que precisavam e mereciam uma nova roupagem em meio a tanta poesia de suas letras.

Se vivemos empalavrando o mundo, Ramil empalavrou sentimentos e ainda os musicou nesta música, mostrando que o homem só se constitui na linguagem e pela linguagem, justamente como Benveniste afirmava há tanto tempo quando dizia que o homem é um sujeito intersubjetivo.

Para o jornalista Felipe Pena, há uma explicação para que uma música possa ser tão singular: “a harmonia é mais poderosa que a sintática” e, assim, lembramos com mais facilidade de uma melodia do que dos versos de um poema.

A música de Ramil nos faz validar de Benveniste à Pena com tranquilidade, nos faz até cantarolar em três tempos diferentes, nos fazendo pertencer a esse espaço temporal tão particular criado com o auxílio de sessenta e quatro verbos. No exercício da linguagem, sempre tomamos o nosso lugar de fala em oposição a alguém; no caso da música, as ideias são expressas de um “eu” a um “tu”, como diria Benveniste para explicar o processo de que fazemos uso diariamente sem sequer pensar que sempre precisamos de alguém para nos expressar.

Sempre somos o eu em direção ao tu e, com sorte, seremos o tu de alguém também. É nessa troca que empalavramos o mundo, ainda que seja apenas o nosso mundo interno com um tempo inventado somente para que nossas palavras e sentimentos caibam nele. É nessa troca que nos constituímos, nos humanizamos e tudo isso tem apenas uma via: a linguagem. Sem ela, o que seríamos? Você pode estar aí pensando que ainda pintaríamos as paredes da caverna, mas está errado, até mesmo nossos ancestrais paleolíticos usavam seus traços grosseiros e simbólicos para se expressar. Inventamos a linguagem porque vivenciar não basta, precisamos expressar para existir.

É assim que voltamos a olhar para a música de Ramil, com aquele “eu” que se apropria da língua para construir sentido através das combinações que tece em cada palavra, frase, estrofe e melodia, independente da cronologia. O tempo é o agora. Mesmo com todo jogo de palavras empregado pelo músico ao construir a letra da canção, só existe o presente para ser analisado, e esse tempo nunca é o mesmo do presente experimentado pelo autor no ato da composição nem de sua fala. Contudo, esse recorte do presente materializado na música sempre tratará de um momento vivido no agora, porque a letra da música, cantada e expressa pelo eu, tem o poder de retomar um fluxo de pensamentos e experiências narradas. O tempo linguístico é poderoso porque, de acordo com Benveniste, “manifesta-se irredutível igualmente ao tempo crônico e ao tempo físico”.

É esse “eu” criado por Ramil que transita em um eixo entre o passado e o futuro de cada verbo, sobre o único verbo no infinitivo, mas, acima de tudo, transita sobre a própria subjetividade, além de expressá-la e materializá-la em uma canção. O discurso, segundo Benveniste, provoca a emergência da subjetividade e, se a ciência descobrir que só precisa disso para construir uma máquina do tempo, a NASA (ou algum grupo científico russo) contratará músicos e poetas.

Os passos de Maga e Horácio Oliveira, de “Rayuela”, em Paris

The Pont des Arts

No começo de “Rayuela” (“Jogo da Amarelinha”, Civilização Brasileira), a pergunta inevitável é se em algum momento a Maga aparecerá. O narrador estimula o leitor a se questionar porque ele, da mesma forma, parece não saber a resposta.

“Encontraria a Maga? Tantas vezes, bastara-me chegar, vindo pela Rue de Seine, ao arco que dá para o Quai de Conti, e mal a luz cinza e esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia na Pont des Arts, às vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água”, dizem as primeiras palavras da obra.

Nem rastro da Maga, que pelo menos deixa a doce recompensa a Horácio de visitar mais uma vez a Pont des Arts. Ao pé das suas escadas, na outra margem do Sena, espera-lhe um carrinho de crepe e vale a pena até parar a caminhada e admirar, do outro lado da ponte, o Museu do Louvre.

museu do louvre

O livro, como os contos de Cortázar, não apenas deixa o leitor perdido no labirinto de suas páginas, mas também nas ruas da Cidade Luz.

Paris, Cortázar e o romance são conexões de uma cadeia inquebrável edificada em belos cenários: bairros, praças, ruas, pontes, cafés e passagens secretas. Lugares que os visitantes podem reviver por meio da rota proposta pelo Instituto Cervantes, como milhões de turistas já fizeram caminhando pela capital francesa pelos roteiros de Horácio Oliveira e de Lucía, a Maga, os personagens de um exílio cheio de amor, encontros, desencontros e um constante desejo de liberdade.

No site do instituto, é possível baixar a lista com todos os lugares da rota Rayuela, que começa no Quai de Conti e termina no Cemitério de Montparnasse, onde ele está enterrado, passando por todos os mínimos lugares citados por ele no romance, como a Rue de l’Estrapade – em que Horácio acompanha Berthe Trépat, uma velha pianista de quem viu um concerto em uma sala vazia, até sua casa.

“A noite que nos encontramos atrás da Notre-Dame…”, recorda a Maga em uma das suas discussões com Horácio. A catedral parisiense é um ponto-chave do romance: na Praça Jean XXIII, com uma bela vista e menos habitual da igreja gótica, o casal testemunhou as vicissitudes do amor emolduradas por um verde de limoeiros e cerejeiras – uma visão diferente da Praça Jean-Paul II, em frente ao templo, onde os leilões online de imóveis oferecem hoje algumas das propriedades mais caras do mundo.

Perto dali, na Rue du Sommerard, vivia Horácio “escrevendo sobre nada e sobre tudo, sobre rios, sobre ela e sobre ele”. Alguns quarteirões à frente, na Rue de Valette, o narrador lembra que foi o endereço onde viu a Maga pela primeira vez. No final da rua, estão o Panteão e a Universidade de Sorbonne – dois dos lugares mais visitados da capital francesa.

Pantheon paris

Entre ruas e vielas estreitas e empedradas, algumas cheias de turistas, outras desertas, o leitor percebe que a mulher que Horácio busca é mais uma invenção sua do que realidade. O caminho continua até a Rue Monsieur Le Prince, onde ele acredita que poderá encontrá-la ao acaso. Não muito longe, na Rue de Babylone, ele havia se reunido com Babs, Ronald, Etienne, Wong e Gregorovius (o “clube”), em uma das recordações mais longas de Horácio com a Maga em uma noite de Paris.

Dali, a caminhada até o Quai de Conti leva a uma extensa fila de bancas de antiguidades que permanecem abertas nas margens do Sena. Ali se encontram livros velhos, vinis, pôsteres e, se o leitor-turista não quiser comprar nada, basta caminhar por um lugar que, no livro, parece ter sido uma das grandes inspirações de Cortázar.

“Perambular pelas ruas das cidade com os trajetos de Cortázar é começar um roteiro com muitos inícios e muitos finais. Uma visão distinta que o livro oferece como guia de Paris aos amantes da literatura”, escreveu a escritora catalã Lara Peiró.

Além de citar muitas ruas da metrópole francesa em todo o romance, ele não deixa de o fazer em relação aos monumentos: o Louvre, por exemplo, está lá. O museu que atravessou oito séculos de reinvenção é o lugar dos passeios vespertinos de Horácio, quando recordava com saudade os costumes argentinos. “E algumas tardes quando resolvia andar vitrine por vitrine por toda seção egípcia do Louvre, e voltava com vontade de mate e de pão com doce de leite…”

Durante três anos, de 1951 a 1954, com um cartão de estudante, o escritor nascido na Bélgica foi à fortaleza que guarda, entre outros, Monalisa, de da Vinci, a Vênus de Milo e o Código de Hamurabi, para contemplar a arte e canalizar sua obsessão por um olhar detalhista.

Perfilando o rio pelo Quai des Tuileries é possível se encontrar com a postal da Pont des Arts, um emblema de Rayuela. A ponte, que abriga milhares de cadeados colocados por namorados para simbolizar o amor, é também o lugar em que o Horácio Oliveira e Maga foram se tornando um casal. “Ela sofre em alguma parte. Sempre sofreu. É muito alegre, adora o amarelo, seu pássaro é o melro, sua hora é a noite, sua ponte é a Pont des Arts”, narra outro trecho do romance.

Pont des Arts Paris

No lugar onde fica o Senado francês, as pessoas caminham pelas fragrâncias florais, enquanto outras posam para fotos ao lado das árvores nas grades da Fontaine Médicis: um lugar secreto nomeado no texto de Cortázar que se ergue como uma gruta perto do palácio e em que se destaca o monstruoso Polifemo.

Segundo seus biógrafos, em uma de suas andanças pelo sedutor bairro do quinto arrondissement, Cortázar cruzou com Edith Aron, a musa inspiradora de Maga no romance que foi publicado pela primeira vez em 1963. “Me irritava um pouco com sua mania de perfeição, com seus sapatos velhos, com sua negativa em aceitar o aceitável. Comíamos hambúrgueres no Carrefour da Rue de l’Odéon e íamos de bicicleta a Montparnasse, a qualquer hotel, a qualquer travesseiro.”

Um parágrafo mais entre vários, como os que citam o Boulevard de Sébastopol, o Parc Montsouris, a Place de la Concorde e as ruas que fazem Paris ser tão cenográfica e misteriosa.

Psicodália 2019: os cortes curtos de Kiko Dinucci também estarão por lá

Kiko Dinucci

Kiko Dinucci é sem dúvida alguma um dos guitarristas mais interessantes que apareceram nos últimos anos. Dono de um vasto repertório que compreende do samba ao Punk, o guitarrista natural de Guarulhos sempre impressiona pela versatilidade.

Seja tocando ao lado do Metá Metá (com Thiago França e Juçara Marçal) ou do Passo Torto (ao lado de Rodrigo Campos, Marcelo Cabral e Romulo Fróes), Kiko é um compositor bastante prolífico e que ao tocar em diversos projetos diferentes entre si, mostra a necessidade de externar suas ideias nos mais variados formatos e estéticas possíveis.

A última empreitada criativa do guitarrista sintetiza bastante seu perfil espontâneo e objetivo. Em 2017, ao lado de Marcelo Cabral (baixo/sintetizadores) e Sergio Machado (bateria) o também artista plástico lançou seu primeiro projeto solo. “Cortes Curtos” foi gravado por Rodrigo “Funai” Costa no Red Bull Studios, ao longo de 5 dias, durante o segundo semestre de 2015.

Kiko Dinucci

Demorou pra sair, mas foi um dos grandes discos nacionais liberados naquele ano e os sons ainda seguem no atual repertório do músico. A força é tanta que o Psicodália ouviu o fuzz do guitarrista ecoando lá em Rio Negrinho e, depois de convocar o Metá Metá para o festival (em 2016), nada mais justo do que chamar o meliante para edição 2019.

Um dos espetáculos mais selvagens da cena paulistana, o conceito cinematográfico do disco entrega um show rápido, mas repleto de sinuosos andamentos que mostram como o Rock é uma afronta a todos esses sons certinhos e bonitinhos igual o comercial do Pão de Açúcar. Não percam esse groove. O samba come solto numa macumba noise que vem sem cuspe e sem massagem.

Sobre o Psicodália 2019, em Rio Negrinho (SC)

A oportunidade de assistir ao músico está aí, na 22ª edição do Festival Psicodália, que acontece entre 1 e 6 de março, na Fazenda Rio Negrinho. Sobre o festival, o diretor Klauss Pereira comenta que:

“A história do Psicodália foi construída com base em dois principais ideais musicais: trabalhar para criar espaço para os novos artistas, que foi a ideia embrionária do festival, e valorizar os grandes artistas que conduziram a música brasileira e mundial até onde estamos. Muitos desses artistas continuam na ativa. Testamos essa união logo nos primórdios do festival e deu cada vez mais certo. Os artistas consagrados fazem shows históricos e atraem público de todo o país e até de fora do Brasil. E esse público tem acesso às novas gerações que estão surgindo ou que já tem algum tempo de estrada, mas são desconhecidos por parte do público”.

Informações úteis

  • Data: de 1º a 6 de março de 2019.
  • Local: Fazenda Evaristo – Rio Negrinho/SC.
  • Ingressos: A partir de R$ 430,00 (meia-entrada). Os bilhetes estão à venda no site Disk Ingressos, com parcelamento em até 6x sem juros.
  • O 2º lote vai até dia 26 de dezembro. Após isso, a meia entrada passará a R$ 460,00. E, a partir de 1º de janeiro, o parcelamento passará a ser em até 3x sem juros.
  • Saiba mais no evento do Facebook e no site oficial do Psicodália.

Outras atrações musicais confirmadas no Psicodália 2019

  • Elza Soares
  • Xenia França
  • Dona Onete
  • Pepeu Gomes
  • Chico Trujillo
  • Anelis Assumpção
  • Hamilton de Holanda
  • Mulamba
  • Azymuth
  • Lucinha Turnbull
  • Amaro Freitas
  • Patrulha do Espaço
  • Soema Montenegro
  • Cordel do Fogo Encantado
  • Kiko Dinucci
  • Čao Laru
  • Aiace
  • Bacamarte
  • Luiz Gabriel Lopes
  • Mamamute
  • Picanha de Chernobill
  • Gloire ILonde
  • Confraria da Costa
  • Trabalhos Espaciais Manuais
  • Diego Perin
  • Nanan
  • Irmão Victor
  • Ramona & The Red Vipers
  • Tuatha de Danann

Todos os cortes de cabelo de David Bowie em um GIF

David Bowie cortes de cabelo

O título do post é autoexplicativo. Entre 1964 e 2014 foram 50 anos de mudanças na vida de David Bowie. Mudanças sonoras, comportamentais, profissionais, visuais, pessoais e, logicamente, capilares.

Confira abaixo o trabalho feito pela talentosa ilustradora Helen Green.

David Bowie cortes de cabelo 1964-2014

David Bowie cortes de cabelo 1964-2014

Psicodália 2019: chamaram o Amaro Freitas para o Carnaval, agora vai ter maracatu

amaro freitas

Como um festival multicultural, o pessoal do Psicodália deve passar por um longo processo de curadoria para arquitetar as grades do festival. É complicado agrupar tantos grupos, ainda mais levando em consideração que os sons são praticamente incomparáveis entre si.

É uma grande responsabilidade chamar artistas das mais diversas frentes para entregar um festival desse porte. A representatividade é uma questão muito importante e o Psicodália carrega esse DNA tanto na parte social quanto sonora de sua história, sempre fazendo questão reunir públicos diferentes sob o mesmo espaço, algo que contribui muito para a difusão dos grooves, principalmente os independentes e nacionais.

E a prova disso são algumas atrações que o festival já anunciou para edição de 2019. Além do Pepeu Gomes e do Kiko Dinucci, outro grande nome que entrou no line up foi o do pianista pernambucano Amaro Freitas, sem dúvida alguma um dos grandes destaques do Jazz, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Vale lembrar que em 2018 o músico lançou “Rasif”, seu segundo disco solo liberado pela Far Out Recordings, um dos mais respeitados selos da Inglaterra e uma das maiores autoridades em música brasileira no mundo, contando com nomes como Nômado Orquestra, Azymuth e Arthur Verocai em seu cast.

Lançado no dia 19 de outubro de 2018, “Rasif” (Recife em Francês) cumpriu a difícil tarefa de suceder “Sangue Negro”, estréia do pianista lançada de maneira independente em 2016. Desde então, o som de Amaro Freitas representa um sopro de ar fresco no cenário da música instrumental brasileira.

amaro freitas - rasif - capa

E com o lançamento de “Rasif”, o pernambucano reafirma sua criatividade e entrega um trabalho ainda mais primoroso que o primeiro, explorando uma abordagem completamente próprio e genuína. É no quintal de casa que Amaro busca referências para o seu Jazz. Foi no Maxixe, Frevo, Baião e Maracatu que o seu som desenvolveu um conceito rítmico e melódico riquíssimo e que as vezes beira o virtuosismo, mas com um detalhe: sempre emanando muito sentimento e sensibilidade.

Trata-se de uma grande oportunidade para assistir um grande músico atravessando um grande momento em sua carreira. É lindo observar como Amaro, dia após dia, rompe barreiras e chega nos ouvidos do mundo, da Argentina ao Japão, de Pernambuco para a Inglaterra… É um processo de expansão tão universal quanto as notas que ele extrai de seu piano. Dalhe Jazz, Dália!

Sobre o Psicodália 2019, em Rio Negrinho (SC)

A oportunidade de assistir ao músico está aí, na 22ª edição do Festival Psicodália, que acontece entre 1 e 6 de março, na Fazenda Rio Negrinho. Sobre o festival, o diretor Klauss Pereira comenta que:

“A história do Psicodália foi construída com base em dois principais ideais musicais: trabalhar para criar espaço para os novos artistas, que foi a ideia embrionária do festival, e valorizar os grandes artistas que conduziram a música brasileira e mundial até onde estamos. Muitos desses artistas continuam na ativa. Testamos essa união logo nos primórdios do festival e deu cada vez mais certo. Os artistas consagrados fazem shows históricos e atraem público de todo o país e até de fora do Brasil. E esse público tem acesso às novas gerações que estão surgindo ou que já tem algum tempo de estrada, mas são desconhecidos por parte do público”.

Informações úteis

  • Data: de 1º a 6 de março de 2019.
  • Local: Fazenda Evaristo – Rio Negrinho/SC.
  • Ingressos: A partir de R$ 430,00 (meia-entrada). Os bilhetes estão à venda no site Disk Ingressos, com parcelamento em até 6x sem juros.
  • O 2º lote vai até dia 26 de dezembro. Após isso, a meia entrada passará a R$ 460,00. E, a partir de 1º de janeiro, o parcelamento passará a ser em até 3x sem juros.
  • Saiba mais no evento do Facebook e no site oficial do Psicodália.

Outras atrações musicais confirmadas no Psicodália 2019

  • Elza Soares
  • Xenia França
  • Dona Onete
  • Pepeu Gomes
  • Chico Trujillo
  • Anelis Assumpção
  • Hamilton de Holanda
  • Mulamba
  • Azymuth
  • Lucinha Turnbull
  • Amaro Freitas
  • Patrulha do Espaço
  • Soema Montenegro
  • Cordel do Fogo Encantado
  • Kiko Dinucci
  • Čao Laru
  • Aiace
  • Bacamarte
  • Luiz Gabriel Lopes
  • Mamamute
  • Picanha de Chernobill
  • Gloire ILonde
  • Confraria da Costa
  • Trabalhos Espaciais Manuais
  • Diego Perin
  • Nanan
  • Irmão Victor
  • Ramona & The Red Vipers
  • Tuatha de Danann

Psicodália 2019: o groove globalizado da Anelis Assumpção chegou

anelis assumpção

Dona de uma lírica tão livre quanto seu vasto leque de referências musicais e poéticas, assistir a Anelis Assumpção fazendo música é de fato um grande prazer. Munida de um vocabulário que compreende do Dub até o Maracatu – que pesa uma tonelada – é notável observar como sua primorosa discografia chega de mansinho… Mas quando tu vê, o groove já tomou conta da casa.

Desde 2011 que a música da Anelis é realidade para os ouvidos do mundo. Com sua estréia, “Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa”, a musicista apresentou um cartão de visitas impecável, desde os arranjos até o conceito estético que permeou o disco.

Numa caldeirão de ritmos e ácidas críticas, Anelis cria planos de fundo inebriantes, psicodélicos e de grande sensibilidade. Em 2014, com o também elogiadíssimo “Anelis Assumpção e os Amigos Imaginários”, a cantora optou por manter o time de músicos do primeiro trampo solo, que incluiu nomes como Cris Scabello (Bixiga 70), Russo Passapusso (Baiana System) e Kiko Dinucci (Metá Metá), mas nem por isso apostou nas mesmice, muito pelo contrário.

Se reinventar é algo que a inventiva compositora faz questão de fazer, disco após disco. E depois de pouco mais de 4 anos, ela apareceu em 2018 com seu terceiro trabalho, o atualíssimo “Taurina”, lançado no dia 16 de fevereiro de 2018.

Promovendo grooves filosóficos que fazem o ouvinte matutar sobre a força da imagem feminina, Anelis tira a discussão sobre representatividade de gêneros do lugar comum de forma leve e deveras inteligente. Seja cantando em inglês, português ou espanhol, é interessante observar os rumos de sua carreira.

Seu som já rompeu a barreira do inclassificável faz tempo e agora nos resta apenas ver pra crer, por isso que o Psicodália escalou sua métrica globalizada para a edição 2019.

Anelis fará sua estreia no festival e essa é uma grande oportunidade para se entender se ela é suspeita, sujeita, santa, fez amigos imaginários mesmo, é de fato taurina ou está só tirando com a nossa cara.

Fica tranquilo que na fazendo Evaristo o Wagner vai dar a letra pra geral.

Sobre o Psicodália 2019, em Rio Negrinho (SC)

A oportunidade de assistir a Anelis está aí, na 22ª edição do Festival Psicodália, que acontece entre 1 e 6 de março, na Fazenda Rio Negrinho. Sobre o festival, o diretor Klauss Pereira comenta que:

“A história do Psicodália foi construída com base em dois principais ideais musicais: trabalhar para criar espaço para os novos artistas, que foi a ideia embrionária do festival, e valorizar os grandes artistas que conduziram a música brasileira e mundial até onde estamos. Muitos desses artistas continuam na ativa. Testamos essa união logo nos primórdios do festival e deu cada vez mais certo. Os artistas consagrados fazem shows históricos e atraem público de todo o país e até de fora do Brasil. E esse público tem acesso às novas gerações que estão surgindo ou que já tem algum tempo de estrada, mas são desconhecidos por parte do público”.

Informações úteis

  • Data: de 1º a 6 de março de 2019.
  • Local: Fazenda Evaristo – Rio Negrinho/SC.
  • Ingressos: A partir de R$ 430,00 (meia-entrada). Os bilhetes estão à venda no site Disk Ingressos, com parcelamento em até 6x sem juros.
  • O 2º lote vai até dia 26 de dezembro. Após isso, a meia entrada passará a R$ 460,00. E, a partir de 1º de janeiro, o parcelamento passará a ser em até 3x sem juros.
  • Saiba mais no evento do Facebook e no site oficial do Psicodália.

Outras atrações musicais confirmadas no Psicodália 2019

  • Elza Soares
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