Glauber Rocha: Entrevista publicada no livro Revolução do Cinema Novo

O cineasta Glauber Rocha já não está mais entre nós, terrestres, há mais de 30 anos, mas suas palavras ainda soam ideais revolucionários e à frente do tempo.

Confira entrevista de Glauber Rocha concedida a Michel Ciment, com tradução de Sérvulo Siqueira, para a revista Positif na década de 70 e posteriormente publicada no livro Revolução do Cinema Novo.

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Barravento (primeiro longa-metragem de Glauber) não é conhecido na França, mas sabemos por aqueles que o viram que é um filme sobre os pescadores na Bahia no qual você já relacionava um, certo misticismo, a dança, a música e o mar.

(Glauber) – Barravento (1962), não é um filme meu, eu o fiz quase por acaso. Ele foi iniciado por um outro diretor, Luís Paulino dos Santos; depois de um acidente de filmagem, eu tive que continuá-la: filmei bem depressa com um orçamento de 3.000 dólares e 6.000 m de película. Em seguida, quando vi o material, não gostei e o deixei de lado. Oito meses mais tarde, Nelson Pereira dos Santos viu os copiões e achou interessante. Então recomeçamos a construir o filme.

Você havia feito antes alguns curtas-metragens?

(Glauber) – Sim, na época em que fazia critica cotidiana, e cineclubismo. Fazia também teatro, mas só encenava poemas. Eu tinha uma concepção vanguardista e fiz os curtas-metragens nesse espírito: foram o Pátio (1960) e Cruz na Praça (1961) filme que eu não terminei, pois quando vi o material montado, compreendi que essas ideias não funcionavam mais, que a minha concepção estética tinha sido transtornada.

Mencionaram um outro curta-metragem seu.

(Glauber) – Não é meu, é um curta-metragem que produzi, chama-se Rampa, e que foi dirigido por. Paulino dos Santos, autor inicial de Barravento. No entanto, entre Deus e o Diabo e Terra em Transe, fiz dois documentários, um em cores sobre o Amazonas (em dezembro de 1965) e outro com som direto sobre as eleições políticas no Maranhão, que é também uma região do Amazonas (em fevereiro de 66). O filme sobre o Amazonas é meu primeiro ensaio em cores. Cheguei no Amazonas com uma ideia preconcebida e descobri que não existia a Amazônia lendária e mágica, a Amazônia dos crocodilos, dos tigres, dos índios etc… O outro filme é uma reportagem sobre as eleições de um governador do Maranhão, José Sarney, e muito importante para mim porque foi filmado com som direto e foi uma experiência vivida para Terra em Transe, pois eu participei das etapas de uma campanha eleitoral, podemos ver trechos desse material em Terra em Transe: um carro preto que entra no meio da multidão no momento da eleição de Vieira, um comício de jovens…

O que você entende por encenação de poemas?

(Glauber) – Eu havia organizado um grupo de teatro com amigos brasileiros, um poeta, Fernando da Rocha Peres e um cenarista, Calazans Neto, e também Paulo Gil Soares que há muito tempofaz comigo jornalismo, teatro, cinema (foi assistente de Deus e o Diabo e Terra em Transe). No começo, nós queríamos  encenar tragédias gregas, mas achamos difícil e também pouco adequado às circunstâncias. Então encenamos poemas. Era época em que o Brasil vivia uma loucura poética. Fizemos espetáculos dialogando e dramatizando poemas. Mas as representações foram suspensas pela censura.

Quando foi isso ?

(Glauber) – Foi em 57, antes da filmagem de Pátio, mas era no mesmo espírito desse filme, quer dizer, um espírito de vanguarda, muito anticlerical e a interdição nos apanhou por motivos religiosos e morais, não políticos.

E Pátio aproxima-se disso?

(Glauber) – Sim e Cruz também. Depois de conhecer Nelson Pereira dos Santos, encarei a possibilidade de fazer um filme no Brasil. Entre Pátio e Cruz, fui estagiário de Nelson no Rio. Vim da Bahia para o Rio quando ele filmava Rio Zona Norte. Durante a montagem de Barravento ele me influenciou e me formou tecnicamente. Se alguém teve influência na minha vida cinematográfica e intelectual, este foi Nelson. Mesmo se não tenho afinidades de estilo com ele, teve um papel decisivo na minha vida.

Aliás, Nelson teve importância em todo o movimento do Cinema Novo, certamente, mas é  preciso  dizer também que  essa  importância não deve ser vista como uma ação direta de Nelson.  Trata- se mais de uma influência subterrânea; ele é a consciência do nosso grupo. Foi ele quem fez o primeiro  filme independente do ponto de vista da produção, Rio 40 Graus(1955), e aí encontramos as primeiras posições políticas  frente à situação colonial  do Brasil.   Ele tornou-se um líder, uma espécie de inspirador e, ainda hoje,  mediador entre os contrários.   Sempre que surge uma crise no meio do Cinema Novo ele exerce papel humano e muito eficaz.

Depois da experiência de Barravento, sobre que bases você começou Deus e o Diabo?

(Glauber) – Eu  filmei Barravento num estado de crise, abandonava as ideias da adolescência. . .  Diferentes dos intelectuais  franceses, nós temos uma formação cultural muito confusa:  lê-se primeiro os dadaístas, depois a tragédia grega.Conhecemos o romance americano de Faulkner e em  seguida descobrimos Rimbaud e Mallarmé As universidades não funcionam mesmo, os livros chegam numa grande desordem.   A   formação   de   um   jovem  brasileiro   é   incoerente,   se ele não  tiver  a chance  de vir à  Europa estudar.   Nessa época, eu era surrealista, futurista, dadaísta e marxista ao mesmo tempo.   No Brasil,   por  exemplo,  todas  as teorias   de   Eisenstein   chegaram  em tradução espanhola e depois portuguesa  e, como os  cineclubes  e as cinematecas são bem organizados,  a obra de Eisenstein  era muito conhecida    lá. Nós éramos eisensteinianos e não  admitíamos que se pudesse fazer um filme a não ser com montagem curta, primeiros planos, etc…   Rio 40 Graus foi influenciado pelo neo-realismo. Gostamos muito do  filme de  Nelson  porque era de fato o primeiro filme brasileiro, mas fazíamos ressalvas porque não era um   filme eisensteiniano. No começo do Cinema Novo, lembro-me muito bem que minha amizade por Hirzmann se devia ao fato de que ele gostava de Eisenstein.   Ele era engenheiro, tinha as teorias de Eisenstein na ponta da língua, ele fazia  experiências. Seu  primeiro  filme,  Pedreira  de  São  Diogo,  um  curta-metragem, era a aplicação das idéias de Eisenstein.   E lembro-me que, quando Sarraceni juntou-se ao grupo, como ele gostava do cinema italiano, Rosselini, Visconti, Fellini, nós dizíamos: – esse aí não entende Eisenstein. Pátio é um filme feito de metamorfoses, de símbolos, de montagem dialética. Barravento foi feito num outro espírito, mais direto, mais   verdadeiro,   cheguei a registrar a música negra ao vivo. É um filme mais perto da realidade porque já tínhamos visto nessa época Roma, Cidade Aberta e Paisá e a descoberta de Rosselini através desses dois filmes era uma espécie de antieisensteinismo. Em Barravento, sente-se então essa influência, mas existem resíduos eisensteinianos, e primeiros planos no estilo de Que Viva México!

Quando começou Deus e o Diabo, você tinha a experiência de um filme atrás de você…

(Glauber) – É a primeira vez que me fazem essa pergunta e é a primeira vez que eu falo de Barravento assim.  Em Deus e o Diabo desenvolvem-se algumas coisas que  estão  em Barravento. Não  se pode negar que a sombra de Eisenstein está presente nesse filme, sobretudo  na  primeira  parte. Eu  gosto muito de Eisenstein,  mas eu vivo numa realidade que não é uma epopeia no estilo de Nevski, nem um drama histórico estilo Ivan.

Mas o oposição de estilos corresponde à escolha do beato e dos cangaceiros.

(Glauber) – Na parte consagrada ao cangaço eu podia descambar para um estilo western, como é o caso do Cangaceiro, o célebre filme, e eu acho que atingi uma maneira pessoal, que não saberia definir. Eu me sentia  melhor ao filmar a segunda parte, mais livre para  fazer um plano,  um travelling, para cortar na montagem, para dirigir os atores.  A primeira parte, a do beato, que foi filmada antes, me  foi penosa.

Você disse que Deus e o Diabo estava no estilo da literatura de cordel em que sentido?

(Glauber) – Como os poemas da Idade Média ou os westerns, há uma grande tradição de versos populares e de canções que vêm de herança portuguesa  e  espanhola,  é  a  dos cantadores, que agora tornou-se no Nordeste especialidade dos cegos, que inventam histórias. Por serem cegos, eles têm uma imaginação maior  e inventam lendas. Todo o episódio de Corisco em Deus e o Diabo foi tirado de 4 ou 5 romances populares, e a seqüência da morte de Corisco segue a decoupagem de uma canção. Quando conversei com alguns cegos e também com o homem que matou Corisco, eles me contaram mais ou menos a mesma história, mas cada um misturando à verdade detalhes  inventados. O major Rufino que vemos em Memórias do  Cangaço e que me inspirou o personagem  de  Antônio das Mortes, contou-me três vezes de maneira   diferente   como  ele matou Corisco.   E no  filme de  Paulo Gil, ele conta de uma quarta maneira. O que se sabe ao certo é que ele feriu no pé a mulher de Corisco e eu mostro isso no meu filme. A expressão portuguesa é muito popular no Nordeste, os cegos, nos teatros populares, nos circos, nas feiras dizem: eu vou lhes contar uma história que é de verdade e de imaginação, ou então: é imaginação verdadeira. A idéia do filme veio espontaneamente, com uma certa evidência. Toda minha formação foi feita nesse clima. Não houve nada de intelectual na minha posição.

O filme apareceu para você como uma visão ?

(Glauber) – Sim, foi exatamente isso.

 Em Vidas Secas e no seu filme há o mesmo contexto geográfico e a história de um casal de camponeses, mas você não escolheu o caminho realista.

(Glauber) – Eu não tenho a  intenção de dizer  se eu  faço um cinema de poesia ou um cinema de prosa,  porque são categorias que convêm à literatura, não ao cinema. Nelson partiu de um romance realista de Graciliano Ramos,    um romance que é documento. Eu parti de um texto poético. A origem de Deus e o Diabo é uma linguagem metafórica, a literatura de cordel. Eu gostava mais desse gênero, gosto também de Vidas Secas que não tem muita afinidade comigo. Nelson tem gosto pela objetividade e a eficácia e por isso escolheu Graciliano e lhe foi fiel. Ele foi criticado por não haver inventado o seu tema, mas ele disse que escolheu Graciliano porque gostava e o difícil era justamente ser-lhe fiel.

Os discursos de Sebastião e Corisco são inteiramente seus?

 (Glauber) – Sim,  mas  é  uma  sintaxe  popular. Nós temos três tipos de tradição literária uma tradição européia, que vem a ser Stendhal, Flaubert etc… Graciliano é uma pessoa que escreveu em português como os realistas franceses. Depois temos uma tradição barroca que veio dos espanhóis como Cervantes e Quevedo e dos portugueses; e enfim a literatura popular que nasceu do povo. Uma pessoa nascida em São Paulo e que fez uma universidade tem formação cultural mais anglo-francesa; existem pessoas no Brasil que nunca leram D. Quixote e conhecem muito bem Joyce. Mas essas tradições todas constituem o Brasil. O Nordeste, assim como São Paulo, que é um outro tipo de Brasil, americanizado.

Os personagens femininos em Deus e o Diabo têm um papel  mais importante do que geralmente  se pensa.

(Glauber) – Essa observação me foi feita muitas vezes e nunca cheguei a  um  comentário   realmente   objetivo   a  respeito. Em Barravento, Deus e o Diabo, e também Terra em Transe, as mulheres têm consciência do que se passa, consciência da «história».   EmBarravento, um  personagem feminino dá a sua própria vida como exemplo, se sacrifica  pelo povo,  leva  um  homem  a  assumir  uma posição  política  e  morre. Eu  tenho muita  dificuldade em trabalhar com os personagens femininos. Escrevi diversos roteiros que não foram filmados, nos quais eu tinha dificuldades em criar personagens  femininos, que são comigo sempre muito conscientes e têm influência moral ou  política.

 Mas não Sílvia em Terra em Transe?

 (Glauber) – Não, Sílvia certamente não, mas ela está em segundo plano, é uma espécie de musa, uma expressão   da adolescência, que se torna imagem fugitiva. Sílvia aliás não diz uma palavra em Terra em Transe, porque não consegui colocar uma só palavra em sua boca. Foram cortadas porque tudo o que ela dizia ficava ridículo. Sara talvez diga as coisas um pouco como homem. Talvez exista aqui um fenômeno de compensação porque não  encontro freqüentemente na realidade brasileira mulheres tão conscientes.

Terra em Transe / Reprodução
Terra em Transe / Reprodução

 Como você encontrou e escolheu seus atores? Dizem que há problemas quanto a isso na América  Latina. Buñuel por  exemplo teve dificuldades no México.

 (Glauber) – No Brasil é diferente. Há uma grande atividade teatral. Encena-se Brecht. Muitos atores estiveram nos EUA e trabalharam no Actor’s Studio. Othon Bastos (Corisco em Deus e o Diabo) é ator brasileiro que melhor  representa Brecht no teatro. Acho que ele deu uma certa dimensão ao seu  personagem e quando eu discutia com ele, me revelava muitas coisas. Ele é culto e tem uma voz excepcional.   Foi ele quem fez emDeus e o Diabo, a dublagem de Sebastião que é interpretado por um amador, um membro  da aristocracia negra da Bahia que também trabalha em Barravento. Maurício do Vale, que é Antônio das Mortes, é ator de televisão. Ele havia feito o Zorro. Eu o escolhi porque ele era familiar ao público e Antônio das Mortes é um herói popular. Geraldo Del Rey, que faz Manuel, é ator muito conhecido no  Brasil, um cartaz. Othon Bastos, Del Rey e Sônia dos Humildes (Dada) são atores do grupo teatral da Bahia, onde estudaram numa escola muito  boa. Em Terra em Transe, são grandes atores   de   teatro, mas eu os escolhi em função do assunto. José Lewgoy, que faz o Vieira, é o ator de cinema mais popular do Brasil: ele faz sempre o chefe dos bandidos nos filmes de gangsters, e aparece também nas comédias. É espontâneo e inteligente. Paulo Autran é ator de teatro quase oficial, representa tragédias gregas, interpreta então um papel teatral, o personagem de um mistificador. Jardel Filho, que é o herói do filme, é também ator conhecido no Brasil. Já fez mais de quarenta filmes, trabalhou na Espanha e na Argentina.

 Quando você encenou no teatro, já utilizava a música?

 (Glauber) – Não, só palavras e iluminação.

 Como você teve a idéia de dar importância tão grande ao comentário musical? À canção que exprime mesmo a mensagem final de Deus e o Diabo?

 (Glauber) – Inicialmente é preciso dizer que a música tem papel importante não só no meu filme, mas nos outros filmes brasileiros também.  Aliás nós somos um povo talvez subdesenvolvido do ponto de vista cultural, mas bastante desenvolvido em relação à música. Por exemplo, Rui Guerra é diretor, mas também músico, e bom músico; e todo mundo lá toca um instrumento; eu não, mas já fiz algumas canções.   Somos todos músicos. Hirszman acaba de fazer um filme musical, a música tinha em seu  filme tal  força que  se perguntou: por que não fazer um filme musical, e fez a Garota de Ipanema; os personagens são compositores e cantores.  No Cinema Novo há uma tendência de se fazer filmes onde a música não seja somente um comentário, mas elemento tão importante quanto os diálogos e a fotografia. Eu estava inspirado por Villa Lobos quando fiz Deus e o Diabo. Há uma cena no filme que eu tive idéia de filmar porque eu havia ouvido a música – é cena dos beijos – entre Corisco e Rosa. Eu tinha medo de filmar essa cena que era indispensável.   Ouvi um disco à noite, a Bachiana n° 9, discuti com o fotógrafo e os assistentes,  e nós tivemos a  idéia da  cena, em   seguida   fiz   a   montagem   a   partir   da   música,   em   função do ritmo.

Eu devo dizer que a peça de teatro que mais gosto, entre as que vi no Brasil, é a Ópera dos Quatro Vinténs, uma peça que me tocou muito e aliás  a todos no Brasil. Eu fui especialmente a Berlim ver o Berliner Ensemble. É preciso dizer que Brecht é muito representado no Brasil.

 Qual o Brecht mais importante no Brasil? Por que no primeiro Brecht, o  emprego da música é bem diferente do segundo Brecht?

 (Glauber) – Antes de filmar Deus e o Diabo, eu só conhecia a Ópera dos Quatro Vinténs. A primeira peça de Brecht levada no Brasil foi A Boa Alma de Setchuan, mas eu não a vi. Eu vi a Ópera dos Quatro Vinténs no meio da filmagem de Barravento; um dia eu fui à Bahia para assistir ao espetáculo. E aquilo realmente me transtornou, foi uma descoberta tardia, mas importantíssima.

 E a direção dos atores?

 (Glauber) – No Deus e o Diabo, foi mais fácil. Havia um clima extra ordinário, uma equipe fantástica. O câmera Valdemar Lima gostava do filme e era um amigo, e    depois havia Walter Lima Jr. e Paulo Gil que colaboraram comigo. Os atores gostavam do assunto, e como não tínhamos dinheiro, era uma espécie de aventura romântica. Havia um estado de espírito comum e um elã puro. Evidentemente havia problemas técnicos, mas eu me lembro que à noite nós trabalhávamos muito juntos, nós ensaiávamos com os atores, etc…  Em Terra em Transe, já foi outra história, com atores profissionais, com contratos pagos, que tinham que trabalhar no teatro à noite, que filmavam até as quatro horas da tarde e alguns mesmos se recusavam a falar com os assistentes. Com os atores principais as relações eram profissionais. Eu sofria porque achava que poderia conseguir mais no filme, se os atores tivessem compreendido melhor seu papel. Queriam trabalhar neste filme porque pensavam que se tratava de filme importante, só isso. Aquele que interpreta Diaz, dizia que não estava de acordo com o seu papel, por ser um homem de esquerda e não querer interpretar o homem da direita. Aquele que interpretou Vieira pretendia ser sofisticado, e por isso não podia interpretar um herói populista. O personagem principal sentia-se bem e gostava do papel.

Em Deus e o Diabo, o personagem de Antônio das Mortes está a serviço da repressão e é, ao mesmo tempo, um agente da história, uma consciência crítica em relação aos personagens. Você não recorreu a este tipo de personagem em Terra em Transe, você abandonou esta construção de personagem-testemunha.

(Glauber) – Antônio das Mortes é, em Deus e o Diabo, o único personagem que eu realmente elaborei;  os outros são personagens verdadeiros  num   contexto  histórico   determinado,   e  podem   ser  identificados. Com Antônio eu apresentava a descrição de uma consciênciaambígua, de uma consciência em transe. Antônio que é personagem primitivo, um camponês, um aventureiro, vamos encontrá-lo mais desenvolvido em todas as contradições do Paulo Martins de Terra em Transe. Paulo Martins, como Antônio, é um cara que vai à direita e à esquerda, que tem má consciência dos problemas políticos e sociais. Encontramos nele uma revolução recorrendo às contradições, e disso ele morre. É, aliás, uma parábola sobre a política dos partidos comunistas na América Latina. Para mim, Paulo Martins representa, no fundo, um comunista típico da América Latina. Pertence ao Partido sem pertencer. Tem uma amante que é do Partido. Coloca-se a serviço do Partido quando este o pressiona, mas gosta também muito da burguesia a serviço da qual ele está. No fundo ele despreza o povo. Ele acredita na massa como um fenômeno espontâneo, mas acontece que a massa é complexa. A Revolução não estoura quando ele o deseja e por isso ele assume posição quixotesca. No fim da tragédia, ele morre. Antônio é mais primitivo, recebe dinheiro do poder, deve matar os pobres, o beato e o cangaceiro, e ele sabe que essas pessoas não são más porque são vítimas de um certo contexto social do qual não têm consciência. Antônio é um bárbaro, enquanto Paulo é intelectual. Eu gostaria de retomar no Terra em Transe alguns elementos da estrutura de Deus e o Diabo. Encontramos nas cidades a mesma hierarquia do campo; é uma herança do tempo do latifúndio, de uma mentalidade da Idade Média com, certamente, influências da civilização moderna. EmTerra em Transe, a maior ambição que eu tinha era denunciar essas estruturas e paralelamente mostrar uma estrutura dramática em vias de se destruir. É por isso que Terra em Transe tem relação com Deus e o Diabo. Trata-se da destruição de um discurso que já foi iniciado em Deus e o Diabo.

 Você então tentou também empreender essa destruição do ponto de vista estético?

 (Glauber) – Deus e o Diabo é um filme narrativo, é um discurso… Terra em Transe já é mais antidramático, é um filme que se destrói, com uma montagem de repetições. No momento eu gostaria de mudar, pois acho que há uma saída política que é realmente atual e válida, e que responde a todas as insuficiências teóricas dos Partidos Comunistas tradicionais latino-americanos. Personagens como Paulo Martins ou Antônio das Mortes não me interessam mais. Eu acho, par exemplo, que Che Guevara é o verdadeiro personagem moderno, toma posição contra ela. É o verdadeiro herói épico, nem o intelectual como Paulo, nem o primitivo como Antônio.

Mas, aliás, a significação implícita de Terra em Transe é que a aliança do intelectual com a burguesia leva sempre ao fracasso.

(Glauber) – Acho que as respostas às dúvidas de um personagem, como Paulo – dúvidas que aliás caracterizam toda minha geração e eu mesmo, é a figura de Guevara. Não estou dizendo isso porque se fala neste momento em sua morte, pois eu já pensei muito nisso e tudo me leva neste momento a fazer um filme a respeito de um personagem como ele, burguês que se desliga de sua cultura e faz a revolução. Ele dá uma resposta por sua própria existência e agora com sua lenda, ele traz resposta a uma série de problemas da América Latina.

 Antônio das Mortes está além de Paulo Martins. Ele é um pouco a racionalidade da história.

 (Glauber) – Sendo Antônio das Mortes primitivo e não tendo vivido os compromissos e a educação burguesa de Paulo, ele pode se tornar mais rapidamente um personagem, revolucionário; mas também Paulo pode se tomar revolucionário. Não abandonei o personagem de Antônio, quero voltar a ele mais tarde. No Brasil, é o personagem do filme que adquiriu mais popularidade e a ele Deus e o Diabo deve seu semi-sucesso; ele se comunicou com os espectadores. Quero fazer uma espécie de anti-western, brigas entre proprietários de terra e camponeses, etc, e quero ambientar Antônio nesta situação.

 No fim de Deus e o Diabo é dito que “o mar será sertão”, e o início de Terra em Transe é também o mar, o oceano: você pensou nisso?

 (Glauber) – Sim, é muito claro; eu nem queria fazer uma referência simbólica — acho que Terra em Transe é o desenvolvimento natural de Deus e o Diabo: as pessoas chegam ao mar. Chega-se pelo mar à cidade e, no fim, acabamos num deserto onde não há a música da esperança como em Deus e o Diabo, mas o ruído das metralhadoras que se sobrepõe à música do filme. Música e metralhadoras, e em seguida ruídos de guerra, ou seja, um canto de esperança. Não é uma canção no estilo «realismo socialista», não é o sentimento da revolução, é algo mais duro e mais grave. Fiquei feliz em ter colocado isto no filme, porque um mês mais tarde, quando li a comunicação de Che na Tricontinental, ele dizia: «Pouco importa o lugar onde encontrarei a morte». Que ela seja bem-vinda desde que nosso apelo seja ouvido… e que no repicar das metralhadoras outros homens se levantem para entoar cantos fúnebres e lançar novos gritos de guerra e de «vitória».

 Mas qual é a canção do início de Terra em Transe?

 (Glauber) – A canção de Terra em Transe é uma canção africana, canta da em língua africana no Brasil, e sua única finalidade é evocar um certo lugar, certa atmosfera dos mares tropicais, dos palácios barrocos. Esta canção é cantada em vários lugares, sobretudo na Bahia; Barraventotambém começa com uma canção africana. O mar é um mito para o camponês pobre, e é pelo mar que os portugueses chegaram no Brasil.

Você disse que, em Paulo Martins, há um lado Antônio das Mortes, mas há também um lado Manuel, porque Paulo vai também de um para outro, como Manuel ia do Deus Negro ao Diabo Loiro. Pensa-se também em Corisco: o personagem de Corisco é obcecado pela morte e por uma espécie de sonho metafísico que é muito curioso num bandido, e Paulo, o poeta, também pensa na morte.

 (Glauber) – É verdade, porque ele é um pouco, como poeta, aquilo que Corisco é como bandido. Ê também um aventureiro que beira o perigo. Aliás, só pela morte Paulo Martins poderá se salvar; pois, inclusive, se escolher a revolução, ou seja, se ele se tornar um revolucionário, ele escolhe também a morte e esta escolha lhe dá possibilidade de vitória. Ele deve portanto se preparar para a morte. Trata-se de uma decisão para a qual devem-se romper todas as amarras. Não estou pronto para isso. É uma contingência trágica que todo homem do Terceiro Mundo deve enfrentar. Pode ser encarada, se quiserem, como posição neo-romântica, mas muito didática também. O que Guevara valoriza é que a guerrilha não é uma aventura romântica, mas epopéia didática. Um pouco como os personagens de western, com uma ressalva: a missão é muito precisa, trata-se de politizar. Aliás, vejo nisso o início de uma nova cultura, de um novo comportamento, de um novo estilo de homem e de ação; pormenorizando: a fala, as vestimentas e o comportamento dos guerrilheiros são algo novo.

 O monólogo de Terra em Transe é muito bonito e é interessante saber que você queria intitular seu filme Maldoror.

 (Glauber) – Eu li muito Os Cantos de Maldoror, infelizmente em português, porque no Brasil não encontrei a edição francesa. O que me marcou neste livro é a tortura permanente. Há um realismo do vômito. Foi muito criticada a estrutura do filme, seu aspecto irrisório. Queria dar mesmo esta aparência de vômito e acho que Paulo é homem que vomita até os seus poemas e as últimas seqüências do filme são um vômito contínuo. O discurso é evidentemente inferior ao de Lautréamont, mas há nele a mesma angústia.

 Você escreveu primeiro este monólogo?

 (Glauber) – Sim, depois alguns outros poemas e finalmente o roteiro. Filmei e, na montagem, inseri o monólogo.

 A morte de Paulo tem aspecto estético. Em si, ela não tem nenhuma significação, porque não altera nada.

 (Glauber) – Sim, porque ele toma consciência; neste momento preciso, ele morre por causa de um acidente, mas ele declara que «não se deve». Diz que é preciso aceitar a violência, enfrentar o destino num corpo a corpo. Em outro momento do filme, ele dizia a Sara que, quando se tiver consciência clara e completa de tudo, só a violência permanecerá, ele diz isto depois do comício político; lembra-a que dentro da massa existe o homem, e que o homem é difícil de manipular, mais difícil que a massa. Ele, claro, não pode aceitar a violência, por ser impotente, não tem organização para isso. No momento de sua morte, ele sabe que a violência é o caminho da revolução.

 Quase no começo do filme há uma citação não legendada de Mário Faustino.

 (Glauber) – Mário Faustino foi o maior poeta brasileiro de minha geração, morreu aos 33 anos num acidente de avião. Escreveu um livro que se tornou muito popular entre a juventude, chamado O Homem e sua Hora. E no poema Epitáfio para um Poeta ele dizia:

Não conseguiu firmar o nobre pacto 

Entre o cosmos sangrento e a alma pura…

Gladiador defunto mas intacto”

(Tanta violência, mas tanta ternura)

Foi isto que coloquei em meu filme, como homenagem; ele era um pouco como Paulo Martins.

 Em cena muito realista, você utiliza o que vem a ser a estrutura de conjunto de Deus e o Diabo: um personagem fala em nome do povo. É comum no Brasil esse gênero de jogo simbólico?

 (Glauber) – Para filmar essa cena, coloquei Vieira, o autor, no meio do povo, e eles pensaram que se tratava realmente de um comício político, que Vieira era mesmo um candidato. E mesmo nas cenas do interior, quando Vieira cumprimenta as pessoas da cidade, era como um comício político. Ele chegou e começou a fazer seu discurso, e nesse momento a polícia quis interromper a filmagem porque havia agitação, as pessoas queriam votar naquele homem (era na época das eleições para deputado). Eu aproveitei, filmamos ao vivo, bem rápido, num domingo à tarde. É a cena do início da campanha eleitoral de Vieira e tudo o que há nessa cena nasceu espontaneamente.

 Eldorado é o nome de uma cidade?

 (Glauber) – Não, Eldorado é antes o mito latino-americano do ouro. Quando os espanhóis chegaram na América, falavam de Eldorado. No filme Eldorado é ao mesmo tempo o nome da Capital e do Estado, enquanto que Alecrim é o nome de uma cidade, uma província do Estado de Eldorado. Isso poderá criar algumas dificuldades de compreensão na Europa onde, contrariamente à América Latina, não existem capitais com o mesmo nome do país. Alecrim, sendo uma província portuguesa muito conhecida, trouxe também problemas ao espectador brasileiro.

 Esse tipo de confusão, como essa de Alecrim, por exemplo, torna-se grave, porque impede o compreensão de uma coisa importante que é a construção do filme, que ela é clara. Você não acha que no fim você mostra a situação de uma maneira direta demais, porque você está tão empenhado, e isso impede a compreensão?

 (Glauber) – O plano final é longo (um minuto), e ele perturba mesmo um pouco, mas eu acho que depois de 40 segundos, as pessoas começam a compreender que essas metralhadoras têm significado; eu insisti na duração. Quanto ao desgosto do herói pelo carnaval, talvez seja muito vago, como palavra, mas a política brasileira é verdadeiramente um carnaval. A civilização brasileira é decadente. Nós somos realmente podres, estéreis e preguiçosos, de grande incapacidade artesanal e duma energia irracional que acaba, então, sempre no vazio. Tentei fazer com que o filme seja a expressão deste carnaval e de meu nojo violento diante da situação.

 Paradoxalmente, a parte dedicada ao imaginário é talvez maior em Terra em Transeque em Deus e o Diabo.

 (Glauber) – Quando filmei Deus e o Diabo, gostei muito da paisagem e da figura de Corisco também, e inclusive se assumi uma atitude crítica, sentia-me ligado a estes personagens. Ao contrário, como eu detestava todas as coisas apresentadas em Terra em Transe, filmei com certa repulsão. Lembro-me de que dizia ao montador: estou enojado porque não acho que haja um único plano bonito neste filme. Todos os planos são feios, porque se trata de pessoas prejudiciais, de uma paisagem podre, de um falso barroco, O roteiro me impedia de chegar à espécie de fascinação plástica que se encontra em Deus e o Diabo. Às vezes, pode ser que eu tenha tentado escapar a este ambiente, mas o perigo consistia em atribuir valores aos elementos alienados. O filme foi frequentemente filmado com a câmara na mão, de modo flexível. Sente-se a pele dos personagens, procurei um tom documentário. Tudo o que pode parecer imaginário é de fato verdadeiro. Fui, por exemplo, consultar arquivos de jornais para ver fotografias de políticos. Quando o Presidente Kubitschek chega a Brasília, por exemplo, os índios lhe levam um cocar de cacique etc. Quando filmei o comício onde o velho senador começa a dançar com as pessoas, mandei vir uma verdadeira escola de samba e botei Vieira no meio. Fizera a mesma coisa com Deus e o Diabo, porque lá também os camponeses pensavam que aquele que interpretava Sebastião era um verdadeiro beato. Não tinha previsto a cena da dança do senador, mas num determinado momento o ator se empolgou pela música e pelo discurso político: ele começou a dançar e filmamos o conjunto com a câmara na mão. Pablo Neruda já falava de «surrealismo concreto» por ser este aspecto surreal um fato dentro da realidade da América Latina e do Terceiro Mundo. Encontramos este surrealismo concreto em Asturias, Alejo Carpentier ou Nicolau Guillén.

Corisco, de Deus e o Diabo na Terra do Sol / Reprodução
Corisco, de Deus e o Diabo na Terra do Sol / Reprodução

 E a canção “A praça é do povo como o céu é do condor”?

 (Glauber) – É um verso de um poeta romântico brasileiro do século passado, Castro Alves, falecido aos 23 anos de tuberculose. É muito popular. Lutou em prol da abolição da escravatura dos negros, contra a monarquia, e em prol da República. Ele fazia comícios onde improvisava a sua poesia e escreveu um poema intitulado «O povo no poder», ao qual pertence o verso encontrado em Terra em Transe.

 E quanto a Martín Fierro ?

 (Glauber) – Nilson está realizando um filme que é a epopéia de Martín Fierro. É um poema épico revolucionário dos gaúchos da Argentina; e como estava fazendo um filme num espírito latino-americano, achei bom colocar uma citação de Martín Fierro. Vieira, líder populista, lê esta obra que é um poema progressista.

 Você tem gosto pelos conflitos, entre a chama e as explosões de violência em Deus e o Diabo, entre a imagem e um comentário que não está diretamente relacionado com ela emTerra em Transe. Você valoriza muito a montagem.

 (Glauber) – Há poucos dias, um amigo brasileiro me perguntou quando eu vou resolver contar uma história num filme. Caio sempre num conflito e tento abrir um discurso crítico sobre a história. O cinema político é uma discussão sobre estes fatos. E acho que a montagem está ligada a esta acumulação de vários conflitos, ao mesmo tempo subjetivos e objetivos. Gosto muito de Faulkner, porque há sempre nele uma acumulação simultânea e progressiva dos conflitos. Por outro lado, o meio social, os negros, a gente do Sul, isto poderia ser também o Nordeste do Brasil, ou algum país da América Latina. Existe aliás um romance de Faulkner que eu quero filmar, é The Wild Palms.

 Disseram, em nossa opinião sem razão alguma, que você é discípulo de Buñuel, quando pelo contrário, formalmente ao menos, pensamos em Welles, em Terra em Transe.

 (Glauber) – Da mesma maneira pode-se fazer um filme de western ou de cangaço tomando lições de Hawks ou de Ford mas invertendo o conteúdo e forma: isto é a antropofagia estética.

 Há no seu filme uma impressão muito grande de violência, mas você não a mostra. Vê-se o revólver na boca do camponês e é tudo, ou então o suicídio de Álvaro é sugerido.

 (Glauber) – Quando a violência é mostrada de forma descritiva, ela agrada ao público, porque estimula seus instintos sadomasoquistas; mas o que eu queria mostrar era a idéia da violência, e às vezes mesmo uma certa frustração da violência. Devemos refletir sobre a violência e não fazer um espetáculo com ela.

 Há aliás um detalhe interessante a propósito de Terra em Transe: todo mundo apresenta sempre os revólveres ou as armas com os braços estendidos.

 (Glauber) – Sim, como a política brasileira, que é uma política onde ninguém atira nunca; é um comentário irônico da situação.

 Por que há uma barreira constante de polícia?

 (Glauber) – É uma zona governamental, há um golpe de Estado, a presença dos soldados é então normal. E aliás, o filme sendo em flashback, vê-se no final que durante a sua fuga Paulo cruza com diversos caminhões do Exército.

 Um detalhe dá à fuga de Paulo e sobretudo ao fato que ele está ferido pela polícia um aspecto imaginário: quando o policial atira nele, sua ação é fragmentada em vários planos e isso dá a seus movimentos alguma coisa de mecânico e irreal.

 (Glauber) – Em um western ou em um filme policial pode-se dar o movimento todo, faz-se um filme pelo prazer de filmar esse gênero de coisa; mas em Deus e o Diabo, quando Antônio das Mortes é apresentado pela primeira vez, em ação, isto é, matando, eu fragmentei também essa cena, pois o interessante não é a ação em si mesma, mas o seu caráter simbólico.

Paulo falando com Sara diz: «Eu tenho fome de absoluto», e ela responde: «A fome», a fome física. Sara é personagem que tem uma experiência mais direta e mais realista da situação política, mas ao mesmo tempo ela fica com Vieira, o mistificador.

Ela é lúcida, mas é sempre comunista, sempre fiel à linha do Partido. Quando Sara vem com seus dois amigos ver Paulo para conseguir de uma vez sua adesão a Vieira, ele está consciente de que uma união com Vieira não levará a nada de positivo, mas nesse momento a sua consciência política sofre interferência existencial: como ele ama Sara, liga-se a Vieira por causa dela. No fim Paulo é derrotado, ela o deixa; é um personagem lúcido e político; ela continua a luta; é o único caráter «coerente» de Terra em Transe.

 O personagem do Negro que marca os comícios políticos é interessante; é como o cego do Deus e o Diabo.

(Glauber) – É alguém que vai ser a memória dos acontecimentos, é também uma referência ao cinema direto.

 Você utilizou Villa Lobos, Bach, Verdi e também um músico brasileiro, Carlos Gomes, no seu último filme.

(Glauber) – Villa Lobos me influenciou muito, eu já disse. Carlos Gomes é compositor de ópera brasileira do começo do século; ele inspirou-se muito em Verdi, e é ainda muito apreciado. Nos programas da Rádio Federal que se chama a Voz do Brasil, quando o presidente vai falar, toca-se Carlos Gomes.  Eu utilizei sua música para as seqüências com Diaz, quando ele passeia no seu jardim, e quando há no filme uma intenção de paródia. De Verdi coloquei Otelo, porque era uma discussão sobre os ciúmes e a amizade e porque queria sublimar também um lado homossexual e solitário em Diaz.

 No texto em que Positif (n° 73) publicou «A Estética da Fome» você dizia que o Cinema Novo tinha agora necessidade de fazer uma revisão dele mesmo. Em que ponto está ele, no fim de 1967?

 (Glauber) – Depois dos primeiros filmes do Cinema Novo, organizamos uma sociedade de distribuição no Brasil, que os procura também colocar no mercado internacional. Nós temos uma certa liberdade econômica, que nos permite produzir nossos próprios filmes com toda independência. Paralelamente, eu acho que há um certo desenvolvimento das idéias e também da técnica e da expressão. O próximo filme de Nelson Pereira dos Santos, por exemplo, é bem mais ambicioso que Vidas Secas; da mesma maneira Carlos Diegues, cujo Os Herdeiros é mais político e mais ambicioso do que suas obras anteriores; e também Walter Lima Jr., que filma Brasil Ano 2000, e Joaquim Pedro com Macunaíma, o mesmo para Hirszmann com a Garota de Ipanema, para Gustavo Dahl com o Bravo Guerreiro, para Paulo Gil Soares, Proezas de Satanás, para Bressane com Cara a Cara, e para Paulo César Sarraceni com Capitu. Muitos filmes estão sendo feitos. O Cinema Novo viverá nos anos de 68-69 seus momentos decisivos. Se quatro ou cinco filmes forem do nível de Terra em Transe, teremos realmente uma revolução no movimento e o Cinema Novo terá saída. Senão o Cinema Novo passará por uma crise que não será definitiva, q/ue só acontecerá no caso de uma crise política, com censura total, etc… Nós chegamos à conclusão de que sem uma certa liberdade econômica não haverá liberdade artística, nem política, e é por isso que o Cinema Novo não tem estética definida.

Parece que o Cinema Novo vai, nesse momento, do campo para a cidade. Seus três primeiros filmes importantes (Vidas Secas, Deus e o Diabo e Os Fuzis) eram sobre o Nordeste, e agora ele aprofunda os problemas da cidade, no momento em que Guevara mostra que, ao contrário, ê preciso sair da cidade e começar pelo campo.

(Glauber) – Os teóricos diziam que não se devia fazer filmes sobre o campo, porque a política se faz na cidade. No Brasil se faz na cidade e no deserto, em toda parte. No filme de Walter Lima Jr. ela não se faz nem na cidade, nem no campo, mas no ano 2000, é uma espécie de science fictionpolítico. Nelson Pereira dos Santos vai filmá-la entre os índios. É história de antropofagia com um título muito engraçado em francês: “Comme il était bon mon petit Français». Ele se utilizou da narração de um jovem soldado francês que, durante as invasões francesas no Brasil, foi preso pelos índios; ele lhes ensina o francês e também a técnica de guer ra. Ele recebe uma mulher de presente, depois os índios antropófagos querem comê-lo, porque o respeitam. Nelson quer fazer um comentário sobre as relações entre colonizadores e colonizados e sobre intercâmbios culturais. É muito interessante, porque se a antropofagia não existe mais no Brasil como tal, há um espírito filosófico que se chama antropofágico.

Filmografia Glauberiana: assista a 14 filmes de Glauber Rocha

Glauber-Rocha

Glauber de Andrade Rocha – (14 de março de 1939 – 22 de agosto de 1981). Em homenagem ao aniversário do revolucionário cineasta brasileiro fizemos esta pesquisa e disponibilizamos aqui todos os seus filmes que estão hospedados no youtube.

Sempre com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, Glauber foi um feroz crítico da sociedade, sendo patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Foi um dos principais nomes do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro fortemente influenciado pelo neo-realismo italiano e pela nouvelle vague francesa.

Com “Barravento” conquistou o prêmio no Festival Internacional de Cinema da Tchecoslováquia, em 1963. Um ano depois, com “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, Glauber conquistou mais dois prêmios: o Grande Prêmio no Festival de Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco.

Terra em Transe, de 1967 foi o filme que impulsionou a carreira de Glauber Rocha. No longa-metragem, conquistou o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. O filme seguinte da carreira de Glauber, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” foi também muito bem premiado, recebendo o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Buñuel na Espanha.

“Arte é, aliás, símbolo, metáfora. Arte é a dimensão do sonho, é a dimensão anárquica da matéria onírica” (Glauber Rocha)

Filmes de Glauber Rocha

Veja abaixo os filmes de Glauber Rocha direto do youtube. Favorite-os, pois são muitos e muito bons.

Pátio (1959)

Primeiro filme de Glauber, curta-metragem experimental com 11 minutos de duração rodado na Bahia. Num terraço de azulejos em forma de xadrez, um rapaz e uma moça. Esses dois personagens evoluem lentamente: se tocam, rolam no chão, se distanciam, se olham. Belos planos de mãos e rostos são montados em alternância com planos de vegetação tropical e do mar

Barravento (1962)

Numa aldeia de pescadores de xeréu, cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador, que foi para Salvador na tentativa de escapar da pobreza. Ao retornar ele sente atração por Cota (Luíza Maranhão), ao mesmo tempo em que não consegue esquecer sua antiga paixão, Naína (Lucy Carvalho), que, por sua vez, gosta de Aruã (Aldo Teixeira). Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido. O alvo termina sendo a própria aldeia, que passa a ser impedida de pescar.

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)

Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual. Porém ao presenciar a morte de uma criança Rosa mata o beato. Simultaneamente Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato.

Amazonas, Amazonas (1965)

Primeiro filme a cores de Glauber Rocha, a produção feita por encomenda começa como um documentário clássico sobre as belezas e riquezas da região amazônica. Até que a verve glauberiana irrompe tanto na conformação do quadro quanto na locução abertamente nacionalista.

Maranhão 66 (1966)

Curta de Glauber Rocha, que originalmente fora encomendada por José Sarney em sua posse pelo governo do Estado do Maranhão em 66. No entanto, enquanto Sarney, em um exercício retórico, se comprometia solenemente a acabar com as mazelas do estado, o filme mostrava as mesmas: casas miseráveis, hospitais infectos, vítimas da fome ou da tuberculose.

Terra em Transe (1967)

Num país fictício chamado Eldorado, o jornalista e poeta Paulo (Jardel Filho) oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder. Porfírio Diaz (Paulo Autran) é um líder de direita, político paternalista da capital litorânea de Eldorado. Dom Felipe Vieira (José Lewgoy) é um político populista e Julio Fuentes (Paulo Gracindo), o dono de um império de comunicação. Em uma conversa com a militante Sara (Glauce Rocha), Paulo conclui que o povo de Eldorado precisa de um líder e que Vieira tem os pré-requisitos para a missão. Grande clássico do Cinema Novo, o filme faz duras críticas à ditadura.

https://www.youtube.com/watch?v=zYQecb9C0g4

O Dragão da Maldade Contra o Santo (1969)

Numa cidadezinha chamada Jardim das Piranhas aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes (personagem de Deus e o Diabo na Terra do Sol) vai à cidade para ver o cangaceiro. É o encontro dos mitos, o início do duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro. Outros personagens vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças, um coronel com delírios de grandeza, um delegado com ambições políticas  e uma linda mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão.

O Leão de Sete Cabeças (1970)

Pablo, guerrilheiro latino-americano, e Zumbi, líber negro rebelde, unem-se para libertar um país africano (ou, quem sabe, todo o continente) a ferro, fogo e sangue. No processo revolucionário que desencadeiam, eles enfrentam o mercenário alemão que, auxiliado pelo agente norte-americano e pelo assessor português, governa em nome da misteriosa Marlene.

Trecho:

Cabeças Cortadas (1970)

Dentro de um castelo, em alguma parte do Terceiro Mundo, Diaz, uma espécie de rei sem coroa, tem lembranças delirantes. Em sonho, realiza uma viagem, escraviza índios, trabalhadores e camponeses. Nessa viagem, descobre suas origens. Estão em Eldorado, onde ele tem grande poder político. Diaz tem novas visões: suas vítimas ameaçam destruí-lo.

Indisponível. Encontrou o link? Escreva nos comentários.

Câncer (1972)

Nas palavras de Glauber Rocha: “O filme não tem história. São três personagens dentro de uma ação violenta. O que eu estava buscando era fazer uma experiência de técnica, do problema da resistência de duração do plano cinematográfico. Nele se vê como a técnica intervém no processo cinematográfico. Resolvi fazer um filme em que cada plano durasse um chassi, e estudar a quase-eliminação da montagem quando existe uma ação verbal e psicológica dentro da mesma tomada.”

Claro (1975)

Filmado na capital da Itália em 1975, tendo como cenário e a cultura romana como alvo, ”Claro” não tem enredo narrativo e uma estrutura tradicional, misturando ópera (sobretudo a partir da trilha musical que reúne Bellini e Villa-Lobos), documentário, filme-testemunho e ensaio. A presença no elenco do polêmico realizador italiano Carmelo Bene e da atriz francesa Juliet Berto valorizam um filme irreverente, provocativo, um dos mais autorais de Glauber e no qual sua assinatura indelével se corporifica a cada plano.

Di Cavalcanti Di Glauber (1977)

Quando o pintor brasileiro Emiliano Di Cavalcanti morreu, Glauber Rocha foi ao funeral com uma câmera na mão e uma ideia (discutível) na cabeça. Glauber filmou o enterro, o corpo no caixão, enquanto a família de Di, aos berros, pedia para ele ir embora. Ao fundo, tocava o samba-funk “Umbabarauma, Homem Gol”, na voz de Jorge Ben Jor. Premiado no festival de Cannes, mais tarde o filme foi, a pedido dos familiares de Di, proibido pela justiça brasileira. Os familiares alegaram que Glauber desrespeitou o funeral e transformou aquele momento sagrado num carnaval.

http://www.youtube.com/watch?v=lFykcW_DN8M

Jorge Amado no Cinema (1978)

Jorge Amado é filmado em sua casa, rodeado por sua numerosa família; numa livraria, durante uma sessão de autógrafos de um de seus livros, em um cinema em Salvador, na avenida avant-première do filme de Nelson Pereira dos Santos, Tenda dos Milagres, adaptação do livro do mesmo nome, de Jorge Amado. Glauber filma seu amigo com muito humor e carinho, a câmera vai evoluindo lentamente sem cessar e com rapidez sobre o escritor, seus familiares, atores e atrizes do filme de Nelson e objetos de rituais de candomblé, que constituem o museu de Jorge Amado.

A Idade da Terra (1980)

O filme mostra um Cristo-Pescador, interpretado por Jece Valadão; um Cristo-Negro, interpretado por Antônio Pitanga; um Cristo que é o conquistador português Dom Sebastião, interpretado por Tarcísio Meira; e um Cristo Guerreiro-Ogum de Lampião, interpretado por Geraldo Del Rey. Quer dizer, os quatro Cavaleiros do Apocalipse que ressuscitam o Cristo no Terceiro Mundo, recontando o mito através dos quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, cuja identidade é revelada no filme quase como se fosse um Terceiro Testamento.

Como especialistas de 1980 imaginaram as profissões de 2020

robõ futuro

As profissões do futuro é um tema que sempre vem à tona, seja em conversas entre amigos ou em artigos acadêmicos. Faz parte da nossa natureza imaginar os próximos anos e como será o nosso trabalho daqui em diante.

Mas você deve saber que prever o futuro é fácil, difícil é acertar.

Por isso que muita gente tenta, mas muita gente erra também. Afinal de contas, quem imaginaria, há 40 anos, que em 2020 teríamos profissões como social media, customer success manager, jogador de poker online ou motorista de aplicativo?

O futuro do trabalho é uma incógnita, afinal de contas, a gente nunca sabe qual vai ser a próxima revolução que vai mudar o comportamento da sociedade. Especialistas dividem-se entre a revolução industrial e a revolução da internet como os dois momentos que mais impactaram a profissão humana. Eu deixo para você decidir, só sei que sem a revolução industrial eu não estaria escrevendo esse texto em uma máquina e sem a revolução da internet eu não estaria postando em um site.

Mas ainda que seja incerto, o que vale é se preparar. E a única forma de estar preparado para o futuro é usando as informações do presente e combiná-las com a nossa visão de longo prazo. Se vamos acertar ou não, é outra história.

Como exemplo, veja a seguir algumas das profissões que especialistas em 1980 cravaram que existiriam em 2020. Algumas até acertaram. Outras passaram longe.

A lista foi levantada pelo blog da Betway Cassino, site de caça níquel online

Mas o que importa aqui é aguçar mais a imaginação (com alguma lógica) do que propriamente acertar algo.

As profissão que deram certo:

  • Consultor de Bem Estar: Na mosca! Hoje existem vários profissionais do ramo. Algumas empresas inclusive possuem convênios com consultores para oferecerem aos funcionários. 
  • Especialista em Direito Esportivo: O esporte se desenvolveu muito ao longo dos anos, e junto do esporte em si várias áreas correlacionadas, como a medicina, a publicidade e o direito.
  • Treinador de robôs: Essa profissão divide opiniões, não existe um treinador propriamente dito, mas como hoje podemos desenvolver robôs e adaptar suas funções, vale dizer que sim, essa deu certo.

As profissões que ficaram na imaginação:

  • Gerente de Hotel no Oceano: Aparentemente os Oceanos não seriam apenas passagem, e sim meio para os turistas. Não aconteceu exatamente como o imaginado, mas alguns hotéis chegaram perto, como o Utter In, um hotel que fica em um lago na Suécia. Vale gerente de hotel no lago?
  • Astrônomo Lunar: Nenhum astronauta voltou à Lua após 1972. Parece que não acharam muito o que fazer por lá e a profissão acabou não vingando.
  • Autoburger: Quase! Apesar de as redes de fast food operarem em velocidade impressionante ainda há o humano por trás do processo.

E as profissões do futuro (agora a partir de 2020)?

Será que aprendemos com os erros?

A Fundação Instituto da Administração fez previsões das profissões que deverão ganhar destaque no futuro. Elas já existem e devem se desenvolver ainda mais. São elas:

  • Analista de Big Data
  • Engenheiro de Inteligência Artificial
  • Geneticista
  • Consultor financeiro de criptomoeda
  • Programador de machine learning

E você? Qual profissão do futuro você errou? E qual profissão do futuro você acha que vai pegar? Comente aí e daqui 20 anos a gente conta se você acertou 😉

A arquitetura de 12 dos hotéis mais estranhos do mundo

hotéis mais estranhos do mundo

Esqueça tudo o que você sabe sobre hotéis, interna e externamente.

Para quem tem gostos peculiares ou busca experiências diferentes em suas viagens, há alguns hotéis que foge – e fogem muito – dos tradicionais.

Confira uma lista com os 12 hotéis mais estranhos do mundo.

Utter In (Suécia)

Já falamos sobre o Utter In em outro post. Ele está no meio do lago Mälare, na Suécia. A chegada no hotel é apenas via fluvial e o quarto está abaixo do nível da água.

Utter-Inn,-Sweden

Tree House (Suécia)

Outro hotel que também já foi postado aqui no La Parola é o Tree House. E, curiosamente, também fica na Suécia. Há vários tipos de apartamentos no Tree House. Um simula um cubo espelhado, outro simula um disco voador e outro simula um ninho de pássaro.

Tree House Hotel, Sweden

treehotelfeat

The Inntel Hotel Amsterdam Zaandam (Holanda)

Um hotel quatro estrelas inspirado na arquitetura tradicional das casas da região holandesa de Zaans. São 70 casas que unidas formam o hotel.

The Inntel Hotel Amsterdam Zaandam, The Netherlands

The Inntel Hotel Amsterdam Zaandam, The Netherlands (2)

The Caves Resort, Jamaica

Parece rústico, mas é luxuoso. O hotel fica praticamente dentro do mar. Tem coragem?

The Caves Resort, Jamaica

The Caves Resort, Jamaica (2)

Marmara Antalya (Turquia)

Esse aqui é um hotel giratório. Ou seja, independente do quarto que você aluga, em algum momento você terá a oportunidade de ter a vista mais privilegiada. E em outro, não, obviamente.

O hotel gira sete vezes por dia e permite que você, por exemplo, durma olhando para o mar e acorde olhando para a piscina. Aquela sensação de “como vim parar aqui?” pode acontecer!

Marmara Antalya, Turkey

Marmara-Antalya,-Turkey-(2)

Magic Mountain Hotel (Chile)

Outro bem estranho. Os quartos foram construídos em uma montanha artificial. Há uma cachoeira junto à “montanha”, bem ao lado das janelas, como pode ver abaixo.

A chegada também é peculiar. É preciso passar por uma ponte de madeira, daquelas que balançam bastante.

Magic Mountain Hotel, Chile

Loisaba Wilderness (Quênia)

É isso mesmo. Não tem paredes nesse hotel, se é que podemos chamar por esse nome.

O Loisaba Wilderness é um rancho em meio à floresta do Quênia, ideal para quem quiser explorar ao máximo o céu africano, bem como a fauna e a flora da região. É bem comum que zebras, leões, bufalos e elefantes estejam pelas redondezas fazendo companhia aos hóspedes. Perigoso? Nem tanto, vigilantes especialistas estão sempre cuidando do local para manter os perigos longe dos turistas.

Os hóspedes dormem em uma “mukokoteni”, como podem ver na foto, ou em lugares menos roots, caso desejem.

Loisaba Wilderness, Kenya (2)Loisaba Wilderness, Kenya (1)

Hotel de Glace (Canadá)

Como podem ver na foto, o hotel é todo feito de gelo. Por dentro, não muda não. Tem certeza que você gosta de frio? Se sim, esse é o lugar certo.

Hotel-de-Glace,-Canada

Hotel-de-Glace,-Canada (2)

Hotel Kakslauttanen (Finlândia)

Em Saariselka, na Finlândia, há essas hospedagem em forma de iglus, com tetos de vidros, aquecimento, conforto e iluminação. Também há iglus mais tradicionais disponíveis no local. É um local ideal para quem quiser bem próximo do fenômenos da aurora boreal, que acontece na região.

Hotel Kakslauttanen, ‪Saariselka, Finland

Hobbit Motel (Nova Zelândia)

Se você é fã de Senhor dos Anéis, Hobbit, Tolkien ou de qualquer história da Terra-Média, já provavelmente ouviu falar dessas estalagens hobbits, na Nova Zelândia.

Durma como um hobbit, fume como um hobbit, dance como um hobbit e viva como um hobbit. Como não curtir?

Hobbit-Motel,-New-Zealand

Dog Bar Park Inn (Estados Unidos)

Dormir dentro de um beagle é possível. Essa hospedagem em Cottonwood, Idaho, EUA, homenageia uma das raças mais dóceis de cães. O local hospeda até quatro pessoas.

É bom lembrar que o beagle gosta de ser chamado pelo nome: Sweet Willy.

Big Beagles

dog-bark-park-inn02

Costa Verde (Costa Rica)

Hotel ou avião? Bem, o fato é que esse Boeing 727, de 1965, é uma hospedagem única em meio à floresta tropical do país. A suíte oferece uma bela vista por cima das árvores e também do oceano, logo atrás.

Costa-Verde,-Costa-Rica


Gostou? São ou não são os hotéis mais estranhos do mundo? Se você conhece outras esquisitices da arquitetura, deixe seu comentário.

E se você curte arquitetura, não deixe de curtir a página do Casa e Arquitetura no Facebookno Instagram! Siga lá para acompanhar todas as novas postagens semanais do blog e as dicas sobre a área 🙂 

Veja quais são as pinturas a óleo mais famosas da humanidade

A técnica de pintura a óleo é uma das mais tradicionais da história da arte mundial e foi usada por Pablo Picasso, Leonardo da Vinci, Salvador Dali, Van Gogh e inúmeros outros pintores que marcaram época, fazendo com que muitas das obras mais conhecidas da humanidade tenham sido feitas com essa técnica. 

Se você está querendo começar a pintar com tinta óleo, vamos mostrar as pinturas mais famosas de todos os tempos para te inspirar.

Mona Lisa – Leonardo da Vinci

Seria impossível começar essa lista sem Mona Lisa, pintada a óleo sobre madeira e provavelmente a obra de arte mais famosa de toda a história. Batizada originalmente como “La Gioconda”, foi pintada por Da Vinci entre 1503 e 1506 e até hoje é um dos quadros mais estudados do mundo por usar um enquadramento moderno e efeitos ópticos avançados. 

A pintura está sempre envolvida em teorias, lendas e conspirações, o que faz com que sua fama aumente cada vez mais. Atualmente a obra original fica no Museu do Louvre, em Paris.

O Grito – Edvard Munch

Esta é uma das obras mais importantes da história e foi pintada por Munch em quatro diferentes versões, a primeira delas usando a técnica do óleo sobre tela em 1893. 

É considerada por muitos a obra que marcou o começo do movimento expressionista: os traços expressivos e as cores fortes ajudam a transmitir a dor e o sofrimento da obra.

A noite estrelada – Vincent Van Gogh

A noite estrelada é uma das mais emblemáticas obras de Van Gogh e foi feita com a técnica de óleo sobre tela em 1889, representando a vista da cela do pintor holandês enquanto estava internado em um hospício. 

As formas espirais e as cores resumem bem o estilo marcante do artista, mas algumas características abstratas presentes no quadro se tornaram, futuramente, marcas do movimento modernista.

A persistência da Memória – Salvador Dali

É a pintura mais famosa do movimento surrealista, que inspira artistas até hoje e trouxe muitas mudanças para a arte, como a libertação da realidade e o uso de simbolismos. O quadro foi pintado com óleo sobre tela em apenas cinco horas, em 1931.

Guernica – Pablo Picasso

Picasso foi o fundador do Cubismo, que tem Guernica como a sua obra mais famosa. O quadro, pintado em 1937, tem as características marcantes do movimento, principalmente a geometrização das formas naturais. Além disso, é conhecido por ter uma carga social e política muito forte, pois foi baseado no bombardeio que o exército nazista alemão realizou na cidade de Guernica, na Espanha, com o apoio dos Nacionalistas do país.

A moça do brinco de pérola – Johannes Vermeer

O quadro, conhecido como “A Mona Lisa holandesa”, foi pintado por volta do ano 1665 e é envolvido por vários mistérios, que acabaram originando um livro e um filme com o mesmo nome, o que aumentou a fama da pintura. Esses mistérios existem por conta da vida do autor ser muito pouco conhecida.

Abaporu – Tarsila do Amaral

Sem dúvidas é a obra mais famosa do Brasil e foi pintada em 1928. É um dos símbolos do movimento modernista brasileiro, que mudou completamente a arte feita em nosso país. Abaporu significa, em tupi-guarani, o homem que come gente. 

O quadro foi a inspiração para o movimento Antropófago, que buscava adaptar a cultura estrangeira que chegava ao Brasil à realidade nacional, dando origem a um novo estilo tipicamente brasileiro.

A origem dos zumbis no cinema

O fascínio do público pelas histórias de zumbis e as múltiplas teorias sobre sua existência e comportamento têm sido comumente creditadas ao filme A Noite dos Mortos-Vivos, filme de 1968 do cineasta George Romero.

No entanto, aquela não foi a primeira ocasião que os zumbis atacaram as telas dos cinemas. 36 anos antes disso, um zumbi já havia aparecido nos filmes. 

Zumbis além de George Romero

Em 1932, e após o aparecimento dos filmes de Frankenstein e Drácula nos cinemas dos Estados Unidos, o cineasta Victor Halperin apresentou seu filme White Zombie, no qual ele relatou algumas das crenças haitianas sobre os mortos-vivos, detalhando sua origem e comportamento entre a vida e a morte.

White Zombie (1932)

Quatro anos depois, Halperin lançou Revolt of the Zombies e criou o contexto dos ataques de hordas de zumbis. Essa ideia fascinante acendeu como o fogo a imaginação de escritores e cineastas que levaram suas ideias para os cinemas, e colocaram os zumbis no foco da cultura popular.

Filmes como A Noite dos Mortos Vivos (George Romero, 1968), Madrugada dos Mortos (Zack Snyder, 2004), ou Zumbilândia (Ruben Fleischer, 2009), são exibidos pela revista Rolling Stone entre os 10 melhores filmes de zumbis que existem até agora, no entanto, os mortos-vivos já também tomaram o mundo digital.

a noite dos mortos vivos
A noite dos mortos vivos (1968)

Zumbilândia (2009)

Com o sucesso de grandes séries de televisão como The Walking Dead, da cadeia americana AMC, surgiu uma nova horda de referências a cenários pós-apocalípticos em filmes e séries criadas para plataformas digitais como Netflix ou YouTube.

Um exemplo disso acontece atualmente no Brasil com a websérie Nerd of the Dead, que se concentra no lado cômico de um apocalipse zumbi, onde os protagonistas são um par de nerds que amam o universo dos mortos-vivos e quando se encontram no final do mundo com a oportunidade de matar zumbis com total liberdade, seus sonhos se tornam realidade.

Os zumbis na cultura popular

Enquanto os zumbis saíram dos filmes para se aproveitar também da web, este fascinante mundo apocalíptico já deu o salto para várias plataformas, incluindo livros de colorir na versão zumbi, onde a ideia é preencher ilustrações coloridas referentes ao fim do mundo.

Outra plataforma tomada pelos zumbis vá e até o mesmo mundo do entretenimento digital, onde referências ao apocalipse zumbi aparecem em plataformas como Betway Casino e sua máquina caça-níqueis Lost Vegas, onde os zumbis tomam a bem conhecida Sin City nas ilustrações e sons deste empolgante jogo. Outro exemplo neste contexto do entretenimento, os zumbis e o mundo dos jogos de casino, são as cartas zumbis do baralho de cartas Póstumo, onde as ilustrações usam mortos-vivos com cérebros, pás, bastões de beisebol e corações, para dar vida a outra das fontes de entretenimento mais clássicas que existem.

Os videogames são outra plataforma em que os zumbis foram retratados em repetidas ocasiões e funcionaram como ferramenta para que eles ganharam mais seguidores dentro da cultura popular. Neste cenário, jogos como The Walking Dead, da desenvolvedora Telltale, Resident Evil, da Capcom, ou Dying Light, da Techland, são apresentados pelo site IGN entre os melhores games de zumbis de todos os tempos, desde que eles refletem efetivamente a ação, o terror e até o humor que um apocalipse zumbi poderia ter, caso ele acontecer na realidade.

Resident Evil: Revelations (2012)

Os zumbis realmente existem?

A partir de que os mortos-vivos vieram para a cultura popular nas mãos do cineasta estadunidense Victor Halperin, o fascínio sobre a possibilidade de que um apocalipse zumbi realmente pudesse acontecer tem crescido consideravelmente.

A partir dessa ideia sobre a possível existência desses seres humanóides, têm aparecido várias teorias sobre a origem dos zumbis, conforme relatado no site de notícias BBC, criando conexões com antigas crenças africanas, bem assim como o uso das palavras “nd zumbi” e “nzambi“, dentro de algumas línguas da África Ocidental para descrever um cadáver e o espírito de uma pessoa morta, respectivamente.

Além disso, antropólogos e estudiosos do tema zumbi, como a autora americana Zora Neale Hurston, já fizeram a viagem para o Haiti com a finalidade de seguir o rastro dos mortos-vivos que inspiraram os filmes de Victor Halperin e mostrar ao mundo que os zumbis realmente existem.

The Walking Dead (2015)
The Walking Dead (2015)

No entanto, de acordo com o site Galileu, o Pentágono está preparado para um apocalipse zumbi, através do documento chamado “Conplan 8888“, onde a agência de segurança militar dos Estados Unidos detalha as medidas a serem tomadas ante o evento do repentino aparecimento de hordas de humanóides comedores de carne humana. Entre elas, destaca-se o uso de todo o arsenal disponível do exército e a declaração da lei marcial no país, com a finalidade de evitar a extensão da infecção e sob o prefácio de que esse plano não foi criado como uma brincadeira.

Muito tem sido especulado sobre os fatores que poderiam permitir a existência de zumbis na vida real, no entanto, a ideia de que eles apareçam e de como sobreviver a um apocalipse zumbi já invadiu a imaginação de milhões de pessoas com o passar dos anos, transformando os mortos-vivos em um dos principais representantes da cultura popular.

Cenas machistas que não teriam lugar no cinema em 2019

filmes machistas

A luta contra o machismo e a favor da igualdade de gênero ganha força e espaço a cada dia. Em seu famoso e inspirador discurso no ano de 2014, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), a atriz Emma Watson, conhecida por interpretar a personagem Hermione Granger nos oito filmes da saga Harry Potter, relembrou que a definição de feminismo é “a crença de que homens e mulheres devem ter direitos e oportunidades iguais. É a teoria da igual liberdade política, econômica e social dos sexos”.

Ela ainda fez um apelo para que a igualdade de gênero também tenha a participação dos homens. Na cerimônia do Oscar 2018, a atriz Frances McDormand recebeu a estatueta de melhor atriz por sua atuação no filme Três Anúncios para Um Crime e pediu que todas as mulheres indicadas em alguma categoria da premiação ficassem de pé para receberem aplausos. 

Depois das palmas calorosas, ela encorajou e pediu mais espaços para mulheres no mercado. Esse movimento contra o machismo está se refletindo na mudança de posicionamento de diversas marcas e isso inclui a indústria cinematográfica. 

De acordo com Matheus Romero, um dos responsáveis pelo site universodeles.com.br, é de fundamental importância que empresas se posicionem pela igualdade de gênero, não só deixando de reproduzir discursos e ações machistas, mas também se posicionando contra esses comportamentos.

Mas nem sempre foi assim, veja a lista que separamos com cenas machistas que não teriam lugar no cinema em 2019.

Clássicos românticos (e machistas)

Fonte: Google Imagens

O clássico Ela é Demais é um dos exemplos de comédias românticas que fez muita gente suspirar, mas conta com uma premissa bem errada. Nele, a protagonista, Laney, precisa passar por uma mudança radical no seu estilo para conquistar o cara mais popular da escola, reduzindo o sucesso do relacionamento à aparência da mulher. 

Já em outro filme, chamado “Como perder um homem em 10 dias”, a personagem de Kate Hudson abusa de estereótipos considerados “femininos” para ver até onde bonitão interpretado por Matthew McConaughey aguenta. E não para por aí: esse “teste” é feito para que ela, uma jornalista, prove sua capacidade de escrever sobre assuntos mais sérios como economia e política. 

O machismo não veste Prada

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Fonte: Google Imagens

Em alguns outros filmes o machismo ainda é visto de forma mais sutil, como em o Diabo Veste Prada.

Além de toda a discussão sobre os padrões de beleza imposto pela indústria da moda e retratado no filme, a personagem Andy, interpretada por Anne Hathaway, precisa lidar com o ciúme e indignação do namorado Nate que, além de não comemorar suas conquistas profissionais, acha que ela trabalha demais e a culpa por isso. 

Machismo nas animações

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Fonte: Google Imagens

Daria para fazer um artigo específico só sobre cenas machistas nos clássicos da animação, mas um dos mais caricatos é Cinderela (1950).

Ela é obrigada a trabalhar para a madrasta e para as irmãs, passa por uma transformação para ser aceita socialmente e ainda só pode ser “feliz para sempre” se encontrar o príncipe encantado.

Em Toy Story (1994), as personagens femininas são as vítimas a serem resgatadas e não heroínas. Valente mandou lembranças! 

Cultura do estupro 

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Fonte: Google Imagens

Em Os Embalos de Sábado à Noite (1977), o musical feliz ameniza que a personagem de Annette, em claro estado de embriaguez, é abusada no banco traseiro do carro pelos amigos do protagonista John Travolta que parece não se importar. Depois do ato, ela ainda é questionada se não é uma prostituta.

Felizmente o cinema evoluiu e continua evoluindo a cada dia, não é mesmo? E você, lembra de algum filme com uma cena machista que tenha lhe marcado? Compartilha com a gente nos comentários!

Melhores documentários para assistir e aprimorar o inglês

Uma das maneiras de aperfeiçoar um idioma estrangeiro é através do entretenimento. Seja por meio de games, música, filmes ou documentários, o contato com a língua por meio desses meios é algo proveitoso para quem está no processo de aprender um idioma.

Fazer um curso profissional para aprimorar a parte teórica é fundamental para aprender corretamente a gramática. E assistir a filmes e a documentários em inglês é um ótimo complemento para você se tornar mais fluente no idioma.

Abaixo, separamos alguns documentários que são bem interessantes e que ao mesmo tempo contribuem no aprendizado do idioma inglês.

Planet Earth

Um dos documentários mais aclamados da última década, Planet Earth foi um grande investimento da rede britânica BBC e levou cerca de cinco anos para ser produzido. Estreou originalmente em 2006 com 11 episódios e em 2016 teve uma segunda temporada de seis episódios.

Esse documentário é excelente para aprimorar o inglês e há vários motivos para tal. O primeiro é o fato de que é uma produção bem produzida e naturalmente atrativa e assisti-lo é cativante. Além disso, por ser um documentário que retrata o planeta Terra em suas mais diversas formas, sua narração é perfeita para se aclimatar com palavras e gírias relacionadas à vida natural.

Outra vantagem de assistir Planet Earth para aprimorar o inglês é o fato de que ele é narrado por David Attenborough, lendário historiador do mundo natural que conta com um típico e forte sotaque inglês.

Hip Hop Evolution

Se Planet Earth é narrado pelo britânico Attenborough com seu tradicional jeito inglês de falar, Hip Hop Evolution, lançado em 2016, vai na total contramão disso. Apresentado pelo rapper Shad Kabango, esta é uma série documental que procura explorar os 20 primeiros anos da cultura do hip hop (1970-1990).

Essa produção de duas temporadas e oito episódios te leva às ruas para entender toda evolução do hip hop através de personalidades muito importantes que elevaram esse gênero musical.

Hip Hop Evolution é perfeito para conhecer gírias da cultura afro-americana e é mais um documentário bem-conceituado e excelente para quem é fã de hip hop.

The World’s Most Extraordinary Homes

Outra série documental britânica, The World’s Most Extraordinary Homes conta com duas temporadas e 12 episódios. Apresentado por Caroline Quentin e Piers Taylor, ele foi lançado originalmente em 2017.

Como o próprio nome já diz, esse documentário tem como missão mostrar as casas mais incríveis do mundo. Designs arrojados e arquiteturas surreais e desafiadoras de casas que parecem inacreditáveis.

Esse documentário também é bem interessante e ideal para ter um contato ainda maior com o sotaque britânico. The World’s Most Extraordinary Homes não deixa de ser bom para se aclimatar com várias palavras e gírias que são frequentemente usadas no ramo da arquitetura.

Chef’s Table

Com proposta totalmente diferente dos três documentários citados acima, Chef’s Table é uma produção voltada para a colunaria. Esse documentário faz com que o telespectador entre no mundo gastronômico de diferentes chefs que enfrentam desafios para seguirem inovando no ramo.

Com já seis temporadas e 30 episódios lançados, esse documentário já retratou a cultura gastronômica de países como Austrália, Suécia, Argentina, Itália, Estados Unidos, Índia, México, França, Brasil, Rússia e vários outros.

Esse documentário é perfeito para entrar em contato com o inglês de diferentes maneiras e para conhecer palavras que são usadas frequentemente no mundo gastronômico.

Minimalism: A Documentary About The Important Things

Lançado em 2016, esse documentário acompanha as reflexões de Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, uma dupla de amigos que decide viver de maneira minimalista e indagando sobre o desperdício em abundância do mundo capitalista.

Essa produção é importante para conhecer algumas expressões e palavras relacionadas ao universo da natureza, assim como o consumismo, padrão alimentar e vários outros assuntos. Tudo através do sotaque estadunidense de Joshua e Ryan.

Jazz Mansion: o quintal de Jam Sessions do Átrio

O improviso diz muito sobre a concepção de um artista. A urgência das notas que surgem no calor de uma jam, a liberdade de poder experimentar… Todas as peculiaridades que formam um conceito sonoro acabam se transformando no cartão de visitas de uma banda. É interessante poder observar o crescimento dessa sonoridade, pois o improviso se funde com o entrosamento e é aí que a coisa começa a ficar interessante.

Foto: Guilherme Espir

O desafio, no entanto, é conseguir um formato que consiga – ainda que seguindo um script – surpreender o público com um show bem roteirizado. É um desafio e são poucas as bandas que musicam planos de fundo capazes de se recriarem com frescor, mesmo que você já tenha visto o set algumas vezes.

Pra resumir os 2 parágrafos acima, bastaria ter escrito “Átrio Jazz”, mas o contexto é importante para entender por que o show do trio foi um dos destaques do último final semana de Jazz Mansion. Combo formado por Rob Ashtoffen (baixo), Renato Pestana (bateria) e Gabriel Gaiardo (teclados), os meliantes tiveram uma bela sacada.

Foto: Guilherme Espir

Com uma proposta de fundir seu vasto repertório Jazzístico com o tom dos grooves contemporâneos, o Punk Jazz do grupo encontrou o Hip-Hop e desde a criação do projeto – no começo de 2019 – tem sido um desafio não sair do show impressionado.

Nesse último final de semana o público teve mais uma prova disso, em pleno quintal da Mansão GAP. Com 2 shows completamente diferentes, o trio mostrou uma dinâmica e um senso de interação muito inteligente e tudo isso seu deu graças ao quê colaborativo desse projeto. No sábado o trio foi acrescido de Dow Raiz, Laylah Arruda, Zudizilla, Nego Max e Neto (Síntese). Domingo o groove já mudou de forma assim que a saxofonista Sintia Piccin pisou no palco, ao lado da Marina Peralta e o Dow Raiz na dobradinha.

Foto: Guilherme Espir

É até engraçado retratar a distância de um show para o outro. No sábado, por exemplo, o que deu o tom foi a belíssima voz da Laylah Arruda, mediando o flow do Dow e do Zudizilla. Com aquele Reggae embalado pelo fino do Roots da cantora, Dow teve espaço pra explorar os contos do Mr. Misisa e “As Profundezas de um Tempo Danger” – EP lançado em 2019 – enquanto Zudizilla veio seco nos versos de “JazzKilla” – EP também lançado esse ano – com uma participação incendiária do Neto e do Nego Max.

O Wu-Tang Clan coexistiu sob o mesmo teto do Jazz. Esse é o tamanho da ponte e foi muito interessante ver como o instrumental construiu esse caminho pra fazer um show com músicos tão distintos funcionar. Teve peso, Funk, atitude e zero hype. No domingo a proposta foi um pouco menos Punk, mas com um charme de fato irresistível.

Foto: Guilherme Espir

A presença da Sintia no saxofone enriqueceu o som e deixou o instrumental ainda mais interessantes em termos de dinâmica. Com uma abordagem sempre bastante oportuna e muito fluida, foi nítido como a postura do Dow Raiz mudou, por exemplo. Acompanhado por Marina Peralta, o Jazz foi Reggaedo pela doce voz da cantora sul mato grossense. Dow, por sua voz, aproveitou para explorar seu repertório mais melódico e teve sinergia com a cantora e sua cativante presença de palco.

Foto: Guilherme Espir

Foi um encontro muito heterogêneo. Foram 2 dias de evento, mas a abordagem e a liberdade dessa proposta são tão genuínas que chega a ser difícil não imaginar isso em estúdio. Seja com DJ, participação ou uma nova proposta de repertório – mais até do que promover essa mistura de Rap com Jazz – o som do Átrio conseguiu desenvolver uma linguagem capaz de dialogar com esse universo. É uma proposta que precisa ser vista ao vivo. O público da Jazz Mansion sentiu o groove.

Jazztrilla: o conceito criativo do Átrio e Zudizilla

O Jazz tem algumas convenções meio batidas. Talvez a maior delas seja o lance do show ser dividido em duas entradas. Tem uma galera que curte por que rola um intervalo, outros mais viscerais já pensam que esse break dá uma quebrada no groove e existe ainda um terceiro grupo que faz o show num tiro só é já era. É poucas.

Foto: Guilherme Espir

Foi nessa pegada – ao melhor estilo sem cuspe e nem massagem na mensagem – que o Zudizilla fez da noite de quinta-feira, 29 de agosto, seu quintal, seu Jazztrilla, em pleno Jazz nos Fundos. Ao lado do Átrio, o negrão de Pelotas (RS) recriou o clima do seu lançamento mais recente – o excelente “JazzKilla” – trampo liberado em fevereiro de 2019 (via Escápula Records), com base numa live session feita ao lado do Kiai Grupo, banda que acompanhou a roupagem orgânica do instrumental.

Foi interessante observar esse show com o Átrio no plano de fundo Jazzístico. O grupo formado por Gabriel Gaiardo (teclados/sintetizadores), Renato Pestana (bateria) e Rob Ashtoffen (baixo) fez miséria com um repertório cabuloso.

Foto: Guilherme Espir

No melhor estilo perifajazz, o quarteto fez um set só, com 90 minutos de som, sem enrolação, direto e reto. Com temas como “Faça a Coisa Certa” e “Nuvens”, os versos do Zudi mostram um repertório rico, capaz de condensar o Spike Lee e as pirações do universo Otaku no mesmo beat, sem nem pestanejar.

Com uma fluência muito espontânea e tão livre quanto o Jazz que fazia o background sonoro, o meliante ainda trouxe uma galera pra somar no groove. Nego Max, Neto (Síntese) e Dow Raiz colaram pra uma participação cavernosa. É como o próprio compositor diz: “Isso é mais do que inventar umas rima, é manter vivo o Rap”.

Foto: Guilherme Espir

Mais do que um showzaço com um dos melhores Rappers da cena autoral – fora os convidados – e o instrumental do Átrio, o grande lance desse projeto é encurtar as distâncias entre o Rap e o Jazz, mostrando como eles são mais próximos do que se imagina.  Misturar o Jazz com essa linguagem abre muito espaço no som e a cada noite é interessante observar como essa visão é expandida pelos músicos.

Foto: Guilherme Espir

Os teclados estavam especialmente suculentos. Com um belo aditivo dos synths, Gaiardo soube preencher os espaços de maneira ácida. Com uma classe digno de um Jazz Bass, Rob manteve o groove no tom como um Lord inglês, enquanto Pestana alternou o peso da bateria com um trampo de caixa que foi o mais puro veneno.

Esse projeto veio pra ficar. O Wynton Marsalis ia adorar HAHAHAHA 

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